Deu Tudo Certo no Final - parte 1

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Naruto bocejou longamente ao sair do escritório. Era hora do almoço, mas estava com sono, algo bem típico depois de tanto trabalhar. Mancou até a varanda, atravessando os cômodos amplos e com poucas divisórias naquela área comum, e desceu a escada de cinco degraus para o terreiro. Sentou no batente que o piso da casa formava em relação ao chão e ajustou os óculos de leitura no rosto para reconhecer duas motos grandes estacionadas à sombra da mangueira que fica no jardim. Eles fizeram o que não deviam, pensou ao apoiar as duas mãos na bengala e olhar na outra direção.

Sorriu pequeno quando o vento trouxe os barulhos de uma discussão. Bocejou de novo. Um homem e uma mulher vieram da frente da casa trocando farpas e carregando baldes. Só pararam ao reconhecer Naruto sentado ali, bem preguiçoso e com aquele sorriso tranquilo no rosto. Eles empalideceram e olharam para as motos, depois para o homem de loiro grisalho.

-Foi ideia dele, papai! - disse Yumi, apontando para o irmão mais velho, Yuri. Naruto olhou para as mãos e percebeu dentro dos baldes panos, detergente, a mangueira e outros itens para fazer a limpeza de coisas grandes. - Ele que me convenceu a pegar as chaves.

-Você também queria, nem comece. - Yuri retrucou. - E digo mais, foi sua ideia ir pela estrada de terra do Pilantra. Eu nem queria e sabe disso. É sua culpa que...

-Vocês pegaram quais motos? - Naruto interrompeu. Olhou de um para o outro, que não escondiam a culpa do erro, e sorriu mais. Embora tenham 25 e 24 anos, respectivamente, às vezes se comportam como crianças. Sobretudo quando o assunto é motos.

-As Indians.

-Pegaram a Cera Cristal correta para as cores delas?

Yuri arregalou os olhos, denunciando que não.

-Se tiver arranhões, a cera certa vai diminuir a percepção. Não garanto que suma, mas ao menos o castigo será menor. - Yuri e Yumi dispararam para dentro da casa com passadas largas, um berrando com o outro onde está a cera vermelha e a azul. Naruto riu e chamou o mordomo, pedindo por seu almoço.

Uma hora depois, comendo ali enquanto vigiava seus dois filhos do meio trabalhando com o triplo de ardor na limpeza das duas motos, um barulho na mata deixou quase todos em alerta.

Do terreno baldio que fica ao lado do terreno da casa, Naruto reconheceu o lombo do seu marido, porém quem saiu primeiro da mata foram dois lobos de tamanho "comuns". Um era cinzento e marrom, com vívidos olhos azuis, que chegou trotando e saltando de felicidade. O outro, de pelagem preta e marrom e ligeiramente maior que o primeiro, veio com quase toda a língua de fora, as orelhas e o lombo baixos, sinais de cansaço, porém não parava de abanar o rabo.

O maior e tão preto que reluzia como obsidiana, em proporções cavalares, saiu por último e ao parar ao lado dos menores, lhes fez sombra. Assim, os lobos assumiram a forma humana. O preto menor era Kazuo - Kaká, para os íntimos -, o filho mais velho do casal, anormalmente parecido com Sasuke, exceto pelos olhos azuis. Aliás, todas as suas crianças nasceram com olhos claros, variações de azul como se espera dos Uzumakis. O cinza era Keiko, a caçula, nascida com atrofia nas pernas em sua forma humana, mas com um dom muito forte que lhe permitia correr e brincar como loba.

Kaká, de 28 anos, pegou a irmã no colo, de 21 anos, e a levou para a varanda da casa, depois de cumprimentar o pai loiro. O mordomo trouxe o almoço para todos os filhos, de modo que eles se espalharam pelos troncos postos como bancos à sombra da casa. Sasuke subiu e deitou-se ao redor do marido, ignorando com muito esforço o fato de que suas motos estavam molhadas.

Naruto olhou para os "criminosos", encorajando-os, e estes pararam as colheres.

-Pai... - Sasuke mexeu uma das orelhas enormes. - Eu e Yuri pegamos as motos e andamos com elas na estrada do Pilantra sem permissão. Desculpa. - começou.

O Cara da QuintaOnde histórias criam vida. Descubra agora