Before The Angels

Home of the wolves

— Como esse lugar se chama?

A pergunta foi feita assim que Nicolas entrou na cabana por um Brian curioso e sonolento, que estava no chão ao lado da cama de pernas cruzadas lendo algum livro velho.

— Por que você não está dormindo? – Perguntou ao invés de responder.

— O que estava fazendo para chegar a essa hora? – Perguntou sonolento deixando um suspiro cansada escapar.

O lobo o observou lutar contra o sono enquanto olhava fixamente para ele. Era consideravelmente adorável os olhos quase se fechando e ele os abrindo abruptamente deixando eles facilmente marejados. O moreno se aproximou calmamente dele, se ajoelhando em sua frente e pegando o rosto em suas mãos fazendo os pontinhos marejados adoráveis fixarem em si. Brian era uma bagunça, uma bagunça mandona e sonolenta.

— Vamos dormir, sim? – Brian acenou devagar deixando ser posto na cama ainda com o livros em mãos e puxando o corpo maior para abraço desajeitado – Eii, Bruxinho – Falou carinhosamente mechendo em seu cabelo – solte o livro, sim? Isso. Agora você pode voltar a dormir!

Ele era quente e confortável. O calor de seu corpo e o ritmo dos batimentos do seu coração estranhamente conhecidos, o que assustava um pouco os dois.

— Penumbra! É esse o nome desse lugar – Falou baixinho apertando ainda mais o bruxo em seus braços, que se aconchegou ainda mais nele e  aspirou seu cheiro. Agora ele não era um lobo fedido, agora era bom...

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O lobo acordou no meio da noite por causa de sua ronda diária. O corpo do vampiro praticamente jogado em cima dele o fazia questionar se valia realmente a pena sair da sua cama e do seu bruxo quentinho para sair na fria e silênciosa noite.

É claro que o fato dos movimentos sensíveis de Brian enquanto dormia não ajudavam muito em sua missão de sair daquele lugar, movimento esse em questão onde ele sutilmente tirava as mãos de perto do próprio rosto e depois colocava as mãos em seus braços um pouco acima da cintura do lobo.

Ele não estava realmente afim de sair.

Indo contra todos os seus instintos, ele se levantou cuidadosamente para não acordar Brian e foi até uma pequena bancada, pegando em mãos sua espada.

Com um traje totalmente preto ele saiu da cabana e foi em direção a floresta.

A floresta era deserta, eles estavam a dez anos naquele lugar, o que ajudava nas caçadas, na colheita e principalmente nas defesas, eles conheciam o lugar, e seu pai tinha certificado de que ele conhecesse cada centímetro tanto de dentro da floresta quanto fora dela.

Por isso, árvores perfuradas e rastros disfarçados não fugiram de sua percepção. Em passos calculados ele adentrou a floresta em guarda, segurando sua espada com força.

O leve vento rondando as folhas fazendo-as flutuarem em meio aos barulhos que a própria floresta fazia.

Um galho quebrou a poucos metros dele fazendo-o desembainhar sua espada e entrar em posição de defesa.

Esteja sempre pronto para atacar e matar! Seu pai lhe disse isso quando ainda era pequeno, seis anos. Ele estava pronto, completamente pronto para matar a pessoa em questão, e ele quase faz isso assim que se virou sendo impedido apenas pela voz soando no escuro:

— Sou eu, a Ryle!

Ele rapidamente abaixou a arma e soltou um suspiro aliviado.

— O que está fazendo aqui? – Perguntou colocando a espada novamente na bainha e direcionando seu melhor olhar zangado para a menina.

— Vigília diária!

— Você não faz isso! – Falou friamente – Você tem apenas 16 anos, não sabe nem mesmo pegar em uma arma! Ou sabe? – Perguntou com deboche.

— Não, eu não faço ideia – Disse normalmente e chegou mais perto do mais velho – Mas isso não significa que não possa fazer agora!

— Significa sim! Saia, vai embora, agora!

— Não.– disse simplista

— Ryle!! – falou autoritário.

— Nicolas!! – Riu divertida – sabe, por quê não fazemos um acordo?

Nicolas a encarou em puro sarcasmo e perguntou:

— Que acordo pirralha?

— Você, meu grande alfa e soberano líder, me deixa ficar com você essa noite e eu faço a Tessa lhe ajudar com o corte de peixe!

O lobo nem precisou de tempo para ponderá logo pegando na mão da adolescente e firmando o acordo:

— Ok.

●●●

Os dois andavam pela floresta em silêncio apenas ouvindo o bater das folhas. Até Ryle quebrar o silêncio com uma pergunta:

— Você gosta dele não é?

Nicolas ponderou por um tempo até exclamar confuso:

— Dele quem?

— Brian! – Falou normalmente – Você gosta dele?

— Não. – disse não sendo muito convicente, não para ela – O que te leva a acreditar que sim?

— Quando você olha para ele é diferente – Nicolas olhou ainda mais confuso para ela – Olhos de coração! Seus olhos viram corações quando ver o Brian fazendo qualquer coisa.

— Isso não é verdade! – Disse suspirando.

— Então porque ele ainda está aqui? – indagou risonha.

Nicolas não tinha resposta para aquilo, por isso ficou quieto seguindo em frente.

Brian tinha entrado na floresta á quatro dias, levando em conta que ele passou metade deles adormecido dentro de uma cabana, não era realmente adequado estar tão confortável com a presença dele ali.

Ele era um vampiro meio bruxo que tentou sugar seu sangue para sabe sei lá o que, não era inteligente dormir na mesma cama que ele. E ele fez isso, então, logicamente Nicolas estava sendo idiota ou manipulado.

Por agora ele ia se considerar neutro.

— Heleonor Mesbah chega amanhã pela manhã! – Falou na tentativa de mudar o assunto.

— Finalmente! – Exclamou esquecendo o assunto anterior – Estava com saudades...

O lobo olhou para ela segurando uma risada.

— Seu idiota!

— O que?

— É bom você segurar essa sua língua grande! – Ameaçou apontando o dedo e olhando ameaçadoramente para ele – Se você fizer novamente o que fez no ano passado, vou ter que devolver na mesma moeda.

— Estou tremendo de medo! – Mostrou a mão fingindo tremer.

— Tenho certeza que seu namoradinho não iria gostar que eu falasse para todos da alcateia que vocês dormem juntos da mesma cama! – sorriu prepotente para ele quando viu o outro fechar a cara.

— Vamos para a ronda!

Ryle riu dele e o seguiu pela floresta.