- Fica tranquila, sou eu - Ouço a pessoa dizer, logo identifico que é Selina - Como você está?
- Estou levando - Respondo mais tranquila e lhe dando espaço para se sentar ao meu lado no banco.
- Eu sei como é difícil, bom eu não perdi a minha mãe e eu até a conheci, mas não é a mesma coisa - Diz ela olhando para as outras lápides ali presentes como eu.
- Confesso que me sinto mais à vontade de conversar sobre isso com você do que com o Bruce ou qualquer outra pessoa - Quando falo isso, Selina olha pra mim.
- Não deixa ele saber disso - Diz Selina rindo e me levando junto.
- Mas é sério, eu agradeço a ele por nunca ter dito que me entendia desde que os pais dele morreram. Ele sabe que não me entende e eu odeio quando as pessoas tentam me consolam dizendo que me entendem - Digo meio alterada.
- Elas não entendem porra nenhuma, elas não foram abandonadas pela própria mãe, elas não levam a culpa da morte da mãe nas costas mesmo elas não tendo culpa - Diz Selina também um pouco alterada, ela sim me entende - Essas pessoas nunca vão entender...
Ficamos em silêncio por alguns instantes, presas em nossa própria mente, com nossos pensamentos vagos e profundos.
- Não se sinta culpada - Disse Selina num sussurro, quando eu ia protestar, ela me interrompe - E não adianta mentir por que eu sei que sente culpada, mas você não é entendeu? Você nunca será culpada. Você mesma uma vez me disse que seu pai te contou que sua mãe descobriu que era uma gravidez de riscos e mesmo assim continuou com você. Ela escolheu isso, escolheu ter você mesmo que ela teria que dar a própria vida pela sua.
Eu a olhava com lágrimas nos olhos, sentindo o peso de suas palavras.
- Eu sei, você tem razão, mas é inevitável não pensar que eu, mesmo não querendo, causei a morte de alguém e pior, da minha própria mãe - Eu já estava em prantos - Eu não aguento mais essa dor Selina, a dor da perda sem ao menos a ter conhecido.
Selina me abraçou com tudo o que tinha, ela mais do que ninguém conseguia me fazer ficar confortável numa situação dessas, e em pensar que quando nos conhecemos dias depois da morte dos Wayne's eu tinha ciúmes da atenção que Bruce dava a ela e deixava de dar a mim.
É muito engraçado pensar que hoje anos depois, somos melhores amigas e não vivemos mais sem a outra.
* * *
Depois de ficar um tempo com Selina no cemitério, resolvemos ir embora pois a vida continua. Minha mãe deu a vida dela para que eu continuasse com a minha.
Bruce e Alfred foram nos buscar e quando estávamos na entrada do cemitério, vejo aquele maldito do carro preto, mas dessa vez reparo bem na placa. Será hoje que darem mais importância pra isso, como pode o mesmo carro estar nos mesmos lugares que eu?
- Mas que merda - Digo desviando meus olhos do carro para frente num tom de irritação já perto de Bruce e Alfred.
- Algum problema Angelina? - Pergunta Alfred me olhando atentamente em busca de uma resposta vinda de mim.
- A droga do carro preto, de novo pra variar - Digo num tom sarcástico olhando novamente para o carro, mas logo para as pessoas a minha frente.
- Aquele carro que você disse que vive te seguindo? - Pergunta Bruce.
- Ele está te seguindo? A quanto tempo? - Dessa vez, Alfred pergunta preocupado.
- Ele está me seguindo a mais ou menos 2 meses, desde que meu pai se aposentou - Digo tentando me lembrar como tudo começou.
- Já falou com o detetive Gordon? - Pergunta Alfred.
- Não, mas eu não estou mais aguentando e talvez eu fale com ele hoje mesmo - Digo querendo sair daqui o mais depressa possível.
Selina pareceu perceber o meu incômodo e logo fala.
- Acho melhor irmos embora, se formos falar com o Jim é melhor ir agora antes que fique tarde - Diz Selina já me puxando para dentro do carro.
Durante todo o caminho até o DP de Gotham, eu não penso em nada. Não é como se eu não quisesse, mas eu não consigo. Eu só sinto um misto de emoções, não só dentro do meu peito, mas em todo o meu corpo. Alegria, tristeza, raiva, saudade...
Mas aí vem o primeiro pensamento. O que eu estou fazendo?
E o pior é que eu não sei. Eu só estou seguindo meu instinto ou estou fazendo tudo por impulso? Eu não sei...
Percebo que chegamos na delegacia. Bruce que já estava do lado de fora, abre a porta para mim. Como sempre um cavalheiro. Saio do carro e vou caminhando com calma para dentro, logo vejo policiais indo e vindo. Mas não quem eu queria.
Bruce chega mais perto de mim e segura minha mão, nos olhamos dando um sorriso confortável um para o outro, logo Selina também aparece do meu outro lado me dando um beijinho no ombro e me olhando também com um sorriso confortável.
Olho em volta e vejo Jim sair de uma sala com o detetive Bullock, assim que nos vê nos observa com um olhar de desconfiança.
- Oi pessoal, algum problema? - Diz Jim ainda desconfiado com o detetive Bullock ao seu lado.
- Na verdade sim - Digo meio receosa olhando pra Bruce e depois pra Selina - Tem um carro preto me seguindo a mais ou menos 2 meses e eu não aguento mais.
- 2 meses? Por que só veio falar agora? - Pergunta Bullock meio espantado.
- Eu achei que era coisa da minha cabeça ou só um dos inimigos do meu pai querendo me assustar, nada que o Victor não resolveria - Digo com toda calma que eu tenho.
- Está bem, mas da próxima vez fale conosco o mais depressa possível - Diz Jim - Lembra como ele era, o modelo ou placa?
- Não reconheci o modelo, mas ele é totalmente preto e a placa era AJF2316 - Digo sem pressa para que Jim pudesse anotar tudo numa folha que ele pegou em cima da mesa.
- Está bem, vamos investigar e tentar descobrir. Mas me prometa Angelina, toda vez que ver esse carro de novo, me ligue - Pediu Jim olhando no fundo dos meus olhos.
- Ok, vou ligar - Digo assentindo com a cabeça.
- Tudo bem, agora vão pra casa, vocês três e não se preocupem - Diz o mais velho a nossa frente dando passos para trás, indicando que precisa ir.
- Claro, até mais Jim - Digo me despedindo, me virando para a entrada.
Não foi tão ruim assim...
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All for us - Bruce Wayne Gotham
FanfictionCrescendo juntos, Bruce e Angelina (ou como alguns a chamam: Angel) se apoiam um no outro para enfrentar as dificuldades da vida e sobreviver na sombria Gotham. Baseada na série Gotham, mas os acontecimentos um pouco diferentes para que fique de ac...