Naruto passou alguns dias planejando o que diria e calculando quanto gastaria naquele investimento para convencer Sasuke do seu plano idiota. Até Sakura concordou com o quão idiota é o plano e pôs a culpa no álcool. Porém, domingo já está em cima e ele não tem outra saída. Só consegue imaginar o tamanho da confusão caso chegue à fazenda sem um homem consigo e da tristeza que causará na sua avó quando todos souberem que é mentira.
Quando a noite de quinta chegou e ele entrou no estúdio de um velho oleiro com cara de Mestre Miyagi, Naruto fez questão de ocupar a mesa entre Sasuke e Sakura. Assim ele poderia manter um disfarce enquanto avalia o humor do Cara da Quinta. Sua amiga era cúmplice neste plano absurdo e lhe deu todas as dicas que colheu nas duas semanas de envolvimento que os dois tiveram antes.
Toda ajuda é bem-vinda, pensou Naruto.
Sakura e Naruto perceberam a chegada de Sasuke, tal como o resto da turma. Era sempre um "evento". Ele batia na porta depois de entrar, atravessava a sala inteira ao som das botas pesadas, cumprimentava o professor apertando sua mão e ia para o fundo. As pessoas sempre cochichavam a respeito dele porque Sasuke não aparecia usando outra camisa que não fosse de banda musical.
Naruto sinalizou com o olhar para Sakura que era hora de "atacar" e foram para o fundo da sala, com o PCD ficando entre sua amiga e o Cara da Quinta.
-Boa noite, Sasuke. - disse o loiro enquanto arrumava suas coisas ao seu redor e colocava os apetrechos de olaria sobre a mesa.
O homem de cabelos pretos observou as duas pessoas acomodadas naquelas mesas.
Ninguém nunca sentava ali porque era longe demais do local onde o professor ficava.
-Boa, Naruto. - o olhar de estranhamento demorou um pouco enquanto ele avaliava a novidade de Naruto sair das fileiras iniciais para sentar perto de si, deu de ombros e tirou o relógio e os dois anéis simples para pegar seu punhado de argila a fim de começar.
Hoje eles tentariam reproduzir uma moringa com uma pintura geométrica. O professor que lembra o Mestre Miyagi, depois de ensinar a técnica daquela aula, deixou no centro da roda de oleiros o modelo para inspirar os alunos e colocou a música-mantra típica daquele momento. Ia de mesa em mesa acompanhando o progresso de cada praticante, orientando sobre como moldar quando fosse preciso. Embora Naruto nunca houvesse dito, gostava da forma como Sasuke deslizava os dedos pela argila, moldando-a, mostrando evidente cuidado.
Desviou o olhar quando ele lhe fitou, percebendo que passara tempo demais encarando.
O moreno ficou uns segundos acompanhando os dedos meio curvados de Naruto mudando o montinho de argila para uma estrutura que lembra uma tigela. É gentil com a argila. Não deixa de se impressionar em como ele consegue ser tão hábil com os dedos assim, torcidos, finos, como se estivessem em constante em garra. De alguma forma, acha que é interessante.
O primeiro tempo durava até a "pausa do café", que eram os minutos gastos pelas peças dentro do forno e os alunos iam até a lanchonete tomar um café e conversar.
O local ficava nos fundos, dispunha de uma área aberta com arborização, iluminação pendente, algumas estátuas feitas por alunos e um estilo despojado, dava certo conforto ao pessoal, pois as mesas e os assentos eram poucos já que o espaço era pequeno.
Naruto caprichou na sua peça para não levantar suspeitas e terminou ao mesmo tempo que Sasuke. Sakura o encorajou quando o alvo foi lavar as mãos no banheiro e dali seguiu para o cômodo ao lado. Naruto fez o mesmo trajeto e encontrou o Cara da Quinta debruçado sobre o balcão da lanchonete para escolher seu lanche da noite. O barulho das passadas e da mola da bengala ecoava conforme chegava perto, alto demais para o desejo de Naruto - ou era porque a TV estava desligada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Cara da Quinta
Fanfiction"-Deixa eu ver se entendi essa treta. - Sakura encheu seu copo de cerveja pela terceira vez e o encarou seriamente. A mulher sabe beber, Naruto admite. - Você mentiu para todo mundo dizendo que tem um namorado e agora vai ter aquele churrascão em fa...