- O que está fazendo? - indaguei nervosa, minha respiração estava acelerada e meus olhos arregalados. Mariana ficou desconcertada, talvez esperasse novamente outra reação da minha parte, não sei. Ela desviou seu corpo me liberando e falou:- Vai deixar a louça para a Alta Gracia? - respondeu tímida, desconversando.
- Eu... - fiquei muito desconcertada pela situação, ao mesmo tempo que percebi que Mariana estava claramente frustrada por eu não ter correspondido àquela iniciativa que ela teve.
- Deixa que eu lavo... - ela se aproximou da pia e eu praticamente rolei meu corpo para o lado, recostei na bancada ao lado da pia.
- É que tenho alergia a detergente e... - comecei a justificar, mas a verdade era que eu ja estava acomodada a ter a Alta Gracia por perto.
- Sei... - Mariana falou com um sorriso debochado, enquanto isso lavava meu prato, talhes e copo.
- Obrigada. - sorri em agradecimento, permanecia de pé ao lado dela.
Ficamos em silêncio, eu observava carinhosamente Mariana lavar a louça, perdi o foco e quando me dei conta estava prestando atenção em seus lábios, não podia deixar de observar eles, eu acho que eu os desejava.
- Existem detergentes orgânicos, eles agridem menos a natureza e além disso diminuem essas alergias na pele porque possuem o ph ideal. - Mariana quebrou o silêncio falando sobre produtos orgânicos, achava tão fofo quando ela demonstrava essa preocupação com o ecossistema... Eu a admirava.
- Sempre deixo essa parte com a Alta Gracia e também não posso culpa-la porque sou clara sobre pegar o mais barato. - respondi.
- Às vezes a economia pode ser maior com alguns produtos, pois além de não causarem essas alergias, eles fazem mais espuma, rendem mais e... - Mariana argumentou.
- Mariana você sempre tem resposta para tudo? - falei sorrindo.
- Eu??? - Mariana notou e ficou confusa.
- Posso te fazer uma pergunta? - comecei a usar um tom provocativo.
- Pode, acho que pode... - ela respondeu desconfiada pelo meu tom.
- O que você ia fazer agora? - tomei coragem, num só impulso desencostei da bancada e me aproximei dela séria.
- E-e-eu .... - ela gaguejou nervosa e olhou para os meus lábios.
- Não ia falar sobre detergentes orgânicos, certo? - mantive o impulso e me aproximei mais ainda dela abraçando-a contra a pia, ela tremia de nervoso, eu também, mas não deixei transparecer. Passei a mão no seu cabelo, tirando alguns fios do rosto, ela sorriu nervosa, mas não se moveu, tinha uma mecha insistente que estava na frente dos seus olhos e coloquei atrás da sua orelha. Ambas sorrimos, estavamos nervosas, mas firmes, não recuamos, nos aproximamos ensaiando um beijo e quando nossos lábios estavam a milímetros de se encostarem, fomos interrompidas pela Cecília que apareceu na cozinha.
- Desculpa! Não... Quer dizer, podem continuar, não vi nada! - ela comentou sem graça, protegendo os olhos com as mãos, tentando recuar. Eu dei um pulo para trás recobrando a consciência e me assustei com o que eu ia fazer, Mariana permaneceu apoiada na pia, ela estava constrangida.
- Filha! Você está aqui a muito tempo? - me aproximei dela.
- Não, acabei de chegar, mas ja estou subindo... - Ceci respondeu com timidez.
- Ceci, senta aqui. Vamos conversar... - Mariana que até então estava em silêncio, chamou ela para sentar na bancada da cozinha. Eu fiquei confusa, não sabia o que Mariana iria falar, ainda havíamos combinado as versões.
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O Improvável
FanfictionVamos continuar do momento em que Ana e Mariana se beijaram? Há de se convir que um beijo, sempre é um beijo, principalmente quando envolvem energia e sentimentos ja enraizados anteriormente. Um beijo pode abrir novas possibilidades e com isso traze...