O Cara da Quinta

A Felicidade Inesperada

O pedreiro enxugou o suor da testa por baixo do boné e observou a laje que terminou agora, por volta do meio-dia, passou a mão por cima da camisa, sentindo as cicatrizes das cirurgias passadas, buscou o celular no bolso da calça e checou as mensagens. Naruto perguntava se os dois iriam jantar juntos. Ultimamente ele tem agido com muito dengo consigo porque a data do casamento está mais próxima a cada semana - faltam pouco mais de quatro meses e segundo Kushina, tudo está devidamente encaminhado, basta apenas que o dia chegue e eles subam ao altar.

Seu amor chega hoje de viagem e Sasuke está com o coração apertado de saudade, porque faz sete semanas que ele foi para outro Estado participar de uma convenção agropecuária e também de um círculo de palestras sobre pessoas com deficiências e o meio empresarial - embora seu galego lindo seja um herdeiro, ele criou uma empresa de sucesso, a qual está sob os cuidados da prima.

Ele assistiu pela internet a palestra e se não fosse a obra de uma casa a qual o pagamento estava destinado aos acabamentos da casinha dos dois, teria pego um avião para ir até o seu herói sem capa e lhe dar um beijo de tanto orgulho que sente por Naruto. Piso antiderrapante não é barato, algumas mudas especiais de plantas também não e o último trabalho que pegou, o pagamento tinha um destino especial, um projeto que está em banho-maria há dois anos. Mal vê a hora de pôr as suas mãos no seu loirinho, aconchegá-lo no seu colo e enchê-lo de beijos, de carinho, matar a sua saudade porque o quer muito, mas Sasuke suspeita que não fará metade do que pensa agora.

Como seu trabalho naquela casa acabou, avisou ao seu irmão e enviou as fotos de como ficou, conforme o projeto que Itachi desenhou. Este lhe informou que no dia seguinte iria com o dono checar a obra, então fará o pagamento. Chegou em casa pouco depois de uma da tarde e como estava cansado demais para cozinhar, pediu comida e se preparou para ligar para Naruto a fim de "incomodá-lo".

Enquanto esperava a comida, caprichou no banho demorado, fazendo a barba, hidratando os cabelos e cortando as unhas. Por volta de uma hora e tanto da tarde, sua campainha tocou. Vestiu-se às pressas e quase tropeçou no caminho, mas chegou à porta e encontrou não só o entregador do seu almoço, mas também o carteiro. De cada um recebeu uma encomenda, deu gorjeta a ambos e foi para a cozinha verificar se o pedido chegou como queria e saber o que era o envelope dado pelo carteiro.

-Que bom que capricharam de verdade dessa vez. - comentou consigo mesmo após abrir a marmita. Pediu comida japonês para experimentar, de um restaurante o qual Naruto gosta muito e até pediu dica a ele sobre qual prato escolher. Arroz e curry, karaage e sopa de missô. É a primeira vez na vida que Sasuke vai almoçar sopa, mas ele vai casar com Naruto.

Tem que estar pronto para experimentar todo tipo de coisa.

Abriu o envelope e percebeu que se tratava de um tipo de documento, ou uma carta oficial.

Conforme a leitura avança, seus olhos vão arregalando e seu coração acelerando porque esperava aquele papel há tanto tempo que agora que está entre os seus dedos, mal consegue acreditar.

Sasuke dobrou o papel, guardou no envelope, sentou à mesa e foi comer. Pensaria naquilo quando estivesse com o estômago cheio, pois assim é mais fácil acreditar em coisas repentinas das quais desistiu de esperar. Pegou o celular de novo para ligar ao seu loiro. Naruto estava disponível agora e, curiosamente, também almoçava sozinho no hotel onde se hospedou.

Passaram todo aquele tempo conversando e combinaram de que Sasuke irá buscar seu noivo no aeroporto quando Naruto chegasse. Quase quarenta minutos depois de iniciar a ligação, o pedreiro estava de novo encarando o envelope com um selo oficial de uma instituição que organiza e divulga o evento mais importante para Sasuke, mas que raramente participa por conta das finanças ou porque está enrolado com alguma obra muito longa. Leu e releu por mais de três vezes seguidas aquela carta endereçada a si, entrou no site da instituição para saber se era real e enfim encheu-se de felicidade.