CAPÍTULO 1

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Fiz isso de novo.

Fiz com que ele não se sentisse amado, fiz com que ele sofresse.

Mas não fiz intencionalmente. Ele é o tipo de pessoa que precisa de atenção constante e tranquilidade, mas eu sou o tipo de pessoa que tem dificuldade em dizer 'eu te amo' diretamente.

Mesmo que eu o ame com todo o meu coração, algo ainda me impede de deixá-lo saber disso.

E isso machuca os seus sentimentos.

''Sinto muito.''

Palavras simples, mas que também não consigo dizer.

Relacionamentos são uma droga.

Ninguém pode machucá-lo de verdade quando você não tem sentimentos por ninguém, eu deveria saber disso.

Ele sabe que por trás dessa máscara de forte eu sou apenas um garoto. Um garoto que está todo quebrado, um garoto que está tentando organizar sua vida, um garoto que quer fugir da própria realidade.

Tentei superar isso e fingir que estava tudo bem e estive lá para todos eles... e... estou feliz, borbulhante e...

Uau, a vida deveria ser ótima!

Mas uma alma como a minha precisa curar as rachaduras. Preciso de coragem para amar sem medo, sem me perder. Um amor que valha a pena o esforço, a confiança.

Não posso me perder novamente.

Eu sou apenas um garoto perdido esperando para ser encontrado.

Você quer a triste verdade? Mesmo que eu te esqueça, eu sempre sentirei sua falta. E mesmo doendo eu te deixei ir. Você vinha sempre em primeiro lugar, sempre. Pra mim, era mais importante que você ficasse bem do que eu mesmo.

Olha onde estou agora... sentado na soleira de uma sacada, esperando que algum tipo de milagre aconteça e você me perdoe.

No instante em que o vi chorar, doeu. Doeu como um inferno e eu parecia estar em chamas. Nunca foi tão desesperador.

Era a primeira vez, a primeira vez que eu verdadeiramente me deixava levar. A primeira vez que eu sorri sem motivo, que eu pude ser eu mesmo e que não precisei me esconder ou... deixar de ser quem eu sou.

O que eu fiz com toda essa confiança? Enfiei no rabo.  Droga! Foi tão estúpido pensar que conseguiria ser forte. Onde está minha força agora que você se foi?

Se doeu em mim, mal quero imaginar o quão doloroso tem sido para você. Eu o protegi e continuo te protegendo de longe, mesmo que não saiba, mesmo que não me encontre.

Porque eu quis assim, foi culpa tê-lo deixado chorando aquele dia. Eu estava derrotado, com medo e desesperado.

Nunca pensei que me tornaria fraco por alguém. Não! Por mim!

Fui fraco por medo, por não acreditar que eu merecia amar alguém, que eu merecia estar com alguém que tem o coração tão puro.

Jamais achei que fosse sonhar com um futuro, mas eu sonhei. Você estava nele, com aquele sorriso inocente, maçãs vermelhas e os olhos brilhantes. Lindo! Droga!

Às vezes, a melhor maneira de não partir o coração é agir como se não tivesse um.

Você será capaz de me perdoar um dia, Porchay?

Você será capaz de ver com os mesmos olhos apaixonados que um dia você me mostrou?

— Estou tão cansado. — suspirou lentamente.

Os braços apoiados junto a grade que o separava de uma queda alta eram seu único apoio. Os cabelos úmidos após banho balançavam conforme o vento o soprava para longe dos olhos. Os fios grandes lhe grudam na pele, mas não se importava mais.

Porchay não o havia respondido, nem após ter lhe escrito uma canção, muito menos gravado um vídeo. Era óbvio que ele não o responderia.

Kim fechou os olhos por alguns segundos e inalou profundamente o próprio arrependimento. Só queria protegê-lo, só queria mostrar a Porchay que a vida ia muito além daquilo que ele imaginava.

Pessoas criam máscaras para viverem em maior harmonia. Pessoas se escondem por "N" motivos e elas simplesmente fingem viver como gostariam, mas na verdade, elas só estão ali obrigadas a viver.

O entardecer nunca pareceu tão solitário.

O barulho suave que veio atrás de si, não foi forte o suficiente para fazê-lo se virar, mas foi doloroso o suficiente para deixá-lo de lábios trêmulos.

— Você não tem que ser forte o tempo todo, Kim. Você é só um garoto que precisou crescer rápido demais. — Tankhun murmurou tão suavemente que qualquer barreira que Kim tivesse colocado ali, simplesmente desmancharia.

— O que você sabe? — o irmão mais novo sussurrou em meio a um falhar de sua voz. Os dedos apertavam tão fortemente a grade que os nós se tornavam esbranquiçados.

— É verdade, o que eu sei? — o mais velho se aproximou do irmão, ignorando o casaco de plumas gigantes para abraçá-lo confortavelmente pelas costas. — Eu sei que meu irmãozinho está sofrendo e eu sei que eu sou inútil para ajudá-lo agora. Eu só quero que uma vez na sua vida, você pense em você mesmo. Olhe dentro de si mesmo Kim, você nunca gostou de estar no meio da máfia e decidiu seu próprio caminho no dia em que saiu de casa, porque esse é você: destemido, perspicaz, talentoso e extremamente amável com aqueles que ama.

Kim encolheu os ombros com o toque do mais velho, sentia-se tão insignificante que já não conseguia mais conter a vontade de chorar.

Aquela lágrima engasgada em seus olhos finalmente rolou, molhando-lhe a face vermelha, enquanto a cabeça simplesmente cedia para frente. Estava um caos.

— Chay nunca me perdoará pelo que fiz. — sussurrou ainda sem se mover.

— Porque você mentiu sobre quem era ou por você mentir sobre seus sentimentos? — Khun insistiu antes de puxar o braço do irmão para que ele finalmente o olhasse.

Nem mesmo a extravagância de suas roupas coloridas lhe aliviou da dor.

— Eu... — Kim só não conseguia dizer.

— De um tempo para que Porchay se acalme e processe tudo o que aconteceu. Ele é só um garoto, não sabemos quanto tempo ele precisa, mas eu sei que ele gosta muito de você, você só precisa lembrá-lo disso. Porque temer? Você mesmo diz que perdeu tudo, que ele não o perdoaria... então do que tem medo? O estrago já não está feito? O que vem depois disso não deveria ser lucro? — Tankhun abriu um sorriso para o mais novo no mesmo instante em que lhe secou as lágrimas com as costas da mão. Era um pouco nojento que sua manga ficasse manchada, mas tentou apenas ignorar com uma leve careta.

— Quem um dia disse que você é louco, não faz ideia do quão sensata é a sua loucura. — Kim finalmente sorriu, singelo, mas sorriu.

— Louco eu seria se deixasse de viver porque pessoas vão me julgar por isso, porque eu não estou no padrão, eu não sou da modinha... que se dane, Kim! Viver é isso! É arriscar, é ser e é fazer aquilo que te faz feliz. — explicou enquanto ajeitava o cabelo recém pintado com os dedos. — Já perdemos tantas coisas por medo, tem certeza que quer perder Porchay também?

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Red Lights [KimChay Vol2]Onde histórias criam vida. Descubra agora