Capítulo 30

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Quando entraram no iate, Manuela empurrou Lucero e Liliana para dentro de uma cabine enquanto Rodrigo pilotava. A mãe e a filha encararam a outra com os olhos chorosos, mas ela fingiu nem ver. Na verdade, estava adorando ser temida por elas.

− O que você vai fazer, Manuela? – Liliana sussurrou, abraçando Lucero que tremia.

− Não sei ainda, maninha, estou deixando o destino nos levar para onde ele quiser. – Manuela sorriu irônica, jogando o cabelo para trás. – Mas vamos conversar um pouquinho, pela primeira vez você realizou o sonho de ter as duas juntas, mamãe, olha que legal.

− Minha filha, você não precisa disso. – Lucero falou chorando.

− E desde quando você sabe do que eu preciso?! – Manuela gritou, fazendo Lucero se encolher mais nos braços de Liliana, soluçando. – Você nunca se importou comigo.

− Mentira! Eu sempre amei você do mesmo jeito que amo a sua irmã! – Lucero também gritou. – Eu estava muito mal com tudo que descobri de você e achei que seria uma boa lição deixar que você se virasse sozinha porque eu jurava que você voltaria me pedindo desculpas e eu juro que te desculparia, filha. – ela soluçou. – Vamos embora daqui, ainda dá tempo, você volta para casa e eu prometo que tudo será esquecido.

Manuela andava de um lado para o outro, atordoada. Ela tinha acabado de perceber que sentia muita falta de Lucero, mas tudo que ela fez a deixou com um rancor maior do que seria o amor de filha dela e por isso ela e Liliana precisavam pagar.

− Não, não, cala a boca! Vocês só saem daqui quando eu mandar. – Manuela gritou.

Liliana abraçou Lucero protetoramente enquanto ela chorava feito uma criança. Parecia que Manuela tinha adoecido mais depois que se envolveu com Rodrigo e o seu desespero era por não poder fazer nada para ajudá-la.

− Manuela, você cometeu um erro em ter se juntado ao Rodrigo, eu não sei se você sabe, mas ele saiu da fazenda porque era um fugitivo da polícia. – Liliana falou.

− E é justamente por isso que eu o escolhi, ele jamais se arrependeria ou teria medo de fazer qualquer coisa com vocês. – Manuela sorriu irônica.

Liliana abaixou a cabeça. Não existia nada que fosse pior do que o que Rodrigo fez com ela, por isso ela só precisava proteger Lucero para que a história não se repetisse com ela.

− Manuela! – Rodrigo gritou de longe.

− Não saiam daí ou vão se arrepender. – Manuela falou para Liliana e Lucero e saiu.

Manuela subiu a escadinha que dava para onde Rodrigo estava pilotando o iate e o encontrou tentando manobrar, aperreado.

− O que é?

− Está sem combustível, não temos como voltar e vem uma grande tempestade por aí.

Manuela olhou para o céu e viu as várias nuvens cinza se formando. Com certeza a tempestade não demoraria a cair.

− Eu não acredito que você não checou o combustível antes de sairmos. – Manuela falou de olhos arregalados. – Não temos como contatar a marinha para nos resgatar?

− Ah, e o que você acha que a polícia faria comigo quando me encontrasse? – Rodrigo ironizou.

Era só o que faltava ter que morrer ali porque Rodrigo não queria se entregar para a polícia outra vez, Manuela pensou.

− Dane-se, você se vira. Eu não cheguei até aqui para morrer. – Manuela começou a procurar entre os botões da direção algum que servisse para pedir ajuda.

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