O Sonho não Acabou

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No sábado, como os dois combinaram pelas mensagens, Sasuke foi até o apartamento de Naruto para que estabelecessem algumas regras para aquele namoro funcionar, afinal é um negócio e eles são "parceiros" nisso por assim pensar - e para que o namorado de mentira não seja pego de surpresa com perguntas indelicadas ou com aquelas às quais não saberá responder.

Foi no intervalo do trabalho, após avisar ao seu avô que tinha um assunto importante para resolver. Tomou um banho e colocou uma roupa menos destruída pelas tintas e pelo cimento. Naruto o convidara para almoçar naquele dia. Como suspeita dessas pessoas bem ricas, Naruto avisou que o almoço sairia depois das 2 hrs, então adiantou algumas coisas para atrasar o seu almoço. Foi de moto, sem pressa, imaginando que tipo de conversa ele teria com Naruto, que tipo arranjo aconteceria.

Namorado de aluguel.

Ele já se viu sendo muita coisa na vida, até ator pornô - quando era adolescente e não tinha noção nenhuma -, mas namorado de aluguel?

Sasuke era pontual como um relógio novo. Surpreendeu o empresário quando este abriu a porta. E vestia uma camisa branca de uma capa do disco dos Beatles. A governanta os deixou sozinhos na sala de jantar para que conversassem à vontade depois de servir o almoço, como o patrão pediu, porém nenhum deles estava à vontade. Naruto não sabia como começar aquela conversa, embora a tenha planejado diversas vezes em sua mente.

O pedreiro, notando o nervosismo alheio, decidiu ocupar o seu constrangimento com a comida. A cada garfada naquela comida chique, dentro daquela sala tão moderna e com verdadeira porcelana em uso para o almoço, ele pensava nas perguntas que faria para representar bem o seu papel. Fizera um pouco de pesquisa previamente, porque não queria ir às cegas, mas não bastava.

Na noite anterior, notou o quanto Naruto é um bom escritor, pois não conseguia parar de ler a história que ele criara sobre a suposta relação dos dois e ansiava pela postagem seguinte.

Chegou a sorrir um par de vezes e a assumir o lugar do Cara da Quinta sem perceber.

Ainda lembra das sugestões escondidas entre as linhas de narração e descrição. "Andávamos na rua de mãos dadas e ele segurava a minha com confiança, acho que ele ainda não percebeu que eu faria isso para sempre.", "Depois do que fizemos, não pude desviar meus olhos do seu rosto adormecido, pois eu quero gravar esta imagem na minha alma." e "Algum dia, ele me dará o anel prateado que tanto desejo?". São palavras de um cara apaixonado por um sonho - um bem antigo e estigmatizado por diversas razões -, não pela pessoa em si: ele quer casar. É uma regra desta sociedade que os jovens, entre os 18 e os 23 anos, se casem, mas não são todos que conseguem.

Numa comunidade mágica como aquela, correndo risco de extinção porque, ocasionalmente, seus membros são assassinados pelos humanos - por engano, por maldade, por medo ou por qualquer outra razão -, o casamento não somente é encorajado pelas famílias, como subsidiado pelo governo.

Foi graças a um programa governamental, um tipo de auxílio-família, que Itachi e Deidara puderam iniciar o financiamento do lar deles - por enquanto que juntam o dinheiro da mobília e tentam a gravidez, eles vivem com o avô. E é por incentivo de outro programa, Deidara possui os recursos para engravidar, pois o sistema de saúde oferece os meios mágicos para casais homoafetivos ou casais com dificuldade para engravidar do jeito "convencional". É natural, por essas razões, que aqueles que não querem casar ou ter filhos ficam mal vistos, porém, quanto mais baixa é a camada, mais este aspecto deixa de importar porque a comunidade mágica está mais cuidadosa.

Aumentar o número de seres da sua espécie é um perigo, pois uma população grande demais foge rapidamente do controle e pode atrair a atenção de quem não se deve atrair.

O Cara da QuintaOnde histórias criam vida. Descubra agora