CAPÍTULO 12

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— São amigos, certo? — o policial questiona enquanto lia brevemente a folha de depoimento de Type que estava logo a sua frente ao lado da mãe.

— Amigos, amigos, não. Só o conheço há uma semana — ele responde tentando não tropeçar nas próprias palavras. Suas mãos estavam inquietas sobre a mesa e as pernas trêmulas.

— Entendo. Algumas pessoas disseram que estava com ele ontem a noite. Confirma isso? — Type olha para a mulher ao seu lado e suspira pesado logo depois assentindo em resposta a pergunta do policial.

Tendo sido a única pessoa vista por Kim com Tem, Type foi o primeiro a ser chamado a delegacia para prestar depoimento sobre o desaparecimento do garoto.
Kim foi a polícia na mesma noite da festa logo depois de procurar pelo irmão por horas e não encontrá-lo. Mesmo assim, teve que esperar até o dia seguinte já que (segundo os policiais) Tem podia estar na casa de um amigo ou coisa assim.

Naquela noite, Kim não conseguiu pregar os olhos. Havia consultado cada pessoa com um mínimo de sobriedade na festa para saber se alguém sabia onde seu irmão estava; o ligou diversas vezes e também enviou diversas mensagens perguntando sobre seu paradeiro mas não obteve resposta.

— Okay, então, sobre o que conversaram? — o policial pergunta deixando as folhas sobre a mesa agora encarando o garoto. 

— Sobre a escola — Type diz incerto, ele fecha os olhos por um breve segundo e respira fundo. É só dizer o que o Time mandou, ele pensa — E Tem me disse que estava esperando uma pessoa.

— Uma pessoa?

— É. Um carinha que ele conheceu em um aplicativo de namoro, não chegou a me dizer o nome mas disse que tinham planos juntos — ele mente.

— Chegou a ver esse 'carinha'? Viu se eles se encontraram?

— Não, nos separamos assim que entramos na casa e eu não o vi depois — Type sente o coração palpitar contra o peito quando a mão de sua mãe toca a sua, se sentia horrível em mentir e mais ainda por fazê-lo na frente dela. Ele a amava, tinha medo de que se contasse a verdade perdesse seu afeto; medo de como ela reagiria e de como o olharia. 

E pior do que isso, tinha medo de Time.  Àquela altura, estava claro que ele não tinha medo de sujar as mãos e fazer o que quer que fosse desde que isso significasse não ter problemas.

— Tudo bem. Nos avise se lembrar de alguma coisa que possa ajudar a encontrá-lo — a autoridade diz ao que se levanta a cadeira, assim, ele deixa a sala.

*

— Ele está mentindo — Kim contesta após ouvir o policial contar sobre o depoimento de Type — Tem nunca faria algo desse tipo, você não o conhece. Ele não é assim.

— Foi o relato da última pessoa que disse ter visto com ele — o agente diz com calma — Disse que ele tinha poucos amigos, certo? Talvez tenha visto nesse rapaz do aplicativo alguém com quem poderia ter uma amizade ou até mesmo um relacionamento.

— Ele não é assim. Aconteceu alguma coisa, eu sei disso — o garoto repete com o tom baixo e atordoado. Tem nunca faria algo assim, Kim tinha certeza.

—  Vocês vão investigar, certo? — a mãe de Kim pergunta olhando para o homem que acena positivamente com a cabeça;

Estava acostumado a lidar com jovens que fugiam de casa e eram dados como desaparecidos por pais e familiares. Tem era um jovem descrito como tímido e de poucos amigos, havia crescido em um ambiente conturbado, com figuras genitoras ausentes e um pai alcoólatra, era um caso simples. 

TOXIC || VEGASPETE Onde histórias criam vida. Descubra agora