Capítulo 2

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DIAS DEPOIS

As coisas iam muito bem na casa de Lucero se não fosse pela falta de notícias sobre o paradeiro de Luna, mas a mulher continuava mantendo as esperanças de que um dia a reencontraria. Liliana era realmente o que todas esperavam, bastante prestativa e boa em todos os serviços domésticos, só com quem ela não convivia muito era Manuela que não fazia questão de se relacionar com os funcionários, nem mesmo com Benita que a viu crescer. Em um dia normal, Lucero trabalhava em seu escritório quando chegou um homem desconhecido querendo falar com ela e Liliana tratou de avisar.

− Com licença, dona Lucero. – Liliana falou sem graça, só com a cabeça na porta.

− Claro, Liliana, entre. – Lucero sorriu, terminando de imprimir uma folha.

− É que tem um moço aí querendo falar com a senhora.

Lucero ficou confusa, ela não costumava receber visitas nem mesmo dos parentes.

− Moço? Que moço? – Lucero franziu o cenho.

− Não sei, a dona Benita disse que nem ela conhece. – Liliana deu de ombros.

Lucero estranhou ainda mais. Benita conhecia mais gente até do que ela, mas não fazia ideia de quem estava a esperando.

− E onde ele está?

− Bom, eu o deixei na sala de visitas como achei que a senhora conhecia.

− Não tem problema, eu já estou indo lá. Obrigada. – Lucero saiu.

Lucero estava curiosa para saber quem tanto esperava para falar com ela, já que ninguém nunca o fazia, que nem se importou se um desconhecido estava dentro de casa.

− Bom dia. Queria falar comigo? – Lucero já se aproximou falando.

O homem se virou para a frente e o peito de Lucero deu um salto. Como ele era bonito, há muito tempo ela não via um homem tão lindo, pois desde que Manuel se foi, ela se fechou completamente, vivia apenas para Manuela, a busca por Luna e o trabalho, por isso aquele formigamento diferente na pele lhe causava uma sensação estranha. O homem também estava embelezado com ela, nunca havia visto uma mulher tão bonita e quando soube que tinha uma mulher viúva comandando a fazenda ao lado da sua, ele imaginou tudo, menos que era uma pessoa jovem e com uma beleza única. Mas percebendo a sua cara de bobo, ele deu um passo à frente.

− Bom dia. Eu sou o Fernando Colunga, seu novo vizinho, muito prazer. – Fernando estendeu a mão.

Lucero ergueu as sobrancelhas. Por que em todos aqueles anos nenhum vizinho apareceu na sua casa e de repente apareceu aquele tal de Fernando? Mesmo confusa, Lucero manteu a educação.

− O prazer é meu, sou Lucero. Sente-se. – Lucero apontou a cadeira e se sentou no sofá.

− Obrigado. – Fernando fez o que Lucero pediu.

− E então, o que te traz aqui? – Lucero uniu as mãos nas pernas, encarando Fernando atenciosamente.

Fernando quase se esqueceu do que havia ido fazer lá, impressionado com a beleza de Lucero.

− Eu vi que a senhora tem na sua propriedade um lago muito grande que não é bem aproveitado e gostaria de lhe propor uma sociedade.

− Perdão, mas qual seria a sua proposta? – Lucero cruzou as pernas e apoiou a mão no queixo.

Fernando se apoiou com os dois braços na poltrona, encarando Lucero. Cada movimento dela o fascinava e estava difícil manter a concentração daquele jeito.

− Ehhr... Bem, eu tenho alguns gados, poucos, e gostaria que a senhora me deixasse trazê-los para pastar na área da sua lagoa. Em troca, eu posso pagar pelo "restaurante", o que acha? – Fernando fez aspas com as mãos.

Lucero ergueu a sobrancelha outra vez. A troco de quê Fernando estava lhe fazendo aquela proposta?

− Olha, eu vou ser bem sincera. Eu não vejo vantagens nesse negócio para mim porque eu não preciso tanto assim de dinheiro. – Lucero descruzou as pernas e voltou à posição inicial.

− Eu imagino, mas eu pago o que for e posso retribuir com o que a senhora quiser.

Lucero observou Fernando um pouco. Ele parecia bem desesperado e ela adorava ajudar as pessoas, mas ele era um completo desconhecido, o que a impedia de confiar tão rapidamente.

− Eu preciso pensar sobre esse assunto, está bem? Eu te procuro assim que tiver uma resposta. – Lucero se levantou e Fernando fez o mesmo.

− Espero que a sua decisão seja positiva para ambos os lados. – Fernando estendeu a mão para Lucero.

− Eu também espero. – Lucero sorriu, aceitando o cumprimento.

Lucero e Fernando passaram alguns segundos de mãos dadas e perdidos um no olhar do outro, até que a mulher percebeu e se soltou.

− Ehhr... Eu te acompanho até a porta. – Lucero falou um pouco ofegante e apontou a porta, saindo quase sem encarar Fernando.

Fernando seguiu Lucero que estava agarrada à porta e passou por ela, parando antes de sair.

− Até mais, senhora, obrigado por me receber.

Lucero só conseguiu sorrir antes de Fernando sair. A proximidade e o simples fato de olhar para o homem lhe tiraram do eixo como há muito tempo não acontecia. Ela fechou a porta e se encostou, fechando os olhos. A mulher não podia e nem queria se sentir daquele jeito, seu coração e sua vontade de amar um companheiro tinham morrido junto com Manuel. Benita chegou à sala e estranhou ao ver a patroa pálida.

− Quem era, minha filha?

− Era o novo vizinho. – Lucero se desencostou da porta e saiu tentando fingir normalidade enquanto Benita ia atrás dela.

− E o que ele queria?

− Ele veio me propor ceder o lago da fazenda para o gado dele pastar.

− E você aceitou?

− Eu disse que ia pensar.

− Por quê? – Benita estranhou.

− Porque... – Lucero tentou pensar em alguma justificativa. – Porque eu não sei se isso vai trazer alguma vantagem para a gente, é isso.

Benita assentiu ainda confusa, mas tratou de mudar de assunto. Ela conhecia Lucero muito bem, ela não ficaria nervosa por simples problemas de trabalho, afinal ela nem precisava de tanto dinheiro assim, mas ela também sabia que não adiantava perguntar, quando fosse da vontade da loira, ela contaria a verdade.

                                                                    ~ * ~

Bastou o primeiro encontro para Lucero e Fernando ficarem feito bobos um com o outro KKKKKKKKKKKK <3

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