Quebrando meu Coração em um Milhão de Partes

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Trocaram o funk pelo pop rock, então Sasuke pode dar folga às suas panturrilhas de tanto quicar e ficar só nos dois para lá e dois para cá, bem mais calmo. Sua intenção, no plano da racionalidade, era demorar mais uns 40 minutos ali, levar Naruto para jantar, depois deixá-lo em casa. Do fundo do coração, porém, seu desejo era dar vazão às suas ansiedades sobre aquele loiro que faz sua fera interior formigar em profusão, ou seja, colocá-lo para rebolar no seu colo.

Ele planejava os argumentos que utilizaria em Naruto para convencê-lo quando o viu fazer uma expressão torcida de dor e começar a se curvar. Num segundo, parecia bem batendo palmas no ritmo, cantando e vendo Sasuke dançar, no outro estava prestes a cair no chão. O mais velho pegou-o no colo antes que acontecesse e o levou para a parte superior da boate, onde a música ficou mais baixa e havia menos pessoas, e mais sofás disponíveis. Naruto grunhia de dor e apertava a camisa do pedreiro, lágrimas escorriam por suas bochechas e se mesclavam ao suor.

Colocou-o sobre um dos sofás, que ficava próximo de uma janela de onde vinha uma brisa forte e fria do lado de fora, e investigou o que estava acontecendo?

-O que é?

-'Tá doendo... - foi a única coisa que soou com clareza. Ele apontou para as pernas. Sasuke percebeu os músculos bem contraídos, como se fizesse muita força. Entendeu. Com cuidado, colocou apoiou a perna de Naruto numa das suas costas, esfregou as mãos bem rápido e quando as sentiu quentes o bastante, massageou os músculos com movimentos circulares. Eram cãibras.

Naruto arfou audivelmente quando sentiu o calor e a pressão delicada nos pontos contraídos. Arrepiou quando os dedos subiram por baixo do joelho até o começo da coxa, por dentro do short. Sua cabeça está muito bagunçada, porque seu cérebro nem sabe o que sentir direito. Sasuke continuou com as massagens, alternando de uma perna para outra, até ver os músculos relaxar e voltarem ao normal dentro do possível. Naruto teve vergonha de avisar por conta da pouca intimidade, mas precisava: a base da coluna e os seus quadris também estavam bem contraídos.

Sasuke não se importou, diferentemente de quando se beijaram, e foi tão gentil quanto foi nas pernas, só parando quando Naruto avisou que se sentia bem melhor. Para ter um tempo para recuperar a sua dignidade, pediu por um copo de água e ao ver o falso namorado descer para o bar, soltou o fôlego longamente e apoiou uma mão na testa. Maldita hora que o seu corpo resolver lhe lembrar do quão fisicamente inútil ele é, pensou de maneira irritada ao rosnar e apertar as almofadas.

-Eu me odeio. - retrucou. Procurou pelo medicamento para a dor muscular. - Adeus noite de... - conteve a língua ao ver Sasuke chegar com um copo descartável e uma garrafa de água mineral. Ele encheu para si e lhe deu. - Valeu. Foi boa. - bebeu com o comprimido.

-Está melhor?

-Eu vou ficar. É coisa de... atrofiado. - deu de ombros, encarando suas pernas finas e sem graça com uma careta. - Estraguei a noite, não foi?

-Para mim, não. - Sasuke afundou mais, relaxado completamente. - Eu bati duas lajes hoje, meu príncipe. - Naruto sabe que o apelido foi em tom de piada. - Minhas pernas estão cantando "Aleluia" exatamente agora. - gargalhou porque fora demais, então resmungou por conta da dor nos quadris, mas continuou rindo. Sasuke olhou-o de cima a baixo e meneou a cabeça.

-Desse jeito, você morre.

-É culpa sua. Ai, ai, ai! - reclamou. Sentiu a mão pesar em suas costas, afagando-a e puxando-a para trás, para que encostasse no corpo mais forte do que o seu. Conseguiu parar de rir e relaxar os músculos ao sentir o calor dele. - Você é quentinho. - comentou ao olhá-lo.

-Faz parte da minha natureza. -

A música continuava entoando e movimentando as pessoas lá embaixo, mas naquele sofá, ambos com as pernas esticadas sobre a mesa de centro, havia apenas descanso. Naruto ficou uns instantes de olhos fechados, deixando o remédio fazer efeito, então abriu, notando que deitara a cabeça sobre o peitoral de Sasuke e tinha um dos braços dele sobre os seus ombros, mantendo-o naquela posição confortável. Parecia dormir, de olhos fechados, respirando calmamente, o queixo apoiado na sua cabeça. Nunca tinha visto ele assim, tão calmo, tão dócil.

O Cara da QuintaOnde histórias criam vida. Descubra agora