3. Vergonha

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Lucius deixa o filho ir e observa o diretor o levando para fora. Ele desvia o olhar da porta para o garoto que tinha o atacado, ele estava tonto, até porque as poções restauradores de sangue só iam até um certo ponto, e ele tinha uma ferida grande em seu pescoço, mas ainda conseguia sentir a raiva estalando em seu peito.

Harry olha para o homem e então para a poltrona no canto da sala, havia apenas a pequena cama, uma mesinha e aquela cadeira, ele se senta com cautela, tudo sobre o olhar atento do mais velho. O menor estava encolhido no sofá, ele ainda estava se acostumando com a nova coisa que ele era, seus movimentos pareciam um pouco mais rápidos, mas talvez fosse só impressão sua, já que seus pensamentos, com certeza estavam mais rápidos.

Ele conseguia sentir o cheiro do loiro, sentia a localização dele, era como uma corda que ele apertava em seu peito, que o levava diretamente a ele... não era certamente ruim, mas no momento não era bom, era forte, queimava. O castanho ficou pensando naquela questão por uns minutos, e uma dúvida o fez se virar para o homem.

-Você... você sente isso também? - Harry pergunta baixinho, mas com certeza de que Malfoy tinha o ouvido, ou apenas ele tinha se ouvido falar? Ele não era doido... era?

-Eu não sinto nada... nem meus dedos direito – Lucius murmura cansado, sua voz estava baixa e lenta, ele fazia um esforço enorme para responde-lo, já que, pelo prognóstico da medibruxa que o atendeu de mau humor, ele tinha uma perca de quase 40% de seu sangue, beirava o limite de morte, e eles correram o mais lentamente possível para salva-lo, nenhuma das doutoras ou doutores queria aquilo, mas fizeram sob a ordem estrita do infame diretor Snape.

Uma unica poção de restauração de aporte foi dosada nele, o que o melhorou significativamente, o tirando do risco de morte iminente.

-Me... me desculpe por isso – o castanho pede baixinho, ele precisava transmitir que estava assustado com aquilo, se sentia responsável por isso, ele era, mas não gostaria... E realmente estava, ele não conseguia se ver como um monstro, era surreal demais pensar nele como um maldito chupador de sangue. Do sangue do Malfoy, ainda por cima.

-O que você fez comigo! - Lucius conseguiu rosnar para ele e Harry se encolheu mais em seu lugar, tentando inutilmente se fundir naquele estofado mofado da poltrona.

-Eu tentei salvar o meu amado, me diga que você não faria o que estivesse no seu alcance para tentar salvar a vida da pessoa que você mais ama? - O jovem se levanta e grita contra o homem, tirando o fato de que Snape era um vampiro, e que esse pequeníssimo detalhe fodeu com tudo, ele não tinha se arrependido de nada em suas escolhas. Se o diretor estivesse mesmo em risco de vida ele teria o salvo, Harry estaria morto agora, mas teria conseguido acabar com a guerra do mesmo jeito.

-Eu teria sido esperto – Lucius murmurou indignado, sua resposta causou um surto de energia mágica do garoto que perpetuou por toda a sala e bateu em seu corpo. Ele tremeu e segurou um gemido com uma sensação esquisita que lhe subiu pela espinha. Sua cabeça loira ficou tonta e ele caiu contra a cama e procurou respirar fundo para aliviar a exaustão que formigou seu corpo.

-Calado – Harry avisou em um tom curto e frio de ameaça velada. Ele respirou fundo e trouxe sua presença de volta para si, sentia que estava tocando e provavelmente machucando o Malfoy, e não queria aquilo, queria entrar em um estado de paz com ele, se possível – eu não sabia o que ele era... e ele não sente o mesmo. Mas está vivo, isso que importa, não me arrependo.

Ele observou de perto, o loiro estava de olhos fechados, e mesmo sem boa parte do sangue ele estava corando em suas bochechas, talvez pelo fato de estar machucado, poderia ser o frio?... quem sabe? Uma visão graciosa, em comparação com a de antes. O homem parecia quase fofo com as bochechas vermelhas, estava constrangido com alguma coisa, e Harry queria saber o que era aquilo, se era o frio, ele deveria cobri-lo. Pacientes com perda excessiva de sangue poderiam sentir mais frio que o normal nas extremidades.

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