CAPÍTULO 4

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Os meses haviam passado consideravelmente rápido desde então. A dor ainda estava ali em seu peito, mas Porchay agora podia dizer que conseguia sobreviver bem com ela.

O garoto mais novo evitou qualquer contato que pudesse ter com Kim durante esse período. Bloqueou-o de todas as suas redes sociais, bloqueou seu número de telefone e nunca ia na casa dos mafiosos sozinho, só quando Khun o convidava e garantia que Kim não estaria lá.

Essa era a única maneira de curar a ferida de seu coração, a única maneira de conseguir sua paz física e mental.

Sua primeira decepção amorosa não deveria doer tanto.

Chay pensou que o tempo fosse fazer Kim desistir, mas ele sempre arrumava uma maneira de contacta-lo, ou pelo menos tentava. Ele sempre aparecia diante de seus olhos, como se o estivesse cuidando... mesmo de longe.

Era evidente a tristeza em seu olhar, mas tentava firmemente não sustentá-lo por tempo demais ou sabia que se renderia àqueles olhos.

— Você tinha que vir me visitar mais vezes. Me sinto tão sozinho depois que Pete se foi e eu adoro sua companhia, principalmente quando conhece as séries. — Khun soltou com um biquinho nos lábios.

O irmão mais coelho da primeira família era mimado, mas tinha um coração tão puro que não conseguia simplesmente ignorá-lo.

— Sabe que tenho vindo o possível. — Chay explicou ao colocar mais uma pipoca na boca. Era o fim de mais uma série e com certeza essa tinha sido a melhor desde que começaram a maratona. — Você também sabe que eu não gosto de estar aqui quando...

Khun imediatamente enrugou a testa em um semblante incomodado que quase o fazia parecer sério. — Aquele garoto estúpido não tem coração. Não sei a quem ele puxou para ser tão frio assim, mas eu garanto que ele não...

— Khun! — Chay o chamou alto demais. — Por favor, não... — O garoto jovem apertou os lábios antes de afastar a bacia de pipoca de seu colo. — É melhor eu ir agora.

Sem esperar por uma resposta do irmão mais velho, Porchay abandonou o quarto e correu assim que alcançou o corredor daquele lugar.

Porque ainda doía tanto falar de Kim?

Simplesmente ignorou os olhares dos guarda costas que encontrou pelo caminho, até mesmo seu irmão foi ignorado por seus olhos nebulosos.

A única coisa que ficou para trás, foi a lembrança do rosto de Kim, naquela maldita porta... bem no dia em que ele lhe deu as costas. Droga!

— Chay! — Porsche gritou quando viu o irmão passar acelerado pelo corredor.

Ele imediatamente deu um peteleco na cabeça de Kinn que encarou toda aquela situação em confusão. A preocupação diante do rosto do chefe da família menor, fez com que o mafioso segurasse sua mão com carinho.

— Você disse que ele ficaria bem com o tempo. Ele não está bem e fazem meses já, Kinn! — Porsche puxou sua mão de volta, mas Kinn insistiu em mantê-la ali junto de seu peito.

— Você sabe como nos sentimos quando estivemos separados, você sabe que Chay pode estar sentindo tanto quanto. O tempo pode curar, mas o tempo é relativo para cada um. — Tentou explicar calmamente. — Chay talvez precise de um pouco mais da sua paciência porque é jovem, ele faz as coisas com mais vontade e...

Kinn não conseguiu terminar, Porsche tinha os olhos tão tristes que abalou todas as suas estruturas.

— Eu vou dar uma surra naquele moleque! Como Kim consegue fazer isso com Chay, droga! — Os murmúrios irritados não eram absurdos, mas como irmão do outro lado da história, Kinn tomou o rosto de seu amado entre as mãos para fazê-lo encarar seus olhos.

— Porsche... é do meu irmão que você está falando. — Ele respirou fundo, tão fundo que Porsche acompanhou o movimentar de seu tronco ao se movimentar. — Kim o ama, eu o conheço demais para dizer que ele é insignificante com Chay. Ele foi o primeiro a querer salvá-lo aquela vez, então...

Selando aqueles lábios compreensivos, Porsche o abraçou apertado, recebendo de volta o abraço que reconforta momentaneamente seu coração ansioso.

— Eu sei que está preocupado com Porchay, mas confie em mim quando digo que Kim vai resolver isso. Confie em Kim e no amor que eu sei que ele tem por Chay. Aquele garoto não demonstra sentimentos e é frio com todos à anos, mas... porra! Ele nunca quis proteger alguém como protege Porchay. — Suas palavras ditas ao pé da orelha foram reconfortantes o suficiente para Porsche dar uma chance.

— É bom que ele não o faça chorar mais. — O chefe da família menor murmurou.

Para a surpresa de ambos, a voz que ressoou firmemente atrás de seus corpos foi tão cautelosa que os fez encará-lo.

— Não vou. — Kim murmurou simplista.

Engolindo o próprio orgulho, o mafioso mais jovem deslizou os dedos entre seus cabelos enquanto encarava os mais poderosos de sua família, incluindo o irmão que sorria quase orgulhoso.

— Eu só preciso que Porchay me escute. Ele não quer me ver então... — Kim se balançou inquieto. — Droga! — Ele estalou os lábios derrotado, pela primeira vez completamente derrotado. — Eu só preciso que ele me dê uma chance para conversar.

Ali, diante de Kim, Porsche não o quis esmagar como pensou que gostaria. Ele conseguia ver em seus olhos inchados e profundos que ele também sofria. Talvez ele sequer estivesse dormindo bem, talvez seu sofrimento fosse mais real do que achou que seria.

Doía encará-lo porque se via naqueles olhos, se via naquela dor. Eles eram tão inexpressivos quanto os seus foram sem Kinn.

Afastando-se de Kinn por um momento, Porsche enfiou a mão no bolso da calça para sacar dali uma pequena chave. Era a chave extra que tinha do quarto que Chay estava.

— Eu sei que você sabe onde é o quarto dele, então é bom que não me faça me arrepender de te dar essa chance, porque ela pode ser a única que você terá. — Jogando a chave para Kim, Porsche se virou arrastando consigo Kinn que sorriu quase vitorioso para o irmão.

— Não tenha medo dos seus sentimentos, as vezes ser sozinho, pode ser muito mais doloroso. — Com uma batidinha suave no ombro de Kim, Kinn se afastou.

— Eu vou aproveitar! — Kim gritou ao se virar a tempo de vê-los se afastar. — Eu juro que vou!

Aquela sensação de ter mais uma chance o consumiu, o deu uma esperança que achou que jamais teria de volta. Kim agarrou a chave e a apertou junto ao peito que pulsava acelerado.

— Estou chegando, Chay.

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Red Lights [KimChay Vol2]Onde histórias criam vida. Descubra agora