Pedi desculpas muitas vezes para Chris, tantas que ocasionaram até uma crise de riso nele. Conversamos por alguns minutos no telefone e decidimos nos encontrar no outro dia, ele disse que eu precisava descansar e cuidar de mim, não neguei.
Quando Minho voltou me levou para casa, ele e Jisung agiram como meus pais, me deixaram dentro do apartamento, compraram comida e até mesmo certificaram se eu ia jantar. Quando finalmente fiquei sozinha resolvi pegar o celular, agora eram oitenta mensagens perdidas de Yeonjun.
— Não temos nada o que conversar... — exclui os chats e seu número — nunca mais...
•••
Eram seis da tarde, não sai de casa, passei o dia enviando os convites da festa de Minho e organizando as atrações principais. Felix, Hyunjin e Changbin tentaram me trazer o almoço mas eu menti dizendo que estava comendo com um amigo. Passei o dia sem comer, não estava com apetite algum mas por um lado bom havia conseguido terminar a maioria das pendências sobre a festa neste tempo.Já estava tarde, achei melhor tomar um banho e tirar um pouco o olhar da tela do computador. Assim que sai do banheiro meu celular tocou, ignorei, queria me secar e vestir roupas confortáveis, quem sabe arrumar a bagunça que fiz na sala com os cobertores e travesseiros espalhados pelo chão. A campainha tocou, não estava esperando ninguém, podia ser a síndica do prédio.
— Sério o que essa velha quer? Ela sempre vem nos piores momentos e o porteiro nunca avisa — segurei a toalha com força e fui até a porta — O que foi, senhora Shi...
— Ah...
— Ah! — fechei a porta rapidamente e escondi o rosto na palma das mãos.
— Sam — riu do outro lado — Eu posso entrar?
— Droga Chris! — maldita hora — Por que não me avisou?!
— Eu te liguei mas você não atendeu...
— Merda! — olhei em volta, eu estava nua e meu apartamento uma bagunça, esqueci totalmente que ele havia pedido ajuda com a playlist — Não sai daí, eu já vou abrir!
— Okay —respondeu, ele continuava gargalhando.
Mais rápida que a velocidade da luz, juntei toda a bagunça espalhada pelo apartamento e levei até meu quarto. Vesti um moletom largo e um shorts e fiz um coque rápido no cabelo, pra quem já me viu de toalha essa roupa não seria a pior, afinal, Chris era só um amigo como qualquer outro, ninguém que eu tenha que impressionar.
— Oi, desculpa eu achei que era a síndica —ditei aí deixá-lo entar.
— Tudo bem, eu não uso roupa no meu apartamento também — ele se sentou no sofá, eu corei e ele riu mais ainda, peguei o travesseiro mais próximo e arremessei nele.
Chris carregava uma bolsa nas mãos e usava um headphone pendurado no pescoço, ele retirou da bolsa um notebook e apoiou na mesa de centro, me sentei ao seu lado e fitei o computador, mais de cem arquivos de músicas.
— Woah, quanta coisa! — meus olhos brilharam — são suas?
— Sim, algumas que escrevi, outras produzi o sample, esse notebook é minha vida, as coisas mais importantes pra mim estão aqui.
— Incrível, tem mais de cem, você deve ser muito dedicado...
Ele me observou com carinho, de fato, estava hipnotizada por tanta coisa. Chris observou minhas mãos e depois voltou o olhar ao meu rosto, fitei em retorno.
— O que foi?
— Sua mão está tremendo, você ta bem?
— Ah... — cerrei os punhos e desviei o olhar — tá tudo bem, eu não comi nada ainda, pode ser por isso, mas tudo bem eu não estou com fome.
— Não come desde quando, Sam?
— O que? Por que está se preocupando? — Eu ri mas ele não parecia estar caindo no meu papo — Qual é, Chan. Nao estou com fome.
— Sua mão tá tremendo, mulher! — ele se levantou e pegou minha mão me arrastando até a cozinha — me mostra onde estão os ovos, pães, Bacon e... azeite!
— O que? — franzi o senho, ele puxou uma cadeira e me sentou nela, o que esse garoto estava pensando? — Chan...
— Vou fazer um sanduíche pra você e aí nós vamos trabalhar, não quero que negue meu sanduíche, ele era o favorito da minha mãe e o melhor sanduíche da Austrália — arregaçou as mangas e me olhou de uma maneira fofa com as sobrancelhas arqueadas — Vamos, me mostre onde estão as coisas.
Ele era teimoso, muito teimoso, não me ouviu nem um minuto e até mesmo quando eu tentei fugir da cozinha ele não deixou, quando disse que estava terminando me levou até a sala e me deixou sentada no sofá, olhando para a televisão enquanto tomava um chá de camomila que ele mesmo fez, eu não estava acostumada com tanto cuidado.
— Prontinho, aqui está — voltou para a sala com um sanduíche caprichado em um prato — enquanto você come vou mostrar algumas ideias que tive sobre as músicas da festa — se sentou ao meu lado e me entregou o prato.
Ele começou a falar, extremamente animado, dei uma mordida no sanduíche e por um instante tudo parou, estava delicioso! Eu não havia percebido o quanto precisava comer até dar a primeira mordida no sanduíche, passei o resto da noite com as pernas cruzadas aproveitando cada mordiscada enquanto opinava sobre as músicas que ele adicionava na playlist. Eu me sentia confortável com ele, da mesma maneira que me sentia com Minho, era bom ter mais alguém para me sentir assim.
A noite caiu mais rápido do que esperava, terminamos uma playlist extensa com cinco horas de musica, fizemos um bom trabalho.
— Quando chegar em casa me avise, ok? — levei o garoto até a porta, ele concordou com a cabeça e sorriu — Obrigada pela companhia e o sanduíche, estava precisando.
— Sam.
— Hm?
— Você não parecia bem quando te liguei, não comeu o dia todo, o que aconteceu? — senti meu peito apertar, desviei o olhar e cocei a nuca — quer conversar?— Yeonjun estava me traindo — Chris arregalou os olhos, acho que não esperava uma resposta tão rápida — Pois é, eu sei que logo vai passar, só me machucou um pouco...
— Ei, você não precisa diminuir sua dor, tá tudo bem — ele tocou meu ombro, tinha um sorriso acolhedor no rosto, meu coração palpitou de novo como na segunda vez que o vi — não sei o que está sentindo mas, tente se alimentar direito, dormir um pouco e se cuidar.
— Eu sei, só não senti apetite hoje...
– Se não sentir apetite amanhã também, pode me ligar que eu corro pra cá e te faço outro sanduíche — se aproximou um pouco e cobriu a boca — não conta pra ninguém mas é a única coisa que eu sei cozinhar.
Ri em resposta, Chris me fazia bem, era bom tê-lo por perto.
"Então eu já vou indo. Amanhã te envio a playlist para ajustarmos mais algumas coisinhas. Se precisar de algo é só me ligar, comida, um ombro pra chorar ou até mesmo um abraço."
Suas frases continuavam se repetindo em minha mente, como ele podia ser tão acolhedor?
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Love By Chance [FINALIZADA]
FanfictionSamantha sempre teve uma vida calma e monótona, até descobrir a dor de uma traição. Acompanhe nesta história a vida e as grandes confusões que Sam e seu melhor amigo, Lee Minho, serão capazes de fazer por amor.