4. Isolado

750 74 10
                                    


-E agora? - Harry perguntou caído ao lado dos dois homens, ele prestava muita atenção na respiração do loiro, ele respirava com dificuldade, mas mantinha um ritmo quase constante. Ele dedilhava alguns círculos aleatórios em seu peito com a ponta dos dedos, tomando muito cuidado, agora que sua fome estava saciada e ele pensava com clareza, estava tentando cuidar do homem... Era estupido, mas parecia estar se preocupando com ele.

-Durma e descanse até amanhã - Severus fala se apegando as costas do garoto. Ele estava começando a simpatizar com o calor protetor que sentia vindo do menor, era calmo, apesar de parecer caótico.

-E o que acontecerá amanhã? - o castanho pergunta ainda confuso, o moreno estava colado a si, e era bom, ele o sentia em cada pedacinho de seu corpo, e as pernas estavam intercaladas de um jeito gostoso, seu coração dava saltos de alegria, talvez não fosse tão ruim ser um monstro insaciável.

-Só fique quieto Potter – Lucius pediu entre respirações bem fundas. Ele engoliu em seco e virou o rosto para o garoto, ele estava de lado, com a cabeça em seu ombro, mas apenas encostado, sem deixar que seu peso o machucasse, ele o cheirava e dava alguns beijos ali, parecia querer marcar território.

Então os três se aquietam, perdem para o sono e se entregam para ele. Harry não estava mais com tanta fome, conseguiria conviver com aquela dorzinha que restava em seu amago.

Dormiram acanhados e juntinhos, e foi do mesmo jeito que acordaram no outro dia, nem mexeram um musculo, estavam tão confortáveis nos braços um do outro que a preguiça tinha batido até mesmo no estoico Severus Snape, eles não admitiriam, mas estavam bem naquela maca da enfermaria, com mais um monte de pessoas do outro lado, com obrigações empilhadas demais com o pós-guerra.

-Bom dia – Harry murmurou quando sentiu o Malfoy suspirar, de alguma forma ele sabia que os dois estavam acordados agora, sentia em seu peito uma corda ligada a eles, suas magias, suas vidas estavam unidas e atreladas agora.

-Bom dia alfa – Severus fala perto de sua orelha, e sentiu como o menor se arrepiou a sua frente, sentiu ele se derretendo em seus braços.

-Que coisa é essa de alfa? - o castanho pergunta sem se virar, com medo da reação do homem atrás de si. Ele era malvado as vezes, mas ainda assim tinha seu coração, e Harry se preocupava, seu coração era do homem e ele podia usá-lo e abusa-lo como quisesse... e se quisesse quebra-lo. Ele poderia.

-Como em uma alcateia de lobos... os vampiros também possuem uma denominação especial, minha mãe gostava de usar alfa... - Severus se cala de repente, tomado pelas memorias de um verão que conheceu de verdade a família de sua mãe - parecia ser o mais apropriado – ele encerra o assunto com uma voz rouca.

-É fofo – Harry responde observando as feições do loiro, ele estava quieto escutando o que eles diziam – bom dia – ele beija o ombro do maior, cheirando em seguida para reafirmar a posse que tinha, agora que não estava com tanta fome, ele sentia apenas o doce aroma do sangue, sem aquele desejo voraz.

-Bom... dia – Lucius sussurra com um bocejo, acaba contagiando os outros dois e ele se mexe para tentar se levantar, queria estralar as costas. Apesar de estar extremamente dolorido e com um pouco de tontura, ele conseguiu se por sentado, apoiado em seus joelhos.

-Está melhor? - Harry pergunta também se sentando e pousando uma mão na base das costas do loiro – me desculpe de novo.

-O que está feito está feito – o Malfoy fala com um pouco de raiva. Ele respirou fundo e se impulsionou para cima, as pernas fraquejaram e sua visão ficou escura e teve que voltar a se sentar antes que caísse no chão. Harry voltou sua mão para onde estava e se aproximou um pouco.

Cor vermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora