Capítulo 9

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Mas antes que Lucero pudesse pensar em ir atrás de Liliana para conversar, ela percebeu que a moça já a esperava sentada no sofá.

− Lili? O que ainda faz acordada? – Lucero perguntou confusa.

− Ah, eu não consegui dormir sem antes saber como foi tudo. – Liliana correu até Lucero que riu. – E aí, ele é mesmo tudo que você sonhou? – ela segurou a mão da mulher.

− Tudo e mais um pouco. – Lucero suspirou apaixonada e abraçou Liliana de lado, levando-a até o sofá, onde se sentaram. – Nós conversamos, nos conhecemos melhor e eu ainda ganhei um cachorrinho, olha só. – ela sorriu.

− É mesmo? Como? – Liliana sorriu confusa.

− O Fernando acolheu uma cadelinha que deu à luz e disse que assim que os filhotinhos desmamarem, vai me trazer um.

− Ai que lindinho. Você merece essa felicidade, sério, isso também me deixa super feliz. – Liliana suspirou sorrindo.

− Obrigada por todos os conselhos e apoio incondicional, minha querida. – Lucero abraçou Liliana.

Liliana acariciou o cabelo de Lucero, sentindo um grande alívio por vê-la bem depois de tanto sofrimento. O momento foi interrompido pela chegada de Manuela que tropeçava nos próprios pés de tão bêbada como de costume, mas daquela vez, a mãe resolveu não se calar.

− Manuela, isso são horas de chegar? Olha o seu estado, minha filha.

− Não enche, mãe. – Manuela falou embolado e ia passando.

− Espera aí, você não pode falar assim comigo e sair, eu sou sua mãe. – Lucero se levantou e Liliana fez o mesmo, ficando ao lado dela.

− O que você ainda quer? – Manuela se aproximou de Lucero. – Você só é minha mãe para me criticar porque no dia a dia, até a empregadinha é melhor do que eu. – ela apontou para Liliana com desprezo.

− Não fala assim dela, eu não admito, o problema aqui é você. – Lucero tomou a frente de Liliana que segurou na cintura dela.

− Claro, o problema sempre sou eu. – Manuela riu irônica já entre lágrimas. – Você só vê defeitos em mim para mascarar o que há em você.

− Do que está falando? – Lucero perguntou com os olhos marejados.

− Você resolveu se trancar aqui nesse fim de mundo, só pensando na menina sumida e nenhuma vez sequer na perda do meu pai.

− Não fale o que você não sabe! – Lucero gritou também chorando. – Todos os dias eu penso e sinto falta do seu pai, ele era o amor da minha vida, é claro que eu vou pensar nele. – ela deu de ombros. – Mas infelizmente ele não está mais aqui e eu tenho que lutar para encontrar quem está, essa menina sumida que você diz é a sua irmã e ela é tão minha filha quanto você.

− Eu duvido que você estivesse me procurando até hoje se fosse eu que estivesse desaparecida, pelo contrário, a sua queridinha, a gêmea preferida ia completar a sua vida de uma forma que você nem se lembraria de mim.

− Você está sendo injusta. – Lucero falou baixo. – Eu arrisquei a minha vida por você, garota! – ela voltou a gritar. – Tudo que eu fiz ao tentar seguir em frente, construir essa fazenda e todas as empresas dessa cidade foi pensando no seu futuro, em manter a vida que você estava acostumada para que toda a desgraça que aconteceu com a nossa família afetasse você o mínimo possível.

− E de nada adiantou porque eu perdi o meu pai que era quem me amava de verdade e você ficou ainda na esperança de encontrar a sua filha, mas saiba, mãe, que tudo deu errado. Era para você ter morrido com a garota e ter me deixado com o papai.

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