Capítulo 4 - Pior sentimento

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Capítulo 4 - Pior sentimento

— Estou muito feliz que a Minzy está finalmente querendo estudar, tinha tanto medo dela se tornar essas garotas desajustadas. - A mãe de Minzy comenta balançando a cabeça negativamente, cortando um pedaço do waffles, ela da uma ponderada, e um leve sorriso logo colocando na boca o pedaço da massa doce.

Minzy por outro lado, olha para baixo, cortando o waffle como se tivesse que ter a fatia perfeita, ela coloca na boca, mastigando e engolindo com dificuldade, acho que ela está com vergonha, pela mãe dizer essas coisas sobre ela, eu olho para a mãe dela e dou um sorriso.

— Fico feliz que vocês voltaram, se não fosse por você, em quem a Minzy iria se espelhar? Estavamos com medo, porque ela não queria nada com nada ano passado, sabe? - Ela fala enquanto corta e come, eu também copio ela, fazia muito tempo que eu não tinha um café da manhã com alguém. — Foi um sufoco, iamos reprovar ela, mas a diretoria achou melhor só separar ela das colegas, mas demos um basta, não só isso, e o celular, sabemos que é importante para um adolescente, você tem um, não tem Adam?

— Sim, senhora. - Eu digo, não que eu leve meu celular muito a sério, prefiro ler histórias em quadrinhos físicos, e prefiro que ninguém me ligue, o bom que posso conversar com as pessoas sem que elas vejam se estou gostando ou não dá conversa. 

— Mas achamos que não seria o bastante, ela estava impossível, então tivemos que escolher reformató…

— Mãe! - Minzy grita, interrompendo a mãe, entendi que a mãe ia leva-la para um reformatório, mas nem é algo tão ruim assim, não é como se fosse fazer os alunos de robôs obedientes, o que será que ela pensa que é uma escola reformatória? Mas antes que a mãe ou eu falasse alguma coisa, Minzy se levantou correndo, saindo da própria casa, como se estivesse em uma novela mexicana e acabaram de revelar um grande segredo.

— Como essa garota é dramática. - A mãe dela termina o waffle, juntando os pratos e me olha sorrindo. — Desculpa Adam, foi muito bom você ter vindo, fique sabendo que é bem vindo para voltar. - Ela se levanta, indo até a pia, eu pego os copos e ela se vira me olhando. — Ah não se preocupe pode deixar, você pode levar a bolsa dela? - E aponta para a ilha da cozinha, onde Minzy deixou sua mochila do colégio.

— Claro, obrigado por ter me deixado ficar, vou atrás dela. - Dou um sorriso e pego a mochila de Minzy e a minha e saio correndo atrás dela. Minzy faz exercícios, tá sempre fazendo exercícios, então ela corre bem, eu tenho que me matar pra conseguir alcançar ela, que agora nem está correndo, só está andando. Vejo-a descendo a rua, e quando consigo chegar perto eu chamo-a, segurando sua mão. — Minzy! - Ela se vira me olhando, estou respirando  como se não houvesse amanhã, o que era mais importante para ela, um celular ou perder as amizades? Porque ela só me contou do celular? Ela poderia perder os amigos e se afastando se mudasse de colégio, eu teria ajudado de primeira. — Porque… porque você… porque você não me contou?

— Olha só quem está falando?! - Minzy puxa o braço para si, zangada, eu solto, ainda observando ela, que está me olhando com as sobrancelhas franzidas. — Não foi você que disse que é só meu professor particular? Que não preciso saber da sua vida pessoal?

Minzy me apunha-la no estômago, usando o feitiço que joguei nela outro dia, ela se vira, continuando a caminhar, eu suspiro, é eu disse, e foi idiotice, e me arrependo de ter dito na hora que eu falei, quero que ela confie em mim e conte o que está sentindo. Eu sigo atrás dela, deixando ela com seus pensamentos e dando seu espaço que ela quer agora. Ela ia olhando para baixo, com os ombros caídos. 

Tem algumas pessoas na rua, indo para os colégios em volta, suspiro e olho para frente, a avenida está logo a frente e o farol pra pedestre está fechado, mas Minzy está andando e parece que não vai parar, tem um caminhão vindo, eu não consigo nem ter outra reação, além de puxar seu braço para mim, ela gira desnorteada, eu abraço-a, segurando sua cabeça no meu corpo, fazendo-a parar de andar, meu coração está pulando tão forte com o susto.

O Clichê de MinzyOnde histórias criam vida. Descubra agora