Anos antes.— Podemos levar o frango, o que você acha Adam? - Minha mãe levanta um frango congelado, balançando, dá um sorriso e coloca no carrinho de compras, que estava um pouco cheio demais.
— Não esquece as batatas. - Respondo, apontando com o queixo.
— Ai! As batatas! Que coisa eu sempre esqueço! - Ela solta o carrinho e vai para perto das batatas, pego meu celular e abro a tela vendo algumas coisas. — Acho que 1kg esta bom. Hum... seu pai anda meio mal humorado, vou levar uma torta também. - Ela diz colocando as batatas na sacola e olhando ao redor. — Escolhe uma la, querido.
Suspiro guardando meu celular no bolso, e pego a primeira torta que vejo.
Depois de pagarmos, saimos do mercado e estavamos andando com as sacolas, passamos por uma loja onde tinha várias televisões com jogos passando.
— Ahhh saiu o jogo novo! Vamo entra mãe! - Abri a porta de vidro do lugar e me bato com alguém que me encara e empurra meu ombro.
— Adam hoje não, estamos atrasados. - Minha mãe vem perto de mim puxando meu braço.
Eu ignoro e entro mesmo assim, caminho pela loja olhando os jogos e vejo o que eu queria, tinha acabado de lançar.
— Esse! - Pego ele e me viro olhando para minha mãe, que esta colocando as sacolas que estava segurando no chão. Como estava tarde não tinha ninguém na loja alem do dono, que estava longe no caixa com cara de quem nem queria estar ali. — Compra pra mim?
— Oras Adam, olha o preço disso, não tem como a mãe comprar. - Ela diz com as mãos na cintura.
— Af, como assim? Você trabalha, meu pai trabalha, eu nunca peço nada, meu pai fica irritado e ganha até torta. - Digo irritado.
— Isso não é uma competição Adam. - Ela responde cansada.
— Se fosse nem filho eu seria. - Respondo, minha mãe me da um tapa no braço e olho para ela.
— Que isso menino?! Não foi assim que eu te ensinei. - Ela me olha franzindo a testa.
— Aff, só sirvo pra te ajudar a carregar as coisas! - Solto as sacolas no chão e saio correndo ouvindo minha mãe gritar meu nome.Que pessima atitude.
— Sentimos muito, meus pêsames. - Um policial estava na frente do meu pai, colocando a mão em seu ombro, outro policial me olha.
— Cuide do seu pai, ele vai precisar de você. - O outro policial diz, abaixo a cabeça.
— Se precisar nos ligue. - Levanto a cabeça achando que um dos policiais esta falando comigo, mas era com meu pai.
— Nossa, e ele estava com ela? - Ouço alguém de longe.
— Não, ele deixou ela sozinha cheia de compras, acredita? - Outra senhora cochicha.
— Mas ali é um bairro muito perigoso, porque ele deixou ela sozinha? Esses jovens não são como antigamente.
— Coitado do marido, trabalhando, tendo que por sustento e agora sem esposa.
— Ter que criar um adolescente sozinho, coitado.
Varias vozes começavam a se misturar, elas estavam me culpando? Por um assalto? Porquê só meu pai ficaria mal com isso? Porquê ninguem vê minha dor? Eu não matei ela.Será mesmo?
— Esta cheio de bebida. - Abro uma porta da cozinha, varias garrafas abertas com tipos diferente de bebidas alcoólicas.
Minha barriga ronca de dor, coloco a mão nela, ouço uma campainha, olho para a sala, meu pai estava ali, sentado em uma poltrona, com duas garrafas vazias em cima da mesinha de madeira que minha mãe tinha recem comprado, saio correndo para meu quarto, eu não aguento mais as pessoas dizendo para eu cuidar do meu pai, eu também estou triste.
— Pois não? - Ouço a voz forte do meu pai, ele esta na frente da porta, a casa anda muito silenciosa e escura do que antes, tudo está tão diferente. — Minzy, não é? Você está uma mocinha, precisa de algo?
— A diretora do colégio pediu para eu entregar isso ao Adam. - Meu pai caminha duro para o portão, vejo os cabelos ruivos de Minzy, ela não me vê, estou escondido na fresta da porta do meu quarto.
— Ah, obrigado, eu agradeço muito, é muita gentileza da sua parte. Você... você gostaria de entrar? - Ele faz uma proposta estranha, ele nunca tinha deixado ninguém entrar em casa sem a minha mãe, aquilo parece que me deixa desconfortável com um nó na garganta, eu só quero que ela vá embora.
— Ah, não, eu não avisei minha mãe, nem nada. - Vai embora, vai embora, vai embora. — Mas obrigada.
— Claro, claro, muito obrigado Minzy. - Meu pai fecha o portas e se vira, com um sorriso de canto, a carta branca era para mim, ele consegue me olhar antes que eu me esconda, seus olhos parecem que estão vazios. — Pegue uma garrafa pra mim.
Ele abre a carta enquanto entra em casa, eu me levanto e vou para a cozinha, abro a portinha onde eu tinha visto as garrafas.
—Qual o sen... - Recebo um tapa forte no rosto, que eu caio no chão, meu pai esta bem na minha frente, eu não tinha visto.
— Como eles podem querer que você seja forte, se você a matou? - Meu pai diz, sua voz rouca atravessa meu peito. — Eles sabem que você a matou? Pra dizer palavras tão absurdas? Deveriam te internar, era isso que eu deveria ter feito. - E começa a rir. — Acho que sua amiguinha ficaria bem comigo no meio das minhas pernas.
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O Clichê de Minzy
RomanceComo seria toda a bagunça que aconteceu na vida de Minzy, vista e documentada pela visão do garoto mais nerds e doce que conhecemos? Nesta história resumida, teremos a história contada pelo Adam, o garoto por quem Minzy, do livro CLICHÊ, resolveu qu...