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Ainda dentro do carro olho para a cafeteria, estou no estacionamento criando coragem para entrar. De onde estou consigo ver que Bruce já está lá dentro tomando alguma coisa numa xícara, deve ser café. Ele adora café...

Estico o meu braço e pego minha bolsa no banco do carona, logo saio do carro e caminho devagar para dentro do estabelecimento. Será que dá tempo de voltar?

Não, não dá mais, já entrei.

Assim que o sino acima da porta faz barulho, Bruce de vira em minha direção e logo abriu um leve sorriso.

Caminho para a mesa e logo uma garçonete vem me atender. Peço apenas uma xícara de chocolate quente pois hoje está bem frio. Me viro para o garoto a minha frente que me olha atento a qualquer emoção sequer em meu rosto, não demonstro nada.

- Bom, o que quer me dizer? - Pergunto depois de alguns instantes o encarando. O vejo engolir seco e endireitar sua postura na poltrona.

- Bem, como eu disse por telefone, eu gostaria de esclarecer as coisas que aconteceram, eu sabia que você precisava de tempo e tempo foi o que te dei, mas acho que já está na hora de conversamos e se você aceitou é por que também acha isso - Diz o garoto meio nervoso e enrolado em suas próprias palavras.

- É, duas semanas foram o suficiente para pensar bastante a respeito daquilo - Digo "daquilo" em tom de desgosto só de lembrar daquela cena.

- Tudo bem, bom, sei que nada do que eu dizer aqui é desculpa pro que eu fiz e por tudo que você viu e sentiu, mas eu só preciso me explicar - Ele diz deixando a xícara de lado colocando as duas mãos na mesa - Eu fui a festa na noite anterior e sim eu menti pro Alfred, dizendo que iria com você por que eu sabia que ele não me deixaria ir sozinho, e sim, lá eu acabei bebendo bastante e algumas meninas vieram pra cima de mim e eu deixei, mas nunca foi por querer te trair, eu estava sob efeito do álcool.

Eu escutava tudo com atenção mas ao mesmo tempo tão dispersa da conversa. Relembrar a cena doía.

- Por favor, diz alguma coisa - Ele quase implora - Olha, tudo bem se você não quiser reatar o namoro, mas por favor, eu não conseguiria viver sem pelo menos o seu perdão.

- Ok - É a única coisa que consigo dizer.

- Ok? - Ele pergunta confuso.

- É, ok, eu te perdoou - Digo - Mas não acho que seria uma boa ideia reatar o namoro agora. Sabe, ainda tá recente...

- Não, claro, eu super entendo - Ele diz "feliz", mas consigo ver um pouco de decepção - Obrigado Angel...

Apenas aceno com a cabeça e olho para a janela. Segundos se passam e vejo uma movimentação estranhamente agitada na esquina em frente a entrada. Forço um pouco a visão e logo vejo um carro, aparentemente rápido demais, vindo em direção ao estacionamento. Percebo que não é coisa boa quando ele passa direto das vagas livres e continua vindo em direção as janelas, mas especialmente a minha.

Todas as pessoas ali presentes levantam correndo mas o colapso do carro com a vidraça é mais rápido.

Sinto ser jogada contra o balcão, batendo minha cabeça no encosto de uma das cadeiras. Vejo tudo girando e minha visão está embasada, olho para as outras pessoas verificando se estão todas bem.

Espera um pouco... cadê o Bruce?

O garoto estava bem do meu lado e simplesmente sumiu. Olho para frente e vejo que metade do carro entrou pelo vidro e está saindo muita fumaça de dentro do capô. Ouço também o barulho baixo de sirene.

Levanto com calma para não cair me apoiando no balcão atrás de mim, olho pra frente novamente e vejo Bruce sair de dentro do carro arrastando um homem consigo.

O homem está meio desnorteado mas consegue andar. Bruce o traz para dentro e o senta em uma das poltronas. Logo se vira para mim, me olhando de cima a baixo. Percebeu que também estou aqui só agora?

- Você está bem? - Ele pergunta.

- Estou. Conhece ele? - Pergunto me referindo ao homem.

- Não, mas a polícia já deve estar chegando - Ele diz como se não fosse nada.

- Tudo bem, talvez seja melhor eu voltar pra - Sou interrompida por uma voz chamando a mim e Bruce. Era Jim.

- Oi, estão bem? - Jim pergunta chegando no local.

- Estamos sim - Diz Bruce me analisando mais uma vez.

- Estamos bem, mas agora eu preciso voltar pra casa, o casamento do meu irmão é neste final de semana e eu tenho que escolher meu vestido ainda hoje - Diz já pegando minha bolsa no chão - Bruce, você ainda é um convidado, vá pelos noivos e não por mim.

Assim que digo não espero uma resposta e logo saio pela porta. Por pouco o motorista maluco não acertou meu carro.

Enquanto dirijo de volta pra casa, tenho uma sensação super estranha. Primeiro, acho que estou sendo observada como sempre então já procuro o maldito carro preto ou algum maluco, mas logo percebo que não é isso, a sensação tá vindo de mim.

Abro os vidros do carro deixando meus pensamentos e essa sensação irem junto com o vento. Talvez eu só esteja ficando louca, afinal, um carro bateu e entrou dentro da cafeteria em que eu estava com o meu ex.

Estou quase chegando em casa quando a sensação volta mas agora com uma dor super aguda na altura do meu peito. Estaciono o carro de qualquer jeito na frente de casa, praticamente me arrasto pra dentro.

Assim que abro a porta caio no chão de tanta dor. Como isso tá doendo...

Continuo engatinhando até o meio da entrada, não aguento mais. Me deito no chão e começo a gritar da tanta dor, sinto como se tivesse alguma coisa crescendo no local da dor. Vindo de dentro pra fora. Sinto minha visão embaçar e escuto zumbidos altos fazendo minha cabeça girar.

Enquanto fico me contorcendo no chão e gritando, sinto essa coisa sair de mim, me causando um pouco de alívio.

Abro meus olhos e vejo que minha visão está diferente. Vejo que o local está mais escuro, mais sombrio. Levanto e caminho para o espelho ao lado da escada, meus olhos estão totalmente pretos, até na parte branca, minha pele está mais clara do que o normal, mas mesmo assim vejo linhas nela como se fossem...rachaduras escuras.

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O que seraaaaa?????

All for us - Bruce Wayne GothamOnde histórias criam vida. Descubra agora