17. Monstro

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-15 de maio,1998 - sexta –

Severus estralou o pescoço enquanto o massageava com uma das mãos, ele estava cansado, tinha passado as últimas 24 horas dentro de seu laboratório fermentando algumas poções que poderiam ajudar a conceber uma criança.

Coisas simples como uma poção nutritiva, ou potencificantes para entregar a Harry, aquele inutil deveria servir para alguma coisa, ele o faria util.

O vampiro, na verdade, estava receoso de sair, ele estava envergonhado do que tinha feito para terminar o vínculo com Remus, parecia tão errado e tão horrivel quanto era em seus pensamentos.

Eles tinham bebido, o lobisomem tinha virado mais de meia garrafa sozinho em segundos, o efeito foi imediato, e ele caiu bebado em minutos, mas antes disso... Remus tinha lhe dado permissão para continuar mesmo depois dele desmaiar fora de seu consentimento.

Severus novamente estava arrependido do que tinha feito, como inumeras vezes antes, novamente tinha aquele sentimento de que tinha estuprado o lobisomem e com isso parecia que lhe voltava a idade em seus ombros, todos os seus pecados sendo evidentes em seus olhos fundos, sem vida.

Quando acordou no dia seguinte, viu o homem tão fragil e tão indefeso ao seu lado na cama, o nojo de si mesmo foi o bastante para quase fazê-lo vomitar a visão tão horrivel, o medo foi mais forte do que qualquer coisa e ele se escondeu com seu remorso em seu laboratório, deixando para Harry a missão de fazer os cuidados pós-sexo.

Ele era uma bagunça, e não passava dois minutos sem que seu cerebro não o culpasse pelo que tinha feito ao homem, tanto no passado, quanto ao dia anterior. Afundando-se em seu remorso, ele não percebeu o tempo passar, ocupado demais se martirizando e cuidando de 5 caldeirões ferventes com misturas diferentes ao mesmo tempo, ele rezava para acabar se atrapalhando e deixar alguma delas se tornar volatil demais até explodir em sua cara.

Mas não acontecia, ele fazia as cinco poções diferentes com maestria, combinando seu tempo de remexer e acrescentar ingredientes de forma coordenada, ele era o jovem pocioneiro mais espetacular de todos os seculos por alguma razão.

Quando ele finalmente tinha acabado duas delas, as mais faceis e rapidas, ele as deixou esfriando para engarrafar mais tarde e se concentrou ainda mais nas outras, uma estava em extase, precisava descansar por 10 minutos exatos, as outras duas tinham uma série de ingredientes que deveriam ser meticulosamente cortados.

Ele ouviu as batidas silenciosas e contidas na porta, mas não se dignou a responder, ocupado demais, com vergonha demais para ir atender. Ele esperou para saber se a pessoa, Harry, se a sensação da corda em seu peito estava devidamente calibrada, iria embora logo que se cansasse.

-Eu vou entrar - o grito veio apenas para Severus bufar e revirar os olhos, ele deveria ter trancado aquela maldita porta - Sev... oi.

Harry entrou acanhado, sem saber se a visita seria agraciada como a da última vez, com cumbucas e pilões sendo arremessados em sua cara, ele suspirou e deu um pequeno sorriso confiante ao ver que não tinha nada voando assim que pisou no laboratório.

-Hey... o que foi que te deixou tão amoado? - ele pergunta contornando a mesa e em passos calmos, indo até o companheiro que não parou de trabalhar em suas diversas poções.

Ele observou por um tempo, o moreno se mexia com precisão e cuidado sobre a bancada, fazendo a força certa ao pressionar a faca contra a tabua, picando alguma coisa nojenta e verde.

-Sev. Por favor, me responda - Harry pede acanhado, se aproximando mais, sem medo agora, ele chegou por trás do mais velho e o abraçou, sua bochecha encostada nas costas largas.

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