Convivência Afetiva

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Estou lendo um dos diários da minha mãe e me identificando bastante com algumas páginas.

"Eu pensava que tinha sido feliz na minha vida antes do Bosque, mas só descobri o que a felicidade é realmente agora, quando tenho meus filhos amados em meus braços e um grande homem para chamar de meu. O amor deles por mim é minha felicidade e alegria, e tenho certeza que o meu amor por eles também é a felicidade e alegria deles. Nada no mundo se compara com isso."

Ela escreveu isso quando Weynar nasceu, quando ela sentiu que a família agora sim estava completa, quando ela se sentiu totalmente completa.

Eu também me sinto totalmente completo.

Além de ter meus irmãos, agora tenho um marido maravilhoso, um homem maravilhoso e muito bonito para chamar de meu, e um filho.

Um filho.

Às vezes me pego pensando em como isso é uma loucura, porque três anos atrás eu não pensava de jeito nenhum em constituir família. Mas aqui estou eu, com um marido e um filho morando numa casa grande que é nosso lar. E não queria nada diferente.

Bem, eu queria.

Mas não tem como trazer meu pai e minha mãe de volta para a vida para viver toda essa felicidade comigo, com minha família e meus irmãos. Então continuo acreditando, e sentindo, que eles estão olhando por todos nós e sorrindo de alegria de onde estiverem.

- Henrik, Ru não está no quarto!

Esqueço tudo o que estou pensando, esqueço o diário em minhas mãos, para olhar confuso para meu marido que acabou de entrar na sala todo apressado e desesperado.

- O que? Como assim?

- Dei uma passada no quarto de hóspedes para ver se ele estava tendo um bom sono, mas não o encontrei lá, ele não está deitado na cama em que o colocamos. - Roman explica com rapidez, me olhando com tormento e como se esperasse que eu levantasse e tivesse a mesma reação desesperada dele.

Mas eu tento pensar com calma e juízo antes de me desesperar.

- Ele deve estar no banheiro. - suponho.

Roman me olha como se eu fosse um idiota.

- Eu olhei todo o quarto.

Acho que não posso perguntar se ele olhou os outros banheiros da casa, senão esse olhar dele para mim vai se tornar mais raivoso.

- Ele deve ter ido na cozinha para tomar algo. - suponho novamente.

Roman balança a cabeça.

- Já passei na cozinha, ele não está e a Janet falou que ele não foi até lá.

Janet é uma das nossas criadas que limpa a casa, ela estava encarregada de limpar a cozinha hoje a noite.

- Perguntou para o Hal se ele o viu? - pergunto.

Hal é nosso mordomo, comanda tudo e todos por nós e sabe tudo o que acontece nessa casa. Ele provavelmente deve ter visto Ru por aí se o garotinho resolveu ir explorar a casa...

- Perguntei, ele não o viu.

Agora sim começo a ficar desesperado. Se Hal não viu Ru, ninguém mais viu. Onde esse garoto se meteu?

- Certo. - me levanto, pensando em como resolver essa situação. - Vamos procurar ele pela casa, deve estar escondido em algum canto.

- Acha que eu não já procurei? - lá está o olhar raivoso. - Olhei em cada canto!

Tento me manter calmo, porque ter os dois desesperados pode dar uma discussão boba.

- Você procurou com calma ou correndo? - pergunto calmamente, não querendo ofendê-lo.

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