Poupée - Família Vargas

•CAPÍTULO 16•

Lisa Midas

- Você está linda! - a estilista fala me olhando com os olhos brilhosos de admiração - Ahhh você parece uma boneca de tão perfeita, agora eu entendo o porquê da pressa do Senhor Vargas para se casar.

- É...

Bom...eu vou tentar explicar a vocês oque está acontecendo aqui, nesse momento eu estou no meu quarto com a estilista que foi designada para confeccionar o meu vestido de noiva e ela não é nada do que eu esperava, eu esperava que fosse uma senhora esnobe e amarga mas na verdade ela é bem eclética e divertida para sua idade.
A Senhora White ou como ela preferi ser chamada Júlia é uma senhora alta, loira com alguns fios brancos de olhos cor de mel na verdade ela é linda e muito bem cuidada, ela tem uma rede de lojas por toda a cidade sendo na sua maioria lojas de venda de vestidos de noiva e acessórios.

Ela chegou a algumas horas atrás logo depois do café da manhã e fomos logo pro quarto, agora olhando para o meu reflexo no espelho não consigo me reconhecer. Eu estou tão linda mas me sinto tão sozinha e triste.

Queria tanto que a Ally estivesse comigo, ela saberia o que fazer, ela sempre tem uma solução pra tudo. Sinto uma lágrima traçando seu caminho pela minha face terminando seu trajeto em minha bochecha, desencadeando um choro desenfreado de tristeza, raiva, mágoa e saudade.

- Ohhh você ficou emocionada!
Você esta tão linda, sabe...ver você agora nesse vestido me faz lembrar do meu primeiro casamento foi tão lindo mesmo sendo simples o meu primeiro marido era um homem encantador e o nosso casamento foi muito bom.

- Primeiro marido? Então quantos maridos a senhora já teve?

- Acho que foram quatro...o primeiro foi o Edward, teve também o Maike, Michael, o Daniel e...espera já forma quatro ahhh eu esqueci do meu atual marido o Jones. - fala como se fosse a coisa mais normal do mundo ter se casado não uma nem duas mas cinco vezes!

- Nossa...- Arregalo os olhos de espanto.- Quantos anos a senhora tem?

- A idade não importa,a única coisa que você deve saber é que eu já vivi o suficiente para saber que casamentos não são complicados, nós é que complicados as coisas. - fala me olhando com ternura enquanto segura minhas mãos. - Se vocês decidiram casar é porque se amam, e se há amor nada mas importa então não fique nervosa. Enxugue essas lágrimas e sorria, você vai se casar daqui a uma semana!

- É...- tento sorrir para que ela não fique preocupada, queria tanto contar tudo pra ela mas eu não posso! O Gabriel é capaz de tudo e pode até mata-la se ela tentar me ajudar. - Daqui a uma semana.

- Agora me conta menina, como você fez pra conquistar um dos homens mais ricos e bonitos do do mundo? - questiona me olhando expectante, como se esperasse uma história como as dos contos de fada. - Fala menina!

- Eu e o Gabriel nos conhecemos no...- sou interrompida abruptamente pela entrada repentina da governanta no quarto.

- Senhora, o Senhor Vargas pede que logo após a prova do vestido a senhora vá até seu escritório. - comunica a governanta parada na batente da porta.

- Diga a ele que nós estamos quase terminando aqui. - falo querendo que ela saia logo.

- Sim senhora. - sai do quarto apressadamente.

Com a ajuda da Senhora White ou como ela prefere ser chamada Júlia, me dispo do vestido de noiva colocando logo em seguida um conjunto de moletom.

- Bom...eu já vou querida, foi um imenso prazer te conhecer e não esqueça de me mandar o convite para o casamento. - fala tentando parecer ameaçadora. Me arrancando uma risada.

- Não esquecerei, eu prometo.

- E não esqueça de tudo que eu te disse sobre os casamentos, aproveite o noivo maravilhoso que Deus te deu. - fala com malícia me fazendo ficar vermelha.

Se ela soubesse o tipo de pessoa que o Gabriel é acho que ela já teria saído correndo daqui.

- Eu vou acompanhá-la até a porta.

- Ahh não precisa eu ainda lembro o caminho até a porta, vá ver seu noivo, vai! - fala me apressando.

- Não. Eu vou acompanhá-la e depois resolvo com o Gabriel. - falo ficando nervosa, eu não quero olhar pra ele.

- Está bem, vamos então? - caminhamos em direção a porta principal.

- Tchau querida, vemo-nos no casamento. - fala entrando no carro, queria tanto ir com ela para bem longe desta casa e do Gabriel.

Aceno pra ela da porta, vendo o carro se distanciar comecei a pensar no que ela me disse. E acho que faria todo sentido se esse casamento não fosse uma farsa, se eu não tivesse sido obrigada a participar desse teatro todo. Ela tem razão o Gabriel é um homem rico, bonito e inteligente mas ele é podre por dentro e isso o torna de alguma forma feio pra mim, eu sei que ele planeja me torturar depois do casamento e eu não vou ficar aqui pra ver isso acontecer, eu preciso fugir antes do casamento.

- A Senhora está bem? - pulo de susto com a chegada repentina da governanta. - O senhor Vargas está esperando.

- Sim,eu estou bem. - falo suspirando sentindo um cansaço repentino me tomar. - Vamos.

Ela vai pra cozinha e eu sigo meu caminho até o escritório do Gabriel. Bato na porta duas vezes.

- Entre! - Ouço sua voz rouca do outro lado da porta soando mais como um grunhido.

Entro e me sento na poltrona de frente para ele, que está concentrado lendo oque parece ser um documento. Ele está vestido formalmente com uma camisa social azul escuro e uma calça social preta. Não sabia que ele usava óculos, ele está...diferente! Sim essa é a palavra.

- Porque está me olhando tanto Lisa? - fala franzindo a testa e me olhando por cima dos óculos de grau. - Oquê foi? Você não gostou do vestido?

Falando assim ele até parece um noivo preocupado, Oquê eu sei que seria impossível de acontecer.

- Com o vestido não há problema nenhum na verdade ele é muito bonito o único problema é o noivo - falo a última parte bem baixo.

- Oque você disse? - pergunta sério me olhando com a sobrancelha esquerda arqueada, fechando ainda mais seu semblante.

Fico vermelha ao perceber que ele ouviu o que eu disse.

- Na...nada! Eu não disse nada. - falo gaguejando de nervosismo.

Então me surpreendo ao ver um sorriso ladino em sua face, como se debochasse de mim.

- Você fica fofa envergonhada, mesmo eu achando que ficaria ainda mas com a bunda vermelha pelos meus tapas.

- Idiota! - falo impulsivamente me levantando e saindo do escritório apressada.

Ouço sua risada ecoando pelo escritório.

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