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•OLÍVIA•

acordei apressada como de costume, não podia mais me atrasar.
mas quando corri para o quarto de Bruce percebi que iria me atrasar novamente.

-filho, o que você tem? (eu disse sentando na sua cama, vendo que seu rostinho estava molhado por lágrimas)

-tô dodói... (ele choramingou se encolhendo)

-oh meu amor... você está com febre? (coloquei a mão na testa de Bruce e percebi que ele estava bem quente)

-tá doendo mamãe... (Bruce deixou mais lágrimas caírem, segurando minha mão)

-calma, mamãe vai levar você no médico. (então me levantei e comecei a arrumar uma roupa para Bruce, em seguida peguei meu celular)

disquei o número da minha chefe e senti meu peito apertar a cada segundo que se passava.

até que ela atendeu.

-Dona Cláudia, meu filho acordou doente, vou ter que levá-lo para o médico. (eu disse nervosa)

-Olívia... (ela suspirou) -tudo bem, é uma coisa séria, espero que ele fique bem!

-muito obrigada mesmo, senhora! (eu sorri, Dona Cláudia era uma ótima pessoa apesar do seu temperamento difícil)

então, desliguei o celular e comecei a arrumar Bruce.
quando ele estava triste ou principalmente bravo, seus olhos ficavam mais escuros e intensos, iguais ao de Dylan.
Bruce havia puxado meus cabelos castanhos, mas puxou os olhos verdes e todos os traços do rosto iguais ao do pai, era uma cópia de Dylan.

só esperava que não fosse igual em quesito de personalidade também.

• • • • • • • • • • • • • • • •

o médico disse que Bruce deve ter pegado uma virose de algum coleguinha na creche, mas que não era nada sério.
deu dois dias de atestado para ele ficar em casa.

quando chegamos em casa fiz uma sopa de letrinhas para o Bruce e depois um chocolate quente, ele amava.

mas estava preocupada.
não sabia com quem deixaria Bruce, dona Cláudia não me deixaria faltar mais dois dias.

liguei para Rubi, minha colega de trabalho.

-oi amiga, como está o movimento por aí? (eu disse baixo pois Bruce estava tirando um cochilo no sofá)

-quase não teve clientes hoje, só o chato do seu admirador secreto que não é secreto que ainda está aqui! (ela disse e tenho certeza que revirou os olhos)

-OLÍVIA, COMO VOCÊ ESTÁ? (escutei Colin gritar de fundo, provavelmente tentando falar comigo enquanto Rubi fazia careta para ele)

-diga que estou bem, só não fui hoje pois meu filho está doente. (eu sorri, olhando apreensiva para Bruce)

-poxa amiga, eu sinto muito, o que ele tem? (Rubi disse)

-o médico disse que é apenas uma virose, ele vai ficar em casa por dois dias... (eu suspirei) -queria saber se você não conhece alguém de confiança que possa olhar ele durante esses dias.

-COLIN, LARGA DE SER MALUCO! (escutei Rubi gritar)

-o que houve? (eu disse curiosa)

-colin está dizendo que fica no seu lugar aqui no trabalho se precisar, mas acho que a Cláudia não vai permitir isso. (ela suspirou)

-ah... ele é um fofo. (eu sorri involuntariamente)

-ELA DISSE QUE EU SOU UM FOFO? (escutei ele gritar novamente de fundo e soltei um risada)

-cala boca estrupicio! (Rubi grunhiu)

-que bagunça é essa? (dessa vez foi a voz da Claudia que escutei)

-ah... oi chefe, é só a Olívia falando comigo. (Rubi disse)

-senhora, não posso cobrir Olívia nos dias que vai ter que ficar em casa cuidando do filho dela? (agora era a voz de Colin)

-pode sim, mas se fizer qualquer coisa errada, é ela que é demitida! (ela disse me fazendo engolir em seco)

-Rubi, me deixa falar com o Colin. (eu disse receosa)

-aqui cara do metal. (ela disse parecendo passar o telefone para ele)

-oii anjo, como você está? (ele disse animado)

-oi Colin, escuta só, você tem certeza de que consegue me cobrir no trabalho durante esses dias?

-claro, qualquer coisa por você. (ele disse mais sério)

-poxa... (suspirei de alívio) -eu agradeço mesmo, Colin!

-imagina, manda melhoras pro pirralho! (ele riu)

-é BRUCE! (eu revirei os olhos)

uma confusão do outro lado da linha indicava que aparentemente Rubi tentava recuperar o telefone e Colin tentava continuar falando comigo, enquanto Dona Cláudia reclamava de fundo.
dei uma risada antes de desligar o celular, eles eram malucos.

vi Bruce se remexer no sofá, choramingando.
me aproximei rapidamente, vendo ele abrir os olhinhos aos poucos.

-o que houve, Bruce? (eu perguntei colocando a mão na sua testinha, verificando se a febre não havia voltado, mas estava normal)

-tive peadelo mãmãe... (ele disse me abraçando, sentei no sofá com ele em meu colo)

-o que você sonhou, filho? (perguntei fazendo carinho em seu cabelo)

-que papa não voitava... (suspirei)

-um dia... um dia ele vai voltar, meu bebê. (eu tentei consolar ele)

-vucê sempe fala isso...

-é porque... é complicado, filho. (eu encostei meu queixo na sua cabeça) -papai viaja muito... uma hora ele vai acabar os seus trabalhos e vai voltar para casa, tudo bem? (eu sorri, acariciando seu rostinho)

-sim! (Bruce sorriu, aquele sorrisinho banguela que eu tanto amava)

então, chamei ele para me ajudar a preparar um bolo, eu e Bruce éramos duas formiguinhas e estávamos sempre preparando algum doce para comer.

na hora de dormir, coloquei um desenho para Bruce ver até dormir e depois decidi ver um filme.
acho que estava na hora de parar de tentar fugir do meu passado o tempo inteiro.

coloquei um clássico de terror, coisa que eu não assistia desde... bem, desde Dylan.

Nas garras de um assassino Onde histórias criam vida. Descubra agora