Prólogo.

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Simone.

— Eu realmente não acredito no que estou ouvindo.

Eu não poderia deixar de demonstrar minha insatisfação. Aquilo era o cúmulo, não esperava receber uma proposta tão sem noção.

Principalmente vinda de meu próprio partido.

— Simone, essa é a sua chance.- Ele torcia, Luiz me dizer aquelas palavras, tão convencido de que daria certo me fez passar as mãos pelo rosto.

Eu não acreditava no que estava escutando, era coisa mais ridícula e sem nexo.

— Ela já soube dessa ideia ridícula?

Questionei cruzando meus braços. O homem me olhou com um sorriso no rosto, mas eu realmente me perguntava se aquilo não era uma pegadinha.

— Acredito que já esteja ciente.

Pensei por um tempo, balançando minha cabeça negativamente. Como diabos aquela ideia surgiu? Estamos em um país homofóbico, onde tudo o que eu conseguiria com aquilo, era perder votos.

— Ela foi minha aluna, você tem noção disso? Aliás, estamos em um país homofóbico e tudo o que conseguirei com isso é perder votos.

Concluí esperando uma resposta do mesmo, mas ele apenas sorriu e encostou-se contra sua poltrona confortável.

— Passado. E de qualquer forma, ela não estaria contra você. Ela seria sua vice presidente.

Concluíu e antes que eu pudesse comentar sobre o quão absurdo aquilo parecia, o telefone do escritório tocou. Vi um sorriso enorme crescer em seus lábios e logo ele pedir alegremente que a pessoa do outro lado da linha, entrasse na sala.

Ele colocou novamente o telefone no gancho e encarou a porta animado. Me virei em direção a mesma e em breves segundos, Senhor Bivar e Soraya entraram.

O homem levantou-se animado, Luciano sorriu e seguiu em sua direção para um abraço. Soraya olhou para todos os lugares daquela sala, exceto para mim.

Eu imaginava o quão desconfortável estava, afinal, a situação era um tanto constrangedora. — Boa tarde, Senhora Tebet.

Talvez tenha passado muito tempo lhe encarando, sorri com meus próprios pensamentos me levantei.— Boa tarde, Senhora Thronicke

Após a conversa entre os homens ali presentes, nos pediram para que sentassemos e só então deixamos nossas atenções sobre os dois homens ali presentes.

— Bom, sou casada e não tenho a mínima intenção de aceitar essa palhaçada.

Foi clara e curta, o homem encostou-se contra as costas da cadeira e suspirou passando as mãos pelos olhos.

— Eu acho essa ideia ridícula.- Comecei, tendo ambas as atenções sob mim.— Estamos em um país homofóbico, eu claramente perderei voto e além de tudo, sou casada e estou muito feliz com meu casamento.

Pontuei, ambos me olhavam em puro silêncio. Eu não conseguia acreditar que aquilo era uma proposta, eu não aceitaria aquilo de forma alguma.

— Nós podemos conversar com seu marido, ele compreenderá.

Concluíu Bivar, ele até soava compreensivo, mas eu ainda não aceitava aquilo.— É, pós eleições vocês podem acabar com isso.

— Precisamos apenas passar a eleição e depois disso, acabou? - Estava desacreditada, precisava repetir aquilo para ter certeza que ouvi certo.

— Sim! - Responderam juntos.

— Não! Isso é inaceitável para mim.

Concluí, me colocando a levantar logo em seguida. Soraya ainda não havia falado nada, parecia processar as informações.

— Não estamos pedindo, estamos mandando.- Alterou um pouco seu tom de voz.— Está no contrato. O partido toma as decisões, você cumpre.

— Não há nada sobre mentir a minha sexualidade.

Soraya enfim se posicionou, ficando de pé logo em seguida. Olhei para os dois á minha frente, esses que massageavam suas têmporas.

— Vejam, não é uma opção.- Começou Luiz.— Ou aceitam ou estão fora do partido.

— O que não falta é partido atrás de mim.

Comentei pegando minha bolsa, Soraya parecia pensativa e eu estava prestes a sair da sala, quando a frase que veio inesperadamente, me fez travar no lugar.

— Seu pai não gostaria de vê-la seguindo para outro partido.

Cerrei minhas mãos em punhos e travei no lugar por poucos minutos, soltei um suspiro em derrota e me virei em direção á eles.

Meu pai realmente era uma das minhas maiores motivações e eu não queria sair do partido do qual ele fez parte. Eu lutei para chegar onde estou e abandonar tudo é burrice.

Mas ainda sim, a situação na qual me encontro, continua á ser absurda.— Tudo bem, que fique claro que estou sendo forçada á fazer isso.

— Bom, eu não sei como explicar isso ao meu marido.

Foi tudo o que Soraya falou, voltei minha atenção á ela. Um suspiro escapou de meus lábios, rezava para acordar desse pesadelo.

— Não se preocupem com isso, podemos resolver.- Bivar deixou que seu tom animado prevalecesse.— Vocês só precisam parecer um casal.

— E eu já sei por onde podemos começar.

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Booom, é apenas o prólogo. Vocês gostaram?? Digam aí pra mim 🗣️

Contrato (Simone e Soraya)Onde histórias criam vida. Descubra agora