CAPÍTULO 3

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Não era como se quisesse Kim de volta em sua vida.
Na verdade, o odiava pela forma com que havia sido quebrado, sem dó alguma.

Por alguns dias, Porchay seguiu em frente, agradecido pelo que aconteceu, talvez fosse melhor daquela forma. Em outros dias, sentia um vazio enorme no peito, um vazio profundo demais para ser preenchido por qualquer coisa.

Não tinha ninguém para amar e ninguém para retribuir seu amor.

Sinceramente, não sentia falta de ser amado, por hora, quando olhava para trás não via memórias como essa. Parecia absurdo, agora, para Chay ser amado.

A única coisa que sentia falta era de amá-lo, abraçá-lo, olhá-lo, tocá-lo, beijá-lo e fazê-lo rir com alguma de suas piadas estúpidas.

Sentia falta da importância que Kim tinha em sua vida, do dia que ele foi a única coisa que realmente importava além de seu irmão, mas não tinha mais isso.

Estava bem, só não sabia como preencher aquele vazio.

Só o amor não era suficiente.

SÓ O AMOR NÃO É SUFICIENTE.

Nunca é suficiente.

E Chay nunca amou ninguém, tanto quanto amava Kim e agora ele sabia o significado disso.

Quando o jovem garoto parava para pensar em sua vida, ele se perguntava:

Eu o quero? Não.

Eu quero deixá-lo ir? Não.

Eu ainda o amo? Não sei.

O que é o amor? Não sei.

E talvez nunca saiba.

Amar alguém nunca foi fácil.

Sabia que um dia esse vazio se tornaria normal, mas agora ele só queria alguém para abraçá-lo e dizer que estava tudo bem... que ficaria tudo bem.

— Porchay, estou te chamando a alguns minutos mas você não pareceu me ouvir. — Porsche murmurou abandonando a xícara de café quente sobre a mesa de jantar.

O irmão mais novo sorriu sem jeito, sequer se lembrava de estar acompanhado do irmão naquele momento.

Seus devaneios eram tão aleatórios que se perdia diante da própria realidade.

— Desculpa, eu estava pensando em outra coisa. — Admitiu enquanto bebia o suco contido em seu corpo.

— Chay! — Porsche chamou de novo, inconformado com a atitude perdida do irmão mais novo.

O chefe da família menor se levantou apenas para dar a volta na mesa grande se abaixando diante do irmão, ali onde conseguia encarar seus olhos brilhantes com cuidado.

Conhecia Chay bem o suficiente para dizer que algo estava errado. Ele era um garoto quieto, mas nunca deixou de ser animado e sorridente. Ver aquela figura perdida era como, ter perdido sua essência, como se não fosse Porchay ali diante de seus olhos.

O garoto menor encarava o irmão mais velho com o coração apertado, assustado e completamente derrotado. Porsche era seu melhor amigo, seu parceiro e...

Porchay debruçou junto ao corpo aquecido do mais velho e o abraçou apertado, desta vez se rendendo ao aconchego que tanto precisava. Seus braços enrolaram no pescoço de Porsche tão fortemente que o desequilibrou.

A lágrima que descia solitária era quente no ombro de Porsche e ele podia sentir que ele sofria de verdade. O mafioso chegou a abrir a boca para falar, mas Porchay foi mais rápido ao tomar a dianteira.

— Eu gosto do Kim. — Chay assumiu rápido demais, mesmo que ainda receoso da reação do próprio irmão.

Foi ele quem brigou com Porsche quando se envolveu com a máfia e agora era ele quem estava apaixonado pelo filho de um mafioso, parecia carma.

O chefe da família menor não sabia se ficava zangado por ele se apaixonar pelo irmão de seu namorado, ou se mandava dar uma surra em Kim ou se simplesmente repreendia Porchay. Sua vontade era de segurar seu irmão e escondê-lo do mundo.

Seu lado protetor gritava internamente, mas da mesma forma que Porchay foi condizente quando pediu para cuidar de Kinn, também deveria ser... em parte.

Colocando a destra sobre a cabeça do irmão, o mafioso o confortou ao acariciar seus fios.

— Você o conhecia antes? — Começou com calma, precisava entender até que ponto estavam envolvidos.

— Sou fã do trabalho de Kim com música, ele acabou indo se apresentar no colégio e eu o conheci. Ele me deu aulas de violão e nos aproximamos... mas... — Chay suspirou ao se afastar do irmão para olhá-lo. Os olhos e nariz vermelhos do choro não escondiam sua dor. — Ter me aproximado de Kim foi tão incrível, ele me fazia rir, me fazia ser eu mesmo e... era bom. — Porchay apertou os lábios formando uma linha fina antes de continuar. — Amar Kim é como andar em uma corda bamba. Eu nunca sei o que ele está pensando, nunca sei se posso seguir em frente ou se vou acabar caindo.

— Você se confessou? — Porsche perguntou inquieto. Ele era tão jovem para se apegar a alguém daquela forma. Maldito Kim!

Seus olhos refletiam o medo que tinha de tê-lo envolvido com a máfia daquela forma, assim como o medo de Kim não sentir metade daquilo que Chay demonstrava sentir pelo mafioso mais novo. Porsche só sabia que precisava cuidar de Chay, independente do caminho que ele decidisse seguir dali em diante.

— Tecnicamente... ele sabe dos meus sentimentos e eu achei que fosse recíproco, mas Kim nunca me contou sobre sua vida, sobre seus irmãos ou que era da máfia. Bom, ele não é... mas é. — Chay não sabia como explicar de forma coerente. — Quando eu perguntei se ele me amava... se... ele... — O garoto de nariz vermelho soluçou. — Ele me deu as costas, Porsche. Ele... me deu as costas.

E lá estava a forma mais fragilizada que poderia ter de Porchay. O chefe da família menor só conseguiu abraçá-lo apertado o suficiente para confortá-lo até que os seus soluços se acalmassem, até que seu coração estivesse confortável.

Amar dói.

Era duro ver que ele precisava descobrir isso da pior forma. Só queria  confrontar Kim, entender porque ele se aproximou, porque ele o fez ter esperanças se no fim ele fugisse. Só queria entender o porquê de toda aquela confusão em seus corações.

Amar dói, como um inferno.

— O que vai fazer agora? — Porsche perguntou alguns minutos depois, quando as batidas do coração de Porchay alcançaram um nível mais aceitável.

— Eu vou ficar longe de Kim.

Amar dói para caralho.

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Red Lights [KimChay Vol2]Onde histórias criam vida. Descubra agora