Capítulo 7

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Seguimos em silêncio pelas ruas escuras de Port Angeles. O único som que conseguimos ouvir além de nossas respirações, são dos pneus tocando o asfalto molhado pela chuva fina que cai do céu escuro.

Olho pela janela e os grandes pinheiros passam por nós como vultos.

Com uma certa constância olho o velocímetro do carro que não passa de 100km. Sr. Fisher mantém a velocidade alta sem oscilar por um segundo sequer. Seu carro silencioso costura pelas ruas tranquilas de Port Angeles sem nenhuma dificuldade.

Tento manter meus olhos na janela, mas sou atraída por seu rosto de anjo.

Ele olha fixamente a rua mas em alguns momentos seus olhos analisam meu rosto. Suas mãos seguram tão firme o volante que é possível ver os nós de seus dedos brancos. Por baixo da blusa comprida de lã consigo ver como seus músculos estão tensos.

A pouca luz que vem do painel mostra que em sua testa tem uma ruguinha de preocupação na qual eu já me familiarizei.

Cruzo minhas mãos com força ao meu redor tentando controlar a vontade de colocar meus dedos em seu braço, e seguir suas veias que parecem saltar por baixo de sua pele morena até seu rosto, onde pequenos pêlos grossos crescem em sua bochecha.

Antes eu estava completamente cansada e com sono, mas agora meu corpo estava totalmente eletrizado. Meus olhos estão em total alerta. Meu coração bate descompensado. Uma corrente elétrica brincava entre mim e meu professor de educação física que estava sentado a poucos centímetros de mim.

Olho para seu rosto e encontro seus olhos pretos feito a noite na qual nós nos adentramos cada vez mais.

Seus olhos procuravam por algo em meu rosto e eu fico me perguntando o que seria.

Sr. Fisher me olha como se esperasse que eu pulasse do carro em movimento e gritasse por socorro, e algo no fundo do meu subconsciente disse que isso seria o mais sensato a se fazer.

Fico me perguntando onde ele estava depois que nós conversamos pela última vez no bar. Tento pegar em minha memória algum momento que o vi enquanto andava pelas mesas atendendo os clientes que chegavam aos poucos, e não me lembro de vê-lo.

Por um segundo passa pela minha cabeça que talvez ele estivesse esperando por mim, mas logo esse pensamento vai embora. Seria muita estupidez e imaturidade minha pensar que meu professor estaria esperando por mim.

Aos poucos o carro vai reduzindo e um desespero me consome. Não poderíamos estar chegando em minha casa, deveria demorar mais dez minutos. Olho em volta e rapidamente reconheço a minha vizinhança. Não levamos nem sequer dez minutos para chegar em minha casa. Normalmente eu demoraria um pouco mais de vinte minutos. Talvez a forma louca de dirigir rapidamente seja a consequência.

Sr. Fisher estaciona o carro em frente a minha casa onde todas as luzes estão apagadas, apenas uma luz na varanda ilumina o pequeno jardim mal cuidado, sinal que minha mãe esperava por mim.

Minha casa antes meu refúgio agora parece triste e vazia.

- Chegamos. - A voz baixa e rouca do Sr. Fisher quebra o silêncio fazendo-me pular do banco.

- H-ham. Obrigada. - Digo colocando a mão na maçaneta da porta pronta para sair mas êxito. Meu corpo não obedece minha mente. - Boa noite, Sr. Fisher. - Digo aos sussurros. Minha respiração é rápida e pesada.

Sr. Fisher fica em silêncio olhando para meu rosto e aquela ruguinha entre suas sobrancelhas aparece novamente.

- Posso ver seu pé? - Ele pergunta estendendo a mão para meu pé direito.

Querido Sr. Fisher - Um romance proibido [PAUSADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora