CAPÍTULO 2

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O jovem garoto já não parecia mais ter lágrimas em seus olhos. Era cansativo se lembrar de Kim, cansativo encarar o último vídeo que ele o havia enviado e não ter coragem de apagá-lo.

Só queria esquecer que um dia fez parte de tudo aquilo, só queria esquecer.

Não queria ter que contar a Porsche sobre o problema que tinha com o irmão mais novo de seu namorado. Não queria que o irmão tivesse algo a mais com que se preocupar, ainda mais agora que tinha a família menor para cuidar.

Precisava tomar conta de sua vida e arcar com suas próprias decisões. Talvez já tivesse se decidido, só não... externizado.

Encarou o aparelho celular mais uma vez e ele, de novo, tocava insistente. O nome que brilhava na tela só fazia seu coração se apertar.

Kim não desistiria mesmo? O que mais ele queria depois de tudo?

Já haviam sido tantas ligações...

E ele o havia deixado, então porque?

Porchay encarou o aparelho mais uma vez, limpando o nariz vermelho com as costas da mão para finalmente enfrentar aquele que o havia deixado em pedaços.

— Se eu não atendi antes é porque não quero falar com você. — Soltou sem qualquer pesar contra aquele que ouvia do outro lado da linha.

Do outro lado, o jovem mafioso soltou um suspiro doloroso, um suspiro que quebrou Chay aos poucos. Ele não deveria estar sofrendo se ele não se importasse consigo como fez parecer.

— Eu vou desligar. — anunciou trêmulo, mas Kim foi mais rápido do outro lado.

— Sinto muito, Chay. — Kim nunca havia se sentido tão derrotado. Seus dedos apertavam o aparelho com tanta força que as juntas doíam.

Era perceptível na voz falhada do outro que ele também sofria. O choro mais uma vez tomou a garganta de Chay, fazendo-o se engasgar na linha e arrancando do outro um soluço de dor.

Eles deveriam mesmo estar sofrendo assim?

— Queria que tivesse acreditado em mim. — Porchay começou deixando suas emoções tomarem conta de seu coração machucado. — Eu te amei, Kim e talvez eu ainda o ame. Esse amor que tenho por você eu não posso compartilhá-lo com outra pessoa, porque sei que ele é só seu, sempre foi. — Era a primeira vez que falava tão abertamente com Kim sobre tudo que se passava dentro de si. — Eu sei que você também me ama e eu sei que você me quer de volta, senão nem estaria me ligando agora.

O riso do outro lado da linha não era debochado, não era de felicidade. Era como um sorrir de alguém que havia acabado de ser desmascarado, de alguém que já não tinha mais para onde correr.

— Você veio me salvar como o homem que eu sempre quis para mim, mas eu desisti do seu amor quando você me deixou pela primeira vez. — Chay respirou fundo, encolhido junto a parede de seu quarto. O violão no chão ao seu lado parecia tão errado. Engolindo em seco o jovem garoto continuou. — O amor me assusta agora.

Porchay desta vez riu, nervoso, dolorido e... sem perspectivas. Do outro lado da linha, o chorar de seu amado era evidente, mas ele só não queria parar de falar. Era a primeira vez que ele colocava aquele amontoado de sentimentos para fora.

— Relacionamentos são terríveis e eu não estou pronto para estar em um relacionamento sério como co-dependente. — explicou com calma, os dedos tocando as cordas do violão com cuidado, lentamente. Porque tremia tanto? — Para ser honesto, estou em paz desde que terminamos o que quer que tínhamos, porque não tenho que lidar com problemas extras na minha vida. Estou feliz... mas por não tê-lo na minha vida agora eu estou arriscando perdê-lo para sempre.

Kim chorou apertando o telefone. Seu corpo que antes se apoiava sozinho na soleira da porta, agora deslizava sobre a peça de vidro até ceder no chão. Desde quando Porchay ficou tão maduro?

— Talvez eu nunca consiga um parceiro tão bom quanto você, talvez eu nunca consiga um amante como você. E eu quero você, mas estou me escolhendo agora, estou escolhendo meu hoje em vez de refletir sobre o futuro que nem sei se vai acontecer. Mas eu quero você, não agora, no futuro. — A voz falha pelo medo de não ter um futuro agonizava. — Eu provavelmente quero me casar com você. — Chay riu esfregando o próprio rosto derrotado. — Não sei mais o que estou dizendo, é melhor desligar.

— Chay... — Aquele chamado singelo agora trazia medo. Não sabia o que esperar depois daquela conversa, não sabia como agir ou se deveria ser sincero... realmente sincero consigo mesmo e com seus sentimentos. — Eu sei que nunca vou encontrar alguém que me ame tanto quanto você. E acredite em mim, eu não posso amar outra pessoa de coração tão sincero quanto eu te amei. Porque não importa o fim das coisas, você sempre manterá esse lugar no meu coração, mas eu não posso te dar isso agora.

— Apenas me dê uma chance de ficar sozinho, enquanto você aprende o mesmo. — Completou sentindo os lábios ressecados. — Você pode namorar pessoas se quiser, mas não dê a mais ninguém o lugar que você me deu. — Estava sendo egoísta e sabia disso. Não queria arriscar em perder Porchay mais do que isso. — Pretendo voltar quando as coisas estiverem resolvidas, quando nós dois alcançamos algo sábio na carreira e quando estivermos estáveis e quando pudermos contar a todos sobre nós dois.

— Você não pode ser egoísta assim... — Murmurou Chay em meio aquele amontoado de falsas esperanças. Ele não podia fazer isso consigo.

— Eu realmente espero que um dia, quando as coisas estiverem melhores, nos encontremos novamente sem a expectativa de nos unir e espero que você esteja solteiro. Espero que nos apaixonemos novamente e que seja mais bonito do que nunca. — O jovem mafioso encarava os dedos trêmulos da mão, os mesmos dedos que agora apertava junto ao peito dolorido.

Do outro lado da linha, só restou um garoto aos pedaços. — Se não nos encontrarmos novamente, a nossa vida continuará sendo uma história incompleta. — Porchay completou.

E lá estava ele dando um fim àquela dolorosa ligação. Os bips sequenciais que restaram só deixava-o ainda mais nervoso, ainda mais assustado.

Só queria ver Porsche, precisava do conforto do irmão mais velho, mas ainda não sabia como dizer a ele tudo que estava acontecendo.

Chay nunca pensou que os rompimentos pudessem ser reais, até que isso aconteceu de verdade. Precisava haver algo maior para os segurar, algo além do amor, além do apego. Só assim poderiam superar qualquer conflito, qualquer obstáculo. Nunca poderia dizer de fato o que aconteceu.

Será que ainda estavam apaixonados?

A falta que sentia de Kim não era mais uma dor, era algo ainda indefinido em seu coração. Era claro para Porchay que algo ainda permanecia, mesmo que acabassem ficando com pessoas diferentes.

Kim sempre seria especial e sabia disso. Ele sempre seria como uma família, como um amor idealizado. Ele sempre estaria em seu coração e ele sempre seria respeitado.

Estava mais feliz agora, de verdade! Mas quando pensava em suas memórias, algo apertava dentro do peito.

Posso ter mesmo o seu amor, posso ter esse vínculo?

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Red Lights [KimChay Vol2]Onde histórias criam vida. Descubra agora