O Improvável

Sentimentos

Pov
Mariana

Fomos almoçar em um restaurante próximo ao escritório, não poderíamos ficar por muito tempo ausentes, pois tinhamos uma reunião remota as duas da tarde e para isso precisavamos estar no escritório.
Sentamos em uma mesa mais reservada e fizemos o pedido. Assim que o garçom saiu, Ana logo falou comigo:

- Agora me fala, porquê estava me atingindo lá no escritório? - ela estava inquieta.

- Na-na-não estava te atingindo. - gaguejei querendo desconversar.

- Mariana, vamos lá, não enrola. Você mesma admitiu que estava fazendo isso.- Ana insistiu.

- Ok, eu estou magoada com você. - resolvi falar.

- Magoada?! Mas porque... - Ana franziu a testa preocupada e pegou na minha mão. Eu imediatamente tirei a mão, não estava me sentindo a vontade com o toque dela.

- Ontem você foi muito dura com suas palavras, me humilhou.

- Mariana, eu tinha que deixar às coisas claras para não nos machucarmos.

- Tudo bem, eu só acho que não precisava fazer isso, foi humilhante.

- Quero que entenda meu lado, eu me senti obrigada a agir daquele jeito, me preocupo por se apaixonar de novo, eu não posso corresponder aos seus sentimentos desse jeito.

- Ok, vou deixar uma coisa muito clara para você. Eu não gosto de você desse jeito Ana, não existe risco de me "apaixonar" já que essa é sua preocupação.- falei desviando o olhar, não poderia encara-la.

- Mas e-e-eu senti...- Ana gaguejou confusa, parecia estar surpresa.

- Sentiu errado, eu tenho sido mais gentil pois nossa amizade têm crescido bastante. Mas talvez você esteja confundindo as coisas.

- Tem certeza disso que está falando? É que nossos beijos...

- O que tem os beijos? - pressionei a Ana.

- Eu desisto. - ela respondeu um tanto irritada.

- Ana, eu te amo, mas apenas como uma amiga. Os beijos e os carinhos são sim reais, mas são de amizade, para podermos prosseguir com nossa farsa. Pela nossa amizade. - tentei ser o mais convincente possível.

- Ok... - Ana não parecia chateada.

- Para falar a verdade, estou me apaixonando por outra pessoa.

- Como? Tão rápido assim? Até ontem estava com o Ferrán. - Ana estava incrédula.

- Eu sei, mas não tinha me dado conta de algo que estava acontecendo aqui dentro. - coloquei a mão no meu peito.

- Eu conheço? - Ana indagou curiosa.
- Sim, sim, é alguém que faz parte do meu passado.

- Quem? Quem é? - Ana estava no limite da curiosidade, tentando disfarçar algum tipo de frustração.

- A Elena. Estamos morando juntas e muitas coisas afloraram nos últimos dias...

- Uau! Isso, isso... É... Uau! Então pressuponho que foi por isso que contou para ela sobre a farsa. - Ana estava forçando uma espécie de reação eufórica. Mas parecia claramente frustrada.

- Sim, evidente. Eu não poderia deixar de abrir para ela, moramos juntas. - respondi confiante.

- E, e e... Vocês já estão... É....- Ana estava se enrolando para falar.

- Engasgou? - brinquei.

- Estão ficando? Estão juntas? - Ana comentou com o olhar perdido.

- Ainda não. Não tive coragem de falar sobre meus sentimentos para ela. Ela ficou muito magoada desde o nosso término e tenho medo de magoa-la. Além do mais estamos envolvidas na farsa, teria que ser tudo escondido, não sei se a Elena iria gostar disso...