Sócia Majoritária

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Pov
Mariana

Acordei com meu telefone vibrando, olhei no identificador, era a Ana, não atendi, olhei para a hora, passavam das nove da manhã. Arregalei os olhos, já era para eu estar no escritório. Procurei pela Regina que dormia no berço ao lado da cama e ela não estava. Geralmente eu não era de perder a hora justamente porque ela me acordava bem cedo. Levantei da cama em um pulo, nervosa, procurando pela Regina e quando cheguei na sala respirei aliviada, ela estava no colo da Elena.

- Amiga! Que susto! Acordei e não encontrei a Regina...

- Vi que ela estava acordada e você "desmaiada", então resolvi pegar ela para você descansar um pouco mais.

- Obrigada... Estava bem cansada, mas odeio perder a hora, já era para eu estar no escritório, Ana me ligou várias vezes. - falei apressada.

- Calma... Toma seu café. Afinal você é a sócia majoritária do aplicativo, pode chegar mais tarde.

- Do que você está falando?

- Ué? Ana não te passou a documentação de posse da parte dela no aplicativo?

- Onde quer chegar com isso Elena? - indaguei desconfiada.

- Senta, toma seu café devagar que ja tenho um plano... - obedeci a Elena e conversamos sobre seu plano, que a princípio achei uma loucura, mas pode ser que tenha algum tipo de embasamento. Terminei de me arrumar, peguei a Regina e fui para o trabalho. Antes de chegar no trabalho deixei Regina na creche, o Ferrán havia desativado a creche na empresa pois segundo ele, estava dando despesas, então ao invés disso, ele oferece aos clientes com filhos pequenos que alugam salas no co-working, um desconto na mensalidade que chama de "desconto creche". Ele é um babaca se pensa que vou voltar com ele, ainda mais depois de tudo que aconteceu, não é de hoje que têm agido como se fosse uma criança e odeio pessoas imaturas. Depois de deixar Regina na creche liguei para o outro imaturo do pedaço, Pablo que deveria buscar Regina hoje na escola e eu precisava reforçar isso para ele já que vivia esquecendo, ou trocando as datas por conta própria.

- Oi Pablo, só para te lembrar que esse final de semana é seu com a Regina. Precisa buscar ela na creche hoje.

- Ué?! Achei que tinhamos combinado no próximo, lembra que falei que era aniversário da minha mãe?

- O acordo por hora é alternamos os finais de semana, lembra? A cada quinze dias ela fica com você. Semana passada foi comigo.

- Que foi? Tem planos com a namoradinha e quer "desovar" a "pinguizinha" comigo???

- É impossível manter um diálogo com você! - desliguei o telefone na cara dele, assim que o fiz o telefone tornou a tocar, atendi sem olhar para o identificador, provavelmente era ele.

- Se você não quer ficar com sua filha não se preocupe! Eu e a minha "namorada" ficamos com ela, vamos fazer um lindo passeio romântico! - falei exaltada.

- Mariana?! Com quem está falando? - era a Ana, olhei para o identificador e gelei.

- Desculpa, achei que fosse o Pablo.- respondi mantendo a postura na voz.

- Mas o que você.... Quer saber, deixa para lá, preciso de você agora no escritório. Ja viu a hora?

- Sim, estou um pouco atrasada.

- Aconteceu alguma coisa com a Regina? - Ana indagou preocupada.

- Não, está tudo bem, ela está bem, já estou chegando. - eu estava magoada e me apropriei de um tom seco para me dirigir a ela.

- Ótimo, porque temos uma reunião com os investidores em meia hora.
- ela não ficou atrás na rispidez falou sem floreios e desligou telefone. Sempre tão imponente, pensei. Ela está agindo com rispidez desde ontem, parