O Cara da Quinta

Não sou Beata, me Criei na Rua

Ao fim das músicas, Naruto foi sozinho conversar com a parte da primaiada que ele tolera e até chama de amigos. Ficou indo de grupo em grupo respondendo às mesmas perguntas, quase. Seus parentes estavam cheios de curiosidade sobre o Cara da Quinta, algo que o empresário esperava. Sasuke pegou um espetinho de legumes assados, sentou no banco de antes, aproveitando a brisa, e se balançou enquanto enviava notícias para Itachi. "Por enquanto, vai tudo bem. Tem gente sem noção por aqui, mas qual família não tem?" resumiu. Foi para uma ponta ao notar a aproximação de Kushina, portanto deu-lhe espaço para sentar, e permaneceu quieto e comendo.

Ela pigarreou e ofereceu uma lata fechada de cerveja. Sasuke negou e explicou que levará Naruto de volta mais tarde. Prefere não beber. A mulher gostou da resposta. Ficaram quase cinco minutos apenas curtindo o balanço do banco e do vento vindo dos cafezais. Quando deu-se por satisfeito da conversa com Itachi, guardou o celular na mochila e espiou o local onde deixou a moto. Não há crianças por perto, mas têm adolescentes usando-a para fotos, fazendo todo tipo de pose.

Arregalou os olhos quando três montaram ao mesmo tempo e fingiram pilotar.

A moto bambeou para o lado da árvore que lhe faz sombra.

Sasuke tomou um susto e ficou em alerta.

-Mas que porra...! - levantou-se de súbito. Naruto viu o seu namorado correndo até a moto e sua mãe atrás dele, preocupada. - Saiam daí, moleques sem noção! - o grupo de seis adolescentes foi para longe. Betto e os outros notaram a agitação e tomaram partido do grupo. Sasuke verificou o estado dos pedais e da carenagem. Arranharam a pintura do tanque. - Quem foi? - encarou-os furioso.

Nenhum dos jovens se manifestou.

-Qual é o problema? - a voz de Betto soou propositalmente alta. Ele surgiu do meio da multidão de parentes acompanhado por outros primos. Naruto sentiu que a situação não findará bem.

O olhar daquele pedreiro sugeria que facilmente arrancaria a cabeça de alguém.

-Um desses moleques arranhou a minha moto.

-Com certeza já estava arranhado. - rebateu com desdém. Sasuke rosnou. Betto também. Os outros primos emendaram rosnados em seguida. - E daí se foi um deles? Vai fazer o quê, Quinta-feira?

Sasuke não se intimidou com a aproximação.

Estava tão perto dele quanto estaria caso quisesse beijá-lo.

-Fazer os pais pagarem o prejuízo. Quem sabe assim os moleques aprendem a respeitar o que não é deles. Conhecer o significado de limites. - Sasuke era tão alto quanto Betto e igualmente forte.

-Quem é você para impor condições a eles, Quinta-feira? Eles são só crianças. E essa moto nem é original. Fica na tua se não quiser confusão. - Sasuke sorriu sádico, tirou o chaveiro do bolso e foi até um dos carros caros estacionados por perto. A festa inteira parou quando ele encostou a ponta da chave no capô. Foi de um em um, observando as reações irritadas ou desesperadas dos donos, até parar na Land Rover. Betto prendeu o fôlego. - Nem invente ou te quebro na porrada.

-Quem é você para impor condições a mim?

-Sasuke! - Naruto coxeou o mais rápido que conseguia para impedí-lo de riscar a tintura. Betto é um cachorro "bodybuilding", daqueles grandes, e se orgulha da própria força. Porém não deu. Sasuke passou a chave reproduzindo o mesmo risco que havia na moto. Betto surtou sem aviso: transformou-se num animal do tamanho de uma anta, musculoso e feroz e partiu em ataque.

Sasuke correu para se afastar das crianças e dos veículos.

Deixou que Betto se lançasse sobre si, rolou com ele na grama e o empurrou para longe.