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Olho para trás de mim pelo espelho, vejo um moça muito bonita e que se parece muito comigo.

Espera...é a minha mãe?

Viro depressa, a mulher me encara com um sorriso mais do que lindo. A observo atentamente, ela não é como todos sempre me disseram, ela é melhor.

- M-mãe? - Digo com medo de ser coisa da minha cabeça.

- Oi minha linda, como se sente? - Ela diz com a voz mais doce que eu já ouvi na vida. Aquilo foi como um abraço.

- E-eu não sei, o que tá acontecendo comigo? Por que eu estou assim? - Me viro novamente para o espelho tocando levemente no meu rosto onde estão as rachaduras. Eu estou parecendo uma boneca de porcelana quebrada...

Minha mãe se aproxima tocando nos meus ombros e me olhando com carinho. Como se tivesse lendo minha mente, ela disse.

- Sim, igual uma boneca de porcelana. Todos acham que é perfeita mas por dentro é vazia - Ela diz devagar - Sei como se sente, as pessoas me tratavam da mesma forma.

Coloco minhas mãos por cima das suas. Uma lágrima preta sai dos meus olhos, escorrendo pelo meu rosto.

- Mas você está aqui por um motivo e eu para te ajudar - Ela diz.

- Como assim? O que tá acontecendo comigo? - Pergunto mais calma.

- A minha doença. A que causou minha morte, ela estava em mim mas infelizmente eu acabei passando pra você - A mais velha diz.

- E qual era essa doença? - Pergunto.

- Bom, quando eu estava no trabalho de parto do seu irmão, eu quase não sobrevivi. Mas seu pai, pediu ajuda de uma feiticeira, ela deu uma flor linda, ela foi preparada como uma sopa para mim. Não sei o por que não passou para seus irmãos, mas talvez você seja uma escolhida - Minha mãe diz acariciando meu rosto, a sinto contornando as rachaduras que há nele.

- Por que eu? Por que tudo sempre acontece comigo? - Digo sentindo outra lágrima descer.

- Por que é minha garota especial - Diz minha mãe secando a lágrima com o polegar - Cuidei dos seus irmãos mas não de você. Dei amor real para seus irmãos mas nunca deixei de cuidar de você do mundo dos mortos. Sua intuição é minha voz sussurrando em seu ouvido. Todas as vezes que se metia em confusão com Bruce e Selina eu estava lá cuidando não só de você como deles também, por que sei que são importantes para você. Sempre foi eu...

Mais lágrimas rolam pela minha bochecha. As vozes...eram ela.

- E o que acontece agora? - Pergunto olhando no fundo dos seus olhos.

- Agora, você tem que manter a calma e encontrar seu próprio caminho - Diz a mais velha - Sem a interrupção de alguém, sem seu pai, sem seus irmãos, sem Bruce, sem os problemas. Só você e sua própria mente.

- Mas como eu faço isso? - Pergunto em forma de súplica - E o que isso significa?

- Comece perdoando Bruce, não se importando com as provocações de Sofia, cuidando mais de Selina, ela precisa e principalmente tome cuidado com seus amigos, talvez eles não sejam tão amigos assim.. - Diz ela com os olhos fixos nos meus olhos.

- Tá bem... - Digo num sussurro.

A mulher me abraça apertado acariciando meus cabelos, choro baixo em seu ombro, eu me sinto tão segura. Mas logo, isso acaba.

Vejo tudo voltando ao normal e a dor que eu sentia no peito já não sinto mais.

Do nada começo a sentir muita sede, a sensação de ressecamento parece arranhar minha garganta. Corro pra cozinha ainda meio desnorteada e bebo a bendita água.

Alguns minutos se passam até que eu me sinta melhor. Agora, sentada em cima do balcão, paro e penso em tudo que acabou de acontecer. E para me ajudar, eu listo.

1-Eu vi minha mãe.
2-Tive a minha aparência toda estranha.
3-Minha mãe me disse coisas super estranhas.
4-...Acho que estou ficando louca.

Se bem, que com meu rosto todo mudado, veio também uma sensação de renovo, algo que não consigo explicar direito, era como se eu tivesse nascido de novo. Como se minha mente tivesse sido aberta e de lá foram retirados tudo de ruim. Me sinto tão leve agora...

Olho para o teto e respiro fundo. Talvez seja melhor eu descansar um pouco.

Que dia de merda...

                                       * * *

Acordo com uma forte luz branca me causando dores nos olhos. Quando minha visão se acostuma com a luz inesperada, olho em volta. Será que eu esqueci de fechar as cortinas?

Estou num quarto totalmente diferente do meu, está mais pra quarto de hospital. Como eu vim parar em um hospital?

Levanto da cama velha e rangente, olho para mim mesma, estou com uma daquelas roupas de pacientes.

O quarto não possui janelas, só uma cama num canto com uma mesinha de ferro ao seu lado, na mesinha tem um copo com água e alguns remédios coloridos.

Há também algumas manchas vermelhas que obviamente são de sangue, ela estão espalhadas nos pés da cama e da mesinha, algumas em forma de mãos nas paredes e mais algumas na porta.

Vou em direção a porta que não está fechada e sim encostada. Assim que abro vejo um corredor branco com algumas das lâmpadas piscando, o corredor tem aspecto de sujo, frio e assustador.

Saio do quarto com meus instintos aguçados, nunca se sabe o que posso encontrar.

Estava tudo um grande silêncio quando tomo um susto com um som vindo do final do corredor. Era algo parecido com correntes batendo em uma superfície de ferro.

No final do corredor vejo a sombra de uma figura crescer, parece uma pessoa, mas era assustador.

De repente, ouço o barulho das correntes novamente, mas dessa vez com o susto, tudo fica escuro.

Acordo gritando me sentando na cama, minha respiração está acelerada, estou suando e minha cabeça parece girar.

Olho pela janela e vejo algo entre as árvores, parece uma pessoa...

Mas não qualquer pessoa. Eu reconheceria o uniforme de vigilante do Bruce em qualquer lugar.

Mas tranquila por saber que foi apenas um maldito pesadelo e que Bruce está por perto, mesmo achando errado ele ficar cuidando de mim e não dele, eu durmo.

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- Mãe, acorda - Ouço uma voz me chamar, Damian...

All for us - Bruce Wayne GothamOnde histórias criam vida. Descubra agora