Capítulo cinco

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  Aviso: Esse capítulo contém gatilhos, se for sensível peço que pulem.

   Ponto de vista de Rhaena

       Naquela manhã fatídica o dia havia amanhecido estranho, os pássaros não cantavam, nuvens pretas escondiam os raios de sol. Minha serva não trouxe o café como habitual, naquela manhã me aprontei sozinha e quando tentei abrir as portas do quarto estavam trancadas.

       – Sério? Não era de meu conhecimento que havia me tornado prisioneira!.- Gritei enquanto batia na madeira das portas.  – Porra!

    "Tenho que sair" pensei comigo mesma. A cada dia que passava tinha a certeza de que meus familiares eram piores que inimigos. Havia perdido as contas de quantas vezes fui negligenciada e meus avisos sobre Aegon foram ignorados. Nessa corte eu tinha tudo, menos voz.

   Devo ter passado mais de uma hora confinada em meus aposentos, tendo como entretenimento livros velhos.  Escutei o barulho de portas sendo destrancadas e então Alicent apareceu com as mãos trêmulas, e os olhos encharcados de lágrimas. Lhe dei um abraço forte e pude perceber ela desabar em meus braços.

      – Viserys faleceu.- Disse ela ao se afastar de mim, secando suas lágrimas com a manga de seu longo vestido verde. – Otto e eu decidimos cancelar o casamento para planejarmos a coroação de Aegon.

– É inacreditável.- Disse sentindo minha voz falhar por conta das lágrimas involuntárias escorrendo por meu rosto.– Nem em um momento dramático como esse você desiste da ambição.

– Não podemos ficar sentados esperando Rhaenyra tomar King's landing e nos matar! Sua imbecil.- Exclamou segurando meu rosto com força, me desabei em lágrimas e ela ao perceber se afastou novamente. – Se arrume para o funeral, seja rápida. Será realizado com ou sem você.

Alicent virou as costas saindo do quarto e então pude passar por meu luto sozinha. Eu sentia arrependimento por não ter me despedido de meu pai antes que aquilo acontecesse, tinha memórias afetivas dele durante a infância antes da doença se alastrar e debilita-lo por muito tempo. A maioria do tempo se passava dopado murmurando frases desconexas e gemendo de dor.

~ // ~

O cadáver de meu pai queimava em cima de uma enorme pedra. Todos presentes estavam cabisbaixos e em silêncio. No final do dia nos reunimos em um banquete, o clima pairava pesado e ninguém ousava dizer uma palavra.

– Bom, tenho que dizer algumas palavras.- Aegon quebrou o silêncio fazendo todos ao redor da mesa o olharem. – Hoje infelizmente, meu amado pai partiu para outro plano deixando sua esposa e seus filhos desolados. Mas nem tudo está perdido, pois eu, Aegon II, o substituirei no trono de ferro. E feliz aniversário adiantado, irmã.

Aegon estendeu a taça de vinho fazendo um brinde e todos, menos eu, aplaudiram seu discurso. Sim, amanhã seria meu aniversário, 16 anos de vida e eu mal podia esperar para o dia de meu descanso eterno. Fui despertada de meus devaneios quando Aemond se levantou para fazer um brinde.

– Foram lindas palavras irmão.- Debochou de Aegon que fechou a cara em seguida. – Deve ser do conhecimento de todos minhas opiniões sobre Aegon, sempre imaginei que quando esse dia chegasse ele iria chorar igual uma garotinha e fugir como um covarde. Mas o título de rei traz suas qualidades, na qual Aegon está mais familiarizado: Comer putas e dar a vida á bastardos, parabéns irmão.

Helaena e Alicent ficaram estarrecida com o discurso de Aemond, Aegon ficou furioso e partiu para briga mas Otto o segurou e expulsou ele do salão. Minha mãe, obviamente, deu uma lição em Aemond que também saiu furioso. E a noite se encerrará dessa forma.

