Pov
AnaDesde que nos beijamos na apresentação, muitas coisas aconteceram, foi naquele exato momento em que soltei os lábios da Mariana e olhei em seus olhos é que tive uma sensação estranha. A sensação era de que talvez eu tivesse gostado mais daquele beijo do que eu esperava. Quer dizer, eu não esperava gostar nem um pouco, estávamos fazendo aquilo para cumprir com um plano de ação, era apenas uma atuação. Não sou lésbica, o objetivo era só fingir, criar uma imagem para lutar pelas nossas meninas perante a justiça. Eu praticamente "fugi" depois daquele beijo, cumprimentei algumas pessoas para não parecer indelicada, mas tratei de correr da empresa. Não falei mais com a Mariana. Corri para casa e agora estou aqui trancada no meu quarto. Cecília e Rodrigo ja bateram na porta várias vezes, Mariana e Juan não param de me ligar. Até a Alta Gracia já me mandou mensagem, estou perdida. Estou nervosa, confusa e não sei o que falar com os meus filhos, porque não planejei essa parte...
- Mãe, vamos chamar alguém para arrombar essa porta! Ja faz mais de quatro horas que está aí dentro! Todo mundo está preocupado.
- Até o papai está aqui! - Rodrigo falou.
Ah não! Logo o Juan! Droga, justo ele que seria o último que eu queria falar naquele momento. Talvez eu precisasse encarar logo isso, afinal uma hora eu teria que faze-lo. Só não estava preparada para encarar a Mariana. Respirei fundo, joguei uma água na cara e abri a porta do quarto. Ceci e Rô que não esperavam que fosse abrir a porta e estavam grudados na porta, quase caíram no chão. Eu me assustei e ajudei a levantar os meninos.- Vocês precisam ficar tão nervosos?! Quer dizer que não posso tirar um tempo para mim?
- Não depois de assumir um relacionamento lésbico na frente de toda a família e amigos. - Juan se aproximou com tom de deboche, eu cruzei os braços e revirei os olhos.
- Juan, o que você tem haver com isso?
- Se envolve minha família, eu tenho sim tudo haver. Ana, ainda estamos casados legalmente!
- Estamos nos divorciando. - falei enquanto andava pelo corredor. Fui em direção ao quarto das meninas procurar pela Regina. Ceci e Rodrigo andavam atrás da gente.
- Onde está a Regina? - Notei que só a Valentina estava no berço.
- Mariana veio buscar tem uma hora. - Cecília comentou.
- Ainda não estamos divorciados Ana, você não pode assumir um relacionamento assim em público, é ilegal. - Juan argumentava indignado.
- O que quer dizer com relacionamento assim? Está sendo homofóbico Juan?
- Não sou homo sei la o que!
- Juan, o que você está fazendo na minha casa? - parei e cruzei os braços irritada.
- Nossa casa. - Juan respondeu.
- Que horas que Mariana veio Ceci?
- Ja falei que tem uma hora mãe.
- Sabe porque ela levou a Regina? - indaguei franzindo a testa.
- Ana, você não percebeu que deve uma explicação para a sua familia! - Juan falou bravo, e quando ele falava assim sabia que era o limite da paciência dele. Então parei, olhei para os três, coloquei a mão na cintura e perguntei:
- O que vocês querem saber?
- Você e a Mariana estão namorando? Tipo num relacionamento? - Ceci perguntou e os três me encararam, era muito difícil mentir para eles que me conheciam tão bem. Olhei para o lado e falei sem firmeza:
- Não ficou claro?!
- Ana reponde a pergunta da sua filha.
- Juan me conhecia e sabia que eu tinha dessas para sair pela tangente.- Sim. Estamos sim. - olhei finalmente para os três e respondi rapidamente enquanto pegava Valentina no colo e saí do quarto, queria dar a janta para ela, então caminhei em direção a cozinha. Os três continuavam a andar atrás de mim, pareciam uma procissão, estava me irritando. Enquanto colocava Valentina na cadeira de alimentação, Juan perguntou cerrando os olhos:
- Ha quanto tempo?
- Tem algum tempo. - desviei o olhar, Juan certamente percebeu que era uma mentira, ele me conhecia.
- E porque não contou para a gente? - Rodrigo perguntou.
- E-eu...
- Não sabia que gostava de mulheres! - Juan exclamou, todos falavam ao mesmo tempo e fiquei atordoada com tantas perguntas, talvez tivessse que ter me preparado melhor para isso.
- Mariana vai voltar a morar com a gente? - Ceci perguntou.
- Chega!!! Juan, vai para a sua casa, hoje não é seu dia com as crianças. Ceci e Rô, se ja jantaram, subam para seus quartos e vão fazer tarefa de casa. Alta, por favor, traga a janta da Valentina. - dei as ordens como ja era de costume e todos obedeceram. Os meninos subiram e Juan antes de ir embora me intimidou:
- Se isso for mais uma das suas invenções, como eu acho que é, não pense que vou deixar barato. - me encarou e me deixou por fim a sós. Ficamos só eu, Alta e a Valentina. Alta me encarava desconfiada enquanto eu alimentava Valentina.
- Que foi Alta? Não tem mais o que fazer? - admito que fui grosseira, mas como falei ainda não estava pronta para dar justificativas para ninguém.
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O Improvável
FanfictionVamos continuar do momento em que Ana e Mariana se beijaram? Há de se convir que um beijo, sempre é um beijo, principalmente quando envolvem energia e sentimentos ja enraizados anteriormente. Um beijo pode abrir novas possibilidades e com isso traze...