Como estava muito ocupada com todos os preparativos da viagem, a fotógrafa sempre dava um jeito de passar na casa da namorada depois do expediente, ficando quinze minutos e depois indo embora. Jisoo normalmente a questionava sobre estar ao seu lado, fosse de forma direta ou de um jeito imperceptível o resto do mundo, mas Lisa entendia o que ela queria dizer e dava um jeito de expressar - não só com palavras - o quanto a amava. As mensagens estavam limitadas a questionamentos se Kim havia comido direito e se fez algo durante o dia, trazendo um pouco de culpa a outra por não estar tão presente quanto gostaria.
Assim como o prometido no juramento de mindinho, Lisa a acompanhou na consulta para saber se estava tudo bem com o local da cirurgia. A namorada de Seulgi, vulgo Irene, examinou não só os exames de sangue que Jisoo havia feito no dia anterior, mas como também examinou sua garganta e cordas vocais, para se certificar que tudo estava perfeitamente bem.
— Como eu disse, você está muito bem, Jisoo. - Disse Irene.
— Então ela já pode… - Seu olhar se fixou em Jisoo e não mais na médica, porque algo a dizia para olhar para a namorada. - …tentar falar?
— Não só pode, mas como deve. - Disse Irene. - Então Jisoo, gostaríamos muito de te ver falando alguma coisa agora.
O olhar de Jisoo caiu sobre os seus dedos e o medo de que nenhum som saísse sucumbiu seu ser. Ela detestava ser pressionada, detestava agir de um jeito que não gostava, mas acima de tudo detestava sentir medo e aquilo era a coisa que mais sentia, medo de não conseguir falar outra vez, medo de se decepcionar ao tentar e medo de perder quem tanto amava só por conta de sua condição.
Lisa precisava ficar sozinha com a namorada, então através de um olhar Irene entendeu o que ela queria.
Com a saída de Irene, Lisa se ajoelhou em frente a namorada e tocou suavemente em sua mão, mas nem mesmo assim ela a olhou.
— Jisoo. - Se ela não soubesse, poderia jurar que seu aparelho estava desligado, assim como a sua percepção de toque era inexistente. Só que Jisoo podia escutar e sentir tudo muito bem, sendo aquilo uma consequência da tristeza que tanto sentia. - Pode me olhar? - Jisoo negou e poderia negar mais se Lisa não tivesse colocado a mão suavemente sobre seu rosto, para que sentisse não só seu toque, mas sua presença, seu apoio. - Por favor, me olha.
Ela não queria, mas de algum jeito seu coração tomou controle da coisa e resolveu atender aquela doce voz que a pertencia.
Por mais que já estivesse abalada com a condição e negação da namorada, Lisa se comoveu ainda mais ao notar seus olhos marejados e cheios de tristeza, aquele brilho que só pertencia aquela emoção e que de certa forma dilacerava seu coração. Ela queria poder eliminar tudo aquilo, todas aquelas malditas possibilidades e sentimentos ruins, mas não podia fazer nada além de lamentar e tentar confortá-la.
— Tenta falar alguma coisinha, por favor.
“Não posso mais falar.”
— Claro que pode, não escutou o que a doutora disse? Você só precisa fazer esforcinho.
Jisoo tinha uma cabeça dura demais para escutar qualquer coisa e não seria uma médica ou sua namorada que a convenceria. Visto que seria algo impossível para se fazer, Lisa levantou de onde estava, deixou um beijo demorado no topo de sua testa e saiu para conversar com a médica, mas antes avisando a Jisoo que faria isso.
— Eu vou chamar a terapeuta para conversar com ela, a Jisoo passou por um processo significativo em sua vida e está insegura. - Disse Irene.
— Não chame ela ainda, me dê só mais um dia e se eu não conseguir você pode fazer isso. - Pediu Lisa, com um ar suplicante.
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O som da sua voz. - Lisoo
Fiksi PenggemarE ao acaso Lalisa se apaixonou por uma voz, uma linda voz e a única coisa que ela queria naquele momento era descobrir quem era sua dona e escutá-la falar ou cantar mais um pouco, só não esperava ser surpreendida e arrebentada pelo destino. Então da...