Capítulo 3

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DIAS DEPOIS

Lucero achou melhor não procurar mais Fernando, pois pensou que assim ele entenderia que ela não havia aceitado sua proposta e não queria nenhum tipo de aproximação com ele, era o melhor a se fazer para evitar sentimentos indesejados. Já ele, pensava totalmente o contrário e naquele dia, se acordou disposto a chamar a atenção da mulher de alguma forma, por isso mesmo sem o consentimento dela, levou seu gado para pastar nas terras vizinhas, o que logo chegou aos ouvidos dos funcionários e sobrou para Liliana comunicar o acontecido para a patroa. Como sempre, Lucero trabalhava no escritório quando a moça foi atrás.

− Com licença, dona Lucero. – Liliana bateu na porta, sem graça como sempre.

− Oi, Liliana, entre. Aconteceu alguma coisa? – Lucero levantou a cabeça, ajeitando o óculos de grau no rosto.

− É que vieram avisar que o seu Fernando colocou o gado para pastar aqui nas suas terras.

Lucero arregalou os olhos e fechou o livro de anotações, indignada. Ela foi bem clara quando disse que daria uma resposta se aceitasse a oferta de Fernando, ele não tinha nada que se meter em suas coisas contra a sua vontade.

− Mas isso só pode ser brincadeira. – Lucero se levantou, pegou o casaco e ia saindo.

− Para onde a senhora vai? – Liliana perguntou confusa.

− Vou resolver esse assunto. Se perguntarem por mim, diga que eu não demoro. – Lucero saiu.

Liliana fez careta e começou a roer as unhas, pensando se fez bem em contar o que tinha acontecido, pois não sabia se era certo Lucero falar tão brava daquele jeito com um desconhecido.

~ ♥ ~

Lucero não demorou a chegar ao lago mesmo tendo ido a pé, pois estava tão irritada que não quis nem pegar carro ou cavalo para não demorar tanto. Logo que se aproximou, ela viu Fernando observando com satisfação o gado beber água e comer capim nas suas terras.

− Posso saber o que está fazendo, senhor Fernando? – Lucero perguntou autoritária.

− Muito bom dia, senhora Lucero. – Fernando se virou para Lucero, sorridente. – Como não recebi a resposta que me prometeu, eu entendi que a senhora havia aceitado a minha oferta.

− E o que fez o senhor achar isso? – Lucero se aproximou de Fernando, com as mãos na cintura.

− Bem, eu cresci acreditando no ditado de que quem cala consente, então... – Fernando deu de ombros e Lucero interrompeu.

− Pois o seu ditado não funcionou comigo, se eu não te procurei é porque eu recusei o que você tinha me oferecido.

Fernando ergueu a sobrancelha. Por que raios aquela Lucero que estava ali não lembrava em nada a mulher que ele conheceu há poucos dias? O que a fez mudar tão repentinamente?

− Oh, me desculpe, mas dessa vez já está feito. Depois eu passo para entregar o seu cheque como pagamento.

Lucero notou um leve toque de ironia na voz de Fernando e se irritou ainda mais. Por que ele fazia de tudo para estar perto dela?

− Não, dessa vez passa. A única exigência que eu faço é que isso não se repita. – Lucero passou a mão no rosto.

− Pode deixar, eu dou a minha palavra, me desculpe. – Fernando assentiu. – Mas, senhora Lucero, eu posso lhe fazer uma pergunta?

− O que quer? – Lucero encarou Fernando estranhamente.

− Por que de uma hora para a outra, a senhora se tornou arisca comigo? No primeiro momento, eu achei que poderíamos ser bons amigos.

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