Capítulo 4

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  O resto da manhã passa rápido. Todos os professores repassaram suas matérias ensinadas no ano passado e alguns deram teste para saber a defasagem de cada um. O dia todo foi uma correria.

Matérias para acompanhar, livros para comprar, testes surpresas. Graças ao meu tombo na aula de educação física tive que passar meu horário todo de almoço na secretaria.

Quando o sinal finalmente tocou avisando a todos que o primeiro e mais louco dia de aulas acabou, desço as escadas do grande prédio em direção ao estacionamento. Minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento.

De longe pude ver o cabelo radiante de Sara me esperando encostada na porta do meu carro. Pensei seriamente em ir andando para casa, mas a dor aguda que latejava em meu tornozelo me lembro que isso não era uma escolha.

- Pode ir falando tudo! - Sara fala aos berros antes mesmo de eu chegar perto do carro.

Aperto minhas têmporas com força fechando os olhos contato até dez para não surtar.

- Eu estou bem Sara, obrigada por perguntar. - Digo com sarcasmo. Abro a porta do motorista e jogo minha bolsa surrada para o banco de trás.

- Ai larga de drama! Você está andando, significa que está viva, e esse corte na sua cabeça não é novidade para ninguém. Você vive remendada.

Dou de ombro. Sara está certa, não é novidade para ninguém quando eu chego com algum curativo.

- Não aconteceu nada demais. O Sr. Fisher apenas me levou para a enfermaria, e foi isso. - Cruzo os braços agora olhando para Sara que claramente espera por mais detalhes.

Como eu vou falar para ela que eu estou sentindo uma atração muito estranha por nosso professor? Algo que eu nunca senti na vida? Como se seu toque pudesse calar o mundo à minha volta? Ela com toda certeza me chamaria de louca.

- Não aconteceu nada demais? - Ela repete agora quase gritando. - Garota! Aquele pedaço de mal caminho te carregou. No colo! E você acha que não foi nada demais? Céus! Você não tirou nenhuma casquinha? Nada?

Então me lembro de ter ficado com o rosto bem próximo de seu peito sentindo aquele perfume... Que céus! Só de lembrar meu coração acelera.

- Não! Claro que não Sara, por favor. Ele é nosso professor. - Digo entrando no carro.

- E daí? É só uma casquinha. Você não vai pedi-lo em namoro. - Sara debruça na janela do carro colocando os dois braços apoiados no vidro.

- Olha, a única pessoa que tirou casquinha dele foi a Srta. Marin. - Digo desviando o assunto de mim e dando a ela algo que pensar e criar várias teorias, isso é uma coisa que Sara ama fazer.

- Srta. Marin? - Ela ri ficando com as bochechas vermelhas.

Srta. Marin não é feia. Ela é jovem, porém parece ser dez anos mais velha. Seu cabelo é de um amarelo ovo horrível. Desde que ela começou a trabalhar aqui os meninos fingem ficar doentes só para irem para a enfermaria ver seu quadril enorme marcado pela saia justa, ou ver seu decote provocador quando ela se abaixa para colocar o termômetro debaixo do braço.

- Sim, você tinha que ver ela se esfregando nele. - Tento fazer uma careta de nojo mas não foi preciso muito esforço. A mesma pontada de ciúmes que eu senti mais cedo volta junto com a lembrança.

- Não brinca! - Sara coloca a cabeça sobre os braços se curvando de tanto rir. - Como eu queria estar lá para ver essa cena. Eu estou pensando seriamente em cair na próxima aula, quem sabe aquele gatão me carregue no colo também. Todos estavam comentando no horário do almoço. Falando nisso, onde você esteve? Eu e James te procuramos por todo lado, até na enfermaria. Juro para você, se James não tivesse visto você depois no acontecimento na quadra ele teria tido um treco. O garoto ficou todo preocupado achando que você poderia ter piorado e ido para o hospital. Ele quase ameaçou o Sr. Fisher de morte. - Sara fala rápido sem parar.

Querido Sr. Fisher - Um romance proibido [PAUSADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora