Meia-Luz

Discussão & Confiança

MAKENNA
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Percorro os corredores ansiosa para encontrar Keeran logo.

Ele vai pirar ao saber porquê voltei para casa mais cedo, essa hora do dia, sendo que eu devia estar trabalhando na embaixada. Ele vai gargalhar alto, assim como eu ri durante todo o trajeto para casa, quando souber que um monte de ratos entraram no prédio da embaixada porque alguns funcionários estavam escondendo comida para beliscar durante o trabalho. Um funcionário foi descuidado o bastante para deixar a embalagem aberta, não só uma, mas várias — e teve o azar de sua sala ter passagens pequenas nas paredes —, o que desencadeou os ratos. Os funcionários saíram correndo para fora ao ver tantos ratos em uma única sala, e o prédio teve que ser fechado para uma limpeza.

Solto uma risada só de pensar nisso novamente agora.

Estou louca para contar isso para meu marido e ri ainda mais junto com ele.

Só que toda essa ansiedade desaparece completamente quando eu o encontro, porque ele está em seu escritório, com uma mulher. Uma mulher sentada em cima de sua mesa enquanto ele, o meu marido!, está parado na frente dela.

Mas que porra é essa? 

Eu vi essa maldita cena porque a porta está aberta, imagina se não estivesse e eu tivesse batido na porta? Eles teriam disfarçado imediatamente.

Como eles não notam minha presença logo quando apareço, os observo por uns instantes da porta, só para entender que merda está acontecendo.

— …aliás, estou nesse minuto mesmo usando um dos tecidos…é muito bom, muito macio.

A mulher passa a mão pelo vestido ridículo e apertado que está usando, lentamente, até que chega no decote. Ali, ela passa o dedo pela linha do modelo enquanto ergue seu olhar para meu marido. Um olhar sedutor e oferecido.

— Cabe e cai como uma luva.

Minha raiva aumenta ainda mais.

Vadia oferecida.

Entro no cômodo batendo os saltos bem alto, chamando a atenção de ambos. O olhar e postura maliciosa da oferecida não desaparece nem quando me vê. Já Keeran se vira e, quando percebe que sou eu entrando, seus olhos se arregalam um pouco. Talvez de culpa, não só de surpresa?

— Keeran, preciso falar com você.

Não o cumprimento com meu carinho habitual quando o vejo, com palavras bonitas e abraços e beijos. Deixo claro no meu tom que vi toda essa cena e estou furiosa.

— Tudo bem.

Ele balança a cabeça e abaixa o olhar para o chão. Com certeza culpado.

Me volto para a mulher, ainda sentada em cima da mesa, com uma expressão fria e sou muito arrogante ao dizer:

— Vai sair ou não?

Não me importo de saber o nome dela, só quero que ela saia da mesa do meu marido e dê o fora daqui.

Ela me lança um sorriso de canto, muito irônico por sinal, e desce da mesa lentamente, arrumando seu vestido de modo muito exagerado para marcar suas curvas.

— Claro, com licença.

Com uma mínima reverência, ela nos lança mais um sorriso de canto e sai rebolando para fora do cômodo. Desgraçada!

Quando ela desaparece, ando rápido até a porta e a bato com tudo — não foi minha intenção, fui controlada pela raiva. Por causa disso, fico alguns segundos parada ali, respirando fundo, antes de me voltar para Keeran. Ele está me olhando seriamente e com cautela.