Capítulo VI

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Simone não teve uma reação, não sabia se deveria falar algo ou se deveria apenas sair dali naquele exato momento. Odiava fazer as coisas de cabeça quente.

Mas antes que pudesse tomar uma decisão, Eduarda bateu a porta contra a parede propositalmente. O homem levantou-se de supetão, arregalando os olhos ao ver sua esposa e sua filha ali em pé.

A mulher que até então não parecia ter se dado conta, encarou as duas e logo em seguida levou sua atenção até o homem que estava estático.

— Como eu não desconfiei ? - Se questionou em voz alta, soltando uma risada sem humor.— Estava na minha cara esse tempo todo.

O pior é que ele não pareceu ter uma desculpa se quer, tudo o que fez foi baixar a cabeça diante da situação e se calar.

Aquilo deveria ter lhe dado raiva, mas para ser sincera, ela preferia daquela forma. Não precisava de Eduardo tentando lhe explicar o inexplicável, não precisava dele inventando mentiras e mais mentiras.

— Filha, espera.-

Eduardo pediu ao ver a menina virar-se para sair dali á passos rápidos. Antes que pudesse segui-la, a morena levantou a mão lhe indicando que não o fizesse.

— Acho que a última coisa que ela precisa agora, é falar com você.- Concluíu soltando um suspiro cansado.— Os papéis do divórcio chegarão em breve.

Avisou, logo virando-se para sair dali também. Sua mente tentava lhe fazer processar tudo o que havia acontecido minutos atrás.

Ao fechar a porta, escutou o barulho de algo quebrando ali dentro, mas apenas fez seu caminho até o carro onde a menina mais nova já se encontrava.

Entrou no automóvel, fechando a porta. Um silêncio se instalou entre as duas ali, Eduarda tinha as bochechas molhadas pelas lágrimas que já escorriam livremente.

— Você precisa pegar suas roupas.- O tom suave da mãe, arrancou da meninas um fungado baixinho.

— Não quero voltar lá.-

O tom frágil fez com que a morena soltasse um suspiro cansado, desceu do carro novamente e seguiu até a entrada.

A mulher não estava mais ali e só então se deu conta de que o carro dela também não estava mais. Entrou na casa e seguiu direto até as escadas, viu Eduardo no quarto e passou até o quarto da filha.

Pegou uma mochila da menina e colocou algumas roupas, logo fechando-a e colocando em suas costas.

— O que está fazendo? - Ele lhe questionou curioso.

— Dá um tempo a ela, hum? - Pediu, esperando a compreensão que sempre tivera.

— Por que não grita comigo? Por que não me bate e me diz como eu sou imbecil? Um idiota? -

Ele realmente parecia esperar aquilo dela, mas não era como se ela agisse daquele jeito. Estava decepcionada, claro, mas não se rebaixaria á tal nível.

— Eu não preciso fazer isso, sua consciência fará por mim.

Concluíu, encarando o homem que só então soltou um suspiro frustrado.— Há quanto tempo?

— Uma semana.-

Foi tudo o que disse, Simone apenas balançou a cabeça em entendimento e saiu dali em silêncio. Era uma sensação tão ruim, traída por uma das pessoas que mais confiava.

Porém, só então tudo se juntou. Era exatamente por aquele motivo que ele não havia se importado com aquela ideia de relacionamento com Soraya ou se importado com o fato de ter que ir morar em outro lugar.

Contrato (Simone e Soraya)Onde histórias criam vida. Descubra agora