Prólogo

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Lucero e Manuel viajavam tranquilamente com suas meninas Luna e Manuela para a fazenda da família. Há muito tempo eles não tiravam férias para aproveitarem o tempo juntos e estavam animados para passarem duas semanas se preocupando apenas em dar carinho às filhas e desfrutarem daquele paraíso particular. A paz daquele momento foi interrompida quando Manuela puxou a boneca da mão de Luna que começou a chorar, fazendo a mãe suspirar. Desde que aprendeu a pegar as coisas, Manuela implicava com a irmã, seja pegando um brinquedo ou até a agredindo fisicamente por mais que os pais sempre reclamassem.

− Manuela, devolva a boneca da sua irmã, você já tem a sua. – Lucero falou firme, tentando pegar a boneca da mão de Manuela que afastava para longe.

− Não. – Manuela falou atrevida, fazendo um bico.

Manuel suspirou. Ele não sabia mais o que fazer para Manuela obedecer Lucero como obedecia a ele, bastava uma palavra sua para a menina se comportar, mas quando era alguma ordem da mãe, mesmo com apenas três anos de idade, Manuela parecia fazer o contrário de propósito.

− Manuela, faça o que a sua mãe mandou, eu não vou falar de novo. – Manuel falou sério sem tirar a atenção do trânsito.

Manuela estendeu a boneca para Luna, mas quando a menina foi pegar, ela agarrou seus braços com as unhas, fazendo com que ela chorasse mais alto e Lucero se assustasse, se esticando para trás para salvar a filha das garras da irmã.

− Meu Deus do céu. Solta ela, menina! – Lucero tentava tirar as mãos de Manuela dos braços de Luna.

Manuel dividia a atenção entre dirigir e ajudar Lucero a separar a briga das filhas. Quando enfim conseguiu, a mulher massageava o braço de Luna que estava vermelho por causa dos arranhões e não viu quando Manuela ficou de pé e puxou a cabeça do pai para trás, atrapalhando sua visão. Ele não deveria ter brigado com ela e sim tê-la defendido, portanto merecia apanhar também.

− Amor, me ajuda aqui, por favor. – Manuel falou rápido.

Mas tudo aconteceu em milésimos de segundos. Antes que Lucero pudesse segurar Manuela, o carro entrou na contramão e uma carreta desgovernada passou por cima, fazendo o carro rodar várias vezes na pista e ficar prestes a cair de um barranco. Todos gritaram, mas logo apenas o choro de Luna foi ouvido. Ela estava presa à sua cadeirinha, com a mão na boca, sem entender o porquê sua mamãe, seu papai e sua irmãzinha dormiam ensanguentados. A pequena se mexeu tanto que conseguiu se soltar do cinto e saiu pela janela do carro, engatinhando pela pista quente enquanto chorava. Ela estava com medo e não sabia o que estava fazendo, se distanciando cada vez mais do local do acidente. Lucero se acordou o que pareceram horas depois com o seu corpo todo dolorido e demorou apenas alguns segundos para se lembrar do acontecido, se desesperando e virando para o lado, encontrando Manuel desacordado com um grande corte no peito, jorrando sangue.

− Não, não, meu Deus, por favor. – Lucero falou chorando e tomou coragem de colocar os dedos no pescoço de Manuel para ver se sua veia ainda pulsava.

Lucero gritou ao ver que Manuel estava morto e puxou o corpo dele para abraçá-lo enquanto soluçava. Por que aquilo tinha que acontecer justamente com ela que tinha uma vida feliz ao lado das suas meninas e do homem que amava? Sua vontade era de morrer ali mesmo junto com ele, mas ela se lembrou dos dois bons motivos que a fariam seguir em frente, com certeza Manuel iria querer que suas filhas ainda fossem muito felizes.

− Minhas filhas. – Lucero falou atordoada, ajeitando Manuel na mesma posição de antes e se livrando do cinto, olhando para trás.

Lucero se assustou quando viu apenas Manuela desacordada na cadeirinha como ela deixou enquanto não encontrava um rastro de Luna. Sua menina teria sido arremessada para fora do carro? Não era possível se ela estava tão em segurança quanto a irmã, Luna tinha que estar ali.

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