CAPÍTULO 6

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Sempre sonhou em como seria ouvir aquelas palavras ditas por Kim, mas elas agora lhe assustavam mais do que esperava.

Ter Kim por perto... não sabia o que poderia esperar, não sabia se estava pronto para enfrentar a realidade ao seu lado.

Porchay encarou o mafioso rendido aos seus pés e só conseguiu engolir com dificuldade enquanto ainda soluçava doloroso. Não queria ouvi-lo, mas alguma coisa dentro de si batia ansiosa pela verdade.

O silêncio tomou conta do lugar, mas o mais preocupante era o semblante assustado de Kim. Era como se sua máscara de bom moço finalmente caísse, como se ele revelasse o seu lado mais fraco.

Kim puxou o nariz e sorriu frouxo, sem jeito. Por onde deveria começar? O que deveria dizer? As palavras agora pareciam tão erradas e ele era só um garoto... não, ele era o seu garoto.

Erguendo o rosto avermelhado de olhos assustados, Kim respirou fundo enquanto corria os olhos por Chay. Ele analisa cuidadosamente cada detalhe de seu corpo frágil que parecia um pouco mais magro do que se lembrava.

Seus dedos longos, suas mãos trêmulas... os joelhos avermelhados, as roupas largas... os braços longos, o pescoço bem delineado... sua mandíbula bonita e os contornos delicados de sua face... poderia ficar horas apenas admirando-o e ainda assim não se cansaria.

— É isso, eu amo você. — Kim soltou em meio a um riso frouxo. — Eu estou assustado Porchay, eu não sei como deveria agir a partir daí, porque eu nunca amei alguém antes. Nunca senti a necessidade de cuidar de alguém, nunca quis alguém ao meu lado. — As palavras agora pareciam fluir tão naturais que não fez questão de se conter. — Sempre fiz tudo sozinho, corri atrás daquilo que eu acreditava e evitei o que me desgastava sem necessidade. Eu tinha planos para o meu futuro, eu tinha sonhos e eu estava focado em alcançar o que eu havia escolhido para mim.

As palavras sinceras de Kim atravessavam as orelhas de Chay, fazendo-o olhá-lo diretamente pela primeira vez.

— Eu não queria estar no meio de uma família conturbada como a minha, eu não queria fazer parte da máfia, eu não queria ter que sujar minhas mãos. — Kim engoliu em seco ao se lembrar de flashbacks de sua vida. — Eu nunca acreditei que as coisas fossem fáceis, mas eu nunca quis tomar medidas drásticas para alcançar nada. Eu fui embora, eu fiz meu nome e foi tudo sozinho. Nunca precisei usar da minha família ou da influência que ela tem para nada.

Contar tudo aquilo era como desatar um grande nó que tinha em sua garganta a anos.

— Quando eu te conheci, eu quis saber mais do seu irmão e da sua família, porque vocês estavam entrando na minha e eu não podia simplesmente ignorar o fato de que eu me preocupo com ela, me preocupo em saber se vocês tinham noção de onde estavam se metendo. Mas... você... você se aproximou tão inocentemente que eu não tive estruturas. — Desta vez Kim alcançou a mão de Porchay, acariciando-a suavemente. — Você sempre me mostrou seu melhor sorriso, sua esperança e seu amor. Você sempre se esforçou para alcançar coisas, para me alcançar. Eu sabia que não o merecia, eu sei que não o mereço.

— Não cabe a você decidir isso, Kim. — Porchay soltou enfim, apertando seus dedos juntos aos do garoto mais velho. As mãos enlaçadas eram quentes, mas ele ainda queria ouvir Kim.

— Você está certo. Que direito eu tenho de dizer o que é melhor para você? — Kim arrastou as mãos unidas até os lábios, onde pousou-os com cuidado. — Eu não sei ser delicado, não sou bom com as palavras e muitas vezes posso ser frio...

— Eu sei... — Chay sussurrou.

— Porque eu tenho que hesitar tanto quando se trata de você? Do que eu tenho tanto medo? — Murmurou enquanto sentia Porchay erguer-lhe o rosto com a mão livre.

— Você sempre fez as coisas sozinho, não está acostumado a ter alguém se preocupando contigo, não está acostumado a se sentir querido, a ser cuidado, a ser desejado... — Era absurdo quando Chay soava tão adulto, até mesmo ele se assustava.

Kim só conseguiu encarar aqueles olhos brilhantes completamente rendidos. Chay o compreendia mais do que esperava, ele havia amadurecido tanto que o enfurecia. Nem parecia o garoto indefeso que precisava tomar conta a tempos atrás.

— Desde quando você se tornou tão independente? — Resmungou com um beicinho.

— Desde que meu coração foi partido por um mafioso mentiroso. — Porchay respondeu dando de ombros.

— Porque você manteria alguém tão ruim por perto? — Continuou a provocá-lo, queria ver até que ponto Porchay poderia ir diante de suas palavras.

— Porque eu não escolhi amar um mafioso, eu escolhi amar um homem carinhoso, talentoso e que cuidava muito bem de mim. Um homem que foi paciente, atencioso e um ótimo professor. Eu escolhi amar esse homem. — Porchay tomou sua mão de volta e a esfregou sem jeito.

Parecia que aquele clima tenso estava se desfazendo conforme colocavam seus sentimentos em pratos limpos. Era isso que precisavam, de sinceridade sem rodeios.

— Mas se esse homem vier com uma bagagem suja, vier com uma família que pode colocá-lo em perigo a qualquer momento? Se ele não puder protegê-lo? E se... — Tentou esclarecer o que mais o afligia.

— Eu não pedi por um guarda-costas. Eu não sou tão estúpido assim e eu sei que você nunca me abandonaria para morrer. — Explicou sinceramente. Desde que havia sido sequestrado as coisas andam estranhas.

Coisas assim poderiam surgir no futuro, mas se havia algo que tinha certeza, era de que Kim faria de tudo para encontrá-lo, sentia isso e era por isso que não tinha medo. Não se colocaria em perigo a toa e nem desafiaria a máfia, mas... seu irmão foi o guarda-costas da primeira família e agora era líder da família menor, porque o seu namorado não poderia ser um mafioso também?

— Eu posso demorar. — Kim frisou.

— Você é idiota? Isso não vai me afastar de você, droga! — Naquele momento Chay entendeu o que Kim estava fazendo.

Seu rosto tomou uma coloração avermelhada intensa e ele agora só queria esconder seu rosto com as mãos, mas Kim havia agido mais rápido ao abraçar junto ao seu corpo ali no chão mesmo. Seu sorriso largo era brilhante mesmo quando o envolvia em seus braços ternamente.

— Eu odeio você, Kim! — Porchay fingiu dar um murro nas costas de Kim, no instante em que afundou seu rosto na curva do pescoço do mais velho.

— Eu não posso te prometer flores, eu não sou assim. Se você estiver disposto a aceitar tudo isso que você já sabe... — Kim afastou Chay apenas o suficiente para olhar em seu rosto, afastando com a ponta dos dedos os fios mais longos do cabelo de Porchay. — Eu quero estar com você.

— Eu nunca pedi por flores mesmo.

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Red Lights [KimChay Vol2]Onde histórias criam vida. Descubra agora