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POV MARÍLIA

Finalmente chegou à época do ano que eu mais gosto, o natal. Um dos poucos momentos em que eu poderia passar com a minha família, no conforto da minha casa e agradecer por muita coisa.

E eu realmente tinha o que agradecer esse ano.

Foram longos dois meses pra que eu e Maiara nos resolvêssemos de vez. Ficamos praticamente um mês separadas, brigadas, sem nos falar, depois foi mais um mês em que tivemos que sentar e conversar muito para que nossa relação voltasse a se estabilizar.

Maior parte de nossas brigas foram voltadas a criação de nossos filhos e por ciúmes. Eu não conseguia me controlar quando o assunto era a mulher ruiva que tinha uma aliança com meu nome escrita.

Já sao 14 anos de casamento, nosso filho estava com 17 anos e nossa filha tinha completado 14.
Antônio, estava um verdadeiro homem, estava querendo entrar numa fase um pouco mais rebelde, saindo sem avisar, pegamos ele bebendo escondido e um cigarro de maconha em seu quarto.

Maiara é muito mais severe que eu, queria dar castigos duros e não deixar ele sair de casa por um mês, além de colocar em rastreador no celular dele. Isso me incomodou porque eu queria meus filhos independentes e fazendo suas escolhas.

Helena trouxe pela primeira vez o namorado para que conhecêssemos e Maiara quase desmaiou quando soube, nos pegou de surpresa e em um dia que nós duas tínhamos discutido pra valer, Maiara chegou a tirar a aliança e colocar nas minhas mãos depois de ver um conversa com uma vizinha nossa.

Eu tinha errado, não dá forma que ela pensou, mas errei. Acabei deixando a conversa fluir e alguns flertes acabaram acontecendo, mas isso deu margem pra que minha esposa pensasse que algo além de conversas havia acontecido. Eu implorei pra que ela me perdoasse, implorei de joelhos. Ela não me perdoou de primeira. Foi uma semana sem olhar na minha cara, uma semana dormindo na casa dos pais dela na verdade. Por isso, quando Helena nos apresentou ao Pedro, ela nem olhou na cara do menino e saiu dando as costas. Tive que explicar por cima que Maiara estava triste por minha culpa, porque nossa filha ficou assustada e temendo que a mãe não tivesse gostado.

Maiara adorou Pedro quando o menino veio em nossa casa dois meses depois, ele era tão estudioso, bonito e um verdadeiro cavalheiro com nossa filha, os olhos dele brilhavam em sua direção e isso quebrou qualquer barreira que ela tivesse construído.

Antônio, logo saiu da fase rebelde que ele quase iniciou. Depois deu conversar com Maiara, ela ficou tão chateada com nosso filho que mau conseguia falar com ele. Antônio viu a decepção nos olhos da mãe dele e acabava por pedir desculpas indiretamente toda vez que fazia algo pra ela. Mas o que mudou mesmo foi quando Maiara passou mal.

Nesse dia eu vivi todo o desespero de 15 anos atrás novamente.

Antônio pediu pra acompanhar Maiara no show do final de semana e Helena ficou com minha mãe porque tinha uma festa de uma amiga para ir. Maiara até avisou que não se sentia bem no sábado, nos estávamos brigadas, mas ela me mandou mensagem avisando de uma dor de cabeça e enjoo. Eu ignorei ela, meu maior arrependimento nessa vida.

Na madrugada do sábado para domingo eu recebi uma ligação do meu filho pouco antes deu entrar no palco.

- mãe- Antônio falou gritando

- oi meu amor- estranhei a afobação dele

- mãe, você precisa vir pra cá- ele falou em desespero

- filho, já conversamos. Estou trabalhando, não posso ir aí sempre que quiser- falo, essa era uma conversa que sempre tínhamos, doía em mim não poder estar com ele sempre, mas ele entendia.

O sentir é particular Onde histórias criam vida. Descubra agora