O som da sua voz. - Lisoo

I'll Be There

Ela pensou em ligar ou mandar mensagem, pensou em ir até o seu prédio e contar com a sorte para adivinhar o andar, mas assim como Jisoo ela precisava pensar. Não se ficaria ao lado dela naquele momento tão importante, porque sua decisão continuava a mesma desde que descobriu sobre o aparelho, ou seja, nada havia mudado já que aquilo nunca foi visto como um problema, o problema seria se Jisoo não gostasse de sua companhia ou a visse de um jeito psicopata. Lisa apenas precisava pensar em como faria Jisoo entender que aquela informação não a afastaria e que o que sentia não iria diminuir, porque se ela está doente significa que precisava de seu apoio mais do que em qualquer outro momento, ela precisava de alguém para segurar em sua mão quando as coisas apertarem e de braços para repousar quando quiser sentir conforto.

Jisoo só precisava entender que Lisa estava apaixonada, não por sua voz, mas por ela, aquela mulher encantadora, linda e engraçada. Se ela de fato perdesse a voz, Manoban daria um jeito de se comunicar com ela, mesmo que a outra saiba ler lábios como ninguém, mas ela faria de tudo para ficar ao seu lado e se adaptar a sua nova vida.

— Que cara é essa, Manoban? - Perguntou Jennie à amiga.

— Nada. - Respondeu em modo automático, assim como normalmente fazia quando estava com um problema.

— Ou seja, tudo.

Lisa estava terminando de limpar uma lente, porém esse trabalho poderia ser feito depois que desabafasse, que tirasse todo aquele peso das costas e partilhasse com alguém o que estava acontecendo.

— Fala de uma vez antes que eu suje tudo que você limpou. - Disse em tom de ameaça.

Ela não tinha para onde correr e se tentasse Kim diria algo que a faria mudar de ideia, ou tocaria em alguns de seus pontos fracos.

— Sabe a mulher com quem estou saindo? - Jennie confirmou. - Ela está doente.

— Muito doente? - Perguntou preocupada.

— Ela tem nódulos cancerígenos nas cordas vocais e perdeu a audição pelo mesmo motivo.

— Meu Deus. - Jennie era mais de falar do que apenas expressar suas reações, mas como estavam em horário de trabalho ela se conteve para não falar coisas inapropriadas, se contentando apenas com um olhar preocupado e aquelas duas palavrinhas. - Sinto muito.

— Ela me disse sexta quando fui levá-la em casa e antes de nos despedirmos ela disse que eu só deveria dizer qualquer coisa se tivesse certeza, porque cheguei de repente e tenho todo direito de partir do mesmo modo.

— Você não vai fazer isso, não é?

— Não, essa ideia nem passou pela minha cabeça, mas com toda certeza passou pela dela e eu tô com medo disso.

— Ela deve ter perdido muitas pessoas por conta disso, então tem uma certa lógica ela ter dito isso.

— Também pensei nisso e na hipótese de ser expulsa da vida dela por achar que estou com pena.

— Você deveria conversar com ela sobre isso e falar a verdade, tudo que deseja e por que não vai abandoná-la neste momento tão crucial.

— Quem diria que o momento de me declarar finalmente chegou.

— Só lembra de ficar calma para não gaguejar muito.

— Pode deixar.

A única coisa que lhe restava para fazer era continuar o que estava fazendo e esperar mais três horas, pois esse era o tempo que ainda faltava para o fim do expediente, para ver Jisoo e esclarecer cada possível mal entendido.

(...)

Manoban pensou em flores, em alguns bombons ou até mesmo em outro ursinho de pelúcia, mas ela rapidamente lembrou que não sabia quais eram as flores favoritas de Jisoo, nem mesmo se gostava de bombons e se sim de qual tipo seria. Já outro ursinho parecia demais para tão pouco tempo. Para não correr o risco de não pegar a livraria aberta e nem chegar cansada de tanto correr, Lisa foi de carro e em seu percurso ela ao acaso encontrou um café aberto, o que significava muitos doces na vitrine. Em uma rápida espiada, ela logo encontrou o que estava procurando e nem sabia, mochi, comida coreana que dificilmente um coreano não gostaria.