Capítulo 11 - Pra quem eu consigo contar

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Capítulo 11 - Pra quem eu consigo contar 

— O que você esta fazendo? Ta tudo bem, cara? - Samuel se abaixa, com um dos joelhos no chão.

— Eu… eu… - Não consigo responder, viro para o outro lado e vômito.

— O que aconteceu? - Ele pergunta, ouço ele se levantar, limpo minha boca com a manga da blusa, olho para ele e vejo sua mão erguida pra me ajudar a levantar. — Vamos sair da rua, vem.

Me apoio na mão dele e percebo que estava chorando, caminhamos para dentro de um pequeno parque, ele anda parando onde tem um bebedouro.

— Lava seu rosto, depois a gente pode ir pra casa jogar algo. - Ele me olha, sem muita expressão, não me julgando, nem me perguntando mais nada.

Eu vou até a torneira, abrindo e enfiando minha cabeça inteira, e choro por mais algum tempo. Samuel fica apenas de lado, esperando, sem dizer uma palavra, desligo a torneira, limpando meu rosto e jogando água na minha boca e cuspindo. Me viro, de frente para ele, que tinha aberto sua própria mochila e pegando uma toalha.

— Devo ligar pra alguém? - Ele pergunta, me olhando de lado, eu balanço a cabeça, fazendo que não, pego a toalha limpando minha cara, ele guarda de volta na mochila quando eu fico segurando sem saber o que fazer. — Então bora pra minha casa.

Samuel diz como se fossemos melhores amigos, e eu me sinto confortável com isso, vamos andando no centro da cidade, e ele para na frente de uma entrada de um dos apartamentos mais chiques da cidade, abrem o portão pra ele e entramos, indo até o elevador. Ele aperta o último botão, não trocamos nenhuma palavra, eu só onservo que é tudo muito chique. Quando chegamos no andar, só tem a porta dele e estamos no último andar, ele abre a porta com a digital do dedo, a porta grande e pesada abre sozinha.

Samuel entra e se vira me olhando, segurando a porta.

— Pode entrar, não senta em nenhum lugar, só espera aqui. - Ele diz e eu obedeço entrando, ficando no hall de entrada, Samuel se vira e caminha sumindo pra dentro do apartamento. — Vera, pode pegar uma toalha nova pra mim? - Ele diz algo, eu nem me atrevo a me mexer.

— Claro, querido. - Ouço uma voz de mulher. — O senhor já quer jantar?

— Dois, mas faz algo mais leve. - Sua voz vai sumindo.

— Oh, finalmente vai ouvir sua mãe e parar de comer fritu… - Uma mulher de cabelos pintados de castanhos claros aparece ali no corredor, segurando uma toalha felpuda azul, ela me olha, e olha pra onde Samuel foi. — Samuel, você deixou seu amigo na porta sozinho?

— Se eu deixasse ele entrar, você me mataria. - Samuel volta, trazendo uma troca de roupa. — Vem, pode tomar banho nesse banheiro. - Samuel me chama e eu vou ate ele, seguindo pra onde ele me leva, o apartamento é gigantesco, a mulher me olha da cabeça aos pés e abre os olhos, eu lembro que estou todo sujo de vômito, cerveja, sujeira e tudo que eu não quero lembrar

— Me desculpe, eu limpo o chão se sujar. - Eu falo mais baixo do que gostaria, ela me olha e da um sorriso.

— Ah, deixe de bobeira, mocinho, tome um banho, aqui está a toalha. - Ela me estende a toalha, eu pego, entrando no banheiro que Samuel entrou, ele só deixou a roupa ali e ja saiu.

— Deve servir, é do meu irmão mais novo. Pode demorar o quanto quiser.

— Valeu, Samuel. - É a única coisa que consigo dizer, ele só balança a cabeça e fecha a porta do banheiro.

— Quem é ele, querido? - Ouço a tal de Vera dizer, ela não era a mãe dele, provavelmente a empregada, eu sei porque no dia que ele bateu na Minzy, a mãe dele estava la no colégio.

O Clichê de MinzyOnde histórias criam vida. Descubra agora