~//~

De volta aos meus aposentos uma serva ajudou-me a retirar o vestido e vestir uma camisola. Lysa, a serva, preparou a cama para me deitar e se retirou do quarto deixando algumas velas acesas para iluminar o ambiente.

Tentando adormecer, me peguei pensando em Lucerys. Queria saber como ele estava, lhe ver novamente e contar tudo que acontecera nessas últimas semanas. Sentia tanta sua falta que doía fazer coisas rotineiras sem sua presença. Aos poucos consegui pegar no sono, que logo foi interrompido por uma presença no quarto.

– Está acordada?.- A voz de Aegon ecoou pelo quarto. Completamente amedrontada, me escondi embaixo dos lençóis de seda como se isso fosse impedir qualquer coisa. Podia escutar os passos de Aegon se aproximando cada vez mais da cama.– Vim lhe dar seu presente. Espero que ainda seja virgem.

Automaticamente comecei a chorar e gritar desesperadamente, suplicando a Aegon que não fizesse nenhum mal a mim. Aegon pressionou uma adaga em meu pescoço e segurou meus dois braços fortemente com apenas uma mão.

– Seus guardas estão ocupados no momento. Não vão te ouvir.- Riu se inclinando, dando um pequeno beijo em meus lábios. – Não chore meu amor, só não aguento mais esperar até a noite de núpcias.

– Por favor, não faça isso. Eu lhe imploro por todos os deuses.- Disse entre lágrimas, ele continuou rindo enquanto afastava a adaga de mim.

      – Eu cansei de ser humilhado por todos e principalmente por você, está sempre me olhando com esse semblante de julgamento. Cochichando com o bastardo Strong na frente de todos, você não faz ideia de como me senti tendo que testemunhar boatos sendo espalhados, boatos de que você estaria transando com outro homem!.- Ele cuspia essas palavras em meu rosto praticamente, enquanto puxava a barra da camisola por cima. Me desesperei debatendo-me, derramando rios de lágrimas. – Se não lhe tomar agora, ele tomará.

      Aegon abaixou sua calça ficando com suas partes íntimas a mostra. Naquele momento me dei conta de que nada o impediria, então olhei para o teto do quarto, rezando para que isso acabasse.

         – Não tenha medo, querida irmã.- Ele disse tentando afastar minhas pernas, novamente pressionou a adaga em minha garganta. Aegon tentou introduzir seu pênis em minha intimidade diversas vezes e em todas falhou miseravelmente, o deixando nervoso.– Porra! Sua vadia imprestável.

     Aegon se afastou sentando-se na cama. Fiz a mesma coisa assustada com o ato, abracei minhas próprias pernas ainda com medo de meu irmão. Havia escutado algumas histórias de que havia homens que não conseguiam deixar seu membro ereto para o ato sexual, deixando de realiza-los como consequência.

    – Você é patético, Aegon.- Disse engolindo seco.– Não se envergonha disso?

         Ele transferiu um tapa em meu rosto que ardeu instantaneamente. Massageei o local golpeado engolindo o choro, a partir daquele momento não sentia mais nada, além de ódio. E fiz uma promessa a mim mesma, Aegon morreria por isso.

         – Se contar para alguém, Eu lhe matarei e irei enviar sua cabeça para o bastardo. Um dia estará feliz e eu lhe tomarei tudo sem hesitar-.Sussurrou antes de sair do quarto.

Passei alguns instantes paralisada, tremendo da cabeça aos pés. Claramente não conseguiria dormir novamente, tinha medo de baixar a guarda e Aegon vir finalizar seu ato. Não sentia vontade de chorar, apenas de acabar com a vida do abusador.






N//a: ai gente a cada dia q passa odeio o aegon mais ainda. Odiei escrever esse capítulo mas será necessário para o plot. Será que vem vingança por aí?

THE RED WEDDING - Lucerys Velaryon Onde histórias criam vida. Descubra agora