Capítulo 5

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DIAS DEPOIS

Lucero estava fazendo de tudo para não encontrar Fernando novamente e mesmo ele querendo estar ao lado dela, ele respeitava sua decisão e não a procurava, afinal sabia que aquele beijo também mexeu com ela e com certeza se ela sentisse algo por ele, iria procurá-lo algum dia. O que tinha crescido era o apego da mulher com Liliana, elas adquiriram o costume de tomar chá todas as noites na cozinha e trocarem confidências que nunca tinham falado para ninguém. Um dia, Benita mandou a moça limpar o quarto da patroa, coisa que ela disse que seria uma raridade, já que precisava de ajuda mesmo era no trabalho duro, mas acabou se atrasando para o almoço e passou o serviço para Liliana. Ela limpava uma das gavetas da cômoda de Lucero enquanto cantarolava uma canção de infância. Apesar de não se lembrar de muita coisa, vez ou outra ela se lembrava de um passado distante que não fazia o menor sentido na sua cabeça pelo simples motivo dela nunca ter conseguido ver o rosto e nem ouvir a voz das pessoas com quem possivelmente ela conviveu, a quem ela achava serem seus pais.

Glória a ti, glória a mi vida, ojos negros que me miran, água pura y cristalina serás para mí.

Lucero, que vinha entrando no quarto, paralisou ao ouvir Liliana cantando justamente aquela canção, a que ela sempre cantava para Luna antes dela dormir. Aquilo lhe trouxe diversas lembranças de quando era feliz, seu coração era uma eterna mistura de nostalgia e tristeza ao pensar há quanto tempo não cantava para a filha.

− Onde você aprendeu essa música? – Lucero perguntou com a voz trêmula.

− Ai que susto, dona Lucero! – Liliana se virou para Lucero. – Às vezes eu acho que é fruto da minha imaginação, mas eu posso jurar que a minha mãe cantava para me fazer dormir.

Lucero continuava encarando Liliana, com os olhos brilhando de lágrimas. Era muita coincidência, a moça foi adotada por uma mulher daquela região em que sofreu o acidente e até a música de infância era a mesma de Luna.

− E do que mais você se lembra? Você se lembrou dos seus pais? – Lucero perguntou nervosa.

− Não, infelizmente tudo é como um borrão na minha mente, eu só me lembro das coisas a partir do momento em que a Cristina me adotou. – Liliana suspirou, sacudindo a poeira das almofadas da cama de Lucero. – Mas a senhora está bem? Está pálida. – ela franziu o cenho para a mulher.

Lucero tentava buscar mil alternativas que a dessem certeza do que estava acontecendo, mas não conseguia pensar em nada.

− Era a música que eu cantava para a minha filha. – Lucero falou com a voz embargada.

Liliana também se surpreendeu com tantas coincidências entre ela e Luna e bem que adoraria que Lucero fosse sua mãe, mas se fosse, com ela tão perto e os vários investigadores cuidando do caso, a mulher não estaria sofrendo há quinze anos pela filha. A moça suspirou, largando o que estava fazendo. Talvez ela estivesse despertado mais um gatilho na patroa sem querer.

− Eu sinto muito, não queria fazer você pensar nisso. – Liliana falou sem graça.

− Não se preocupe, Liliana, acredite que apesar de não falar sempre, eu nunca me esqueço da minha menina. – Lucero suspirou. – Vem cá. – ela abriu os braços.

Liliana foi até Lucero e a abraçou com força. Desde que elas tinham se aproximado, aquele era o momento preferido da moça, quando a patroa lhe pedia um abraço e ela tinha aquela sensação de segurança que imaginava que sentiria caso um dia pudesse abraçar sua mãe.

− Eu não vou mais te atrapalhar. – Lucero soltou Liliana depois de alguns minutos. – Até mais tarde. – ela sorriu e beijou a testa da moça.

− Está tudo bem mesmo?

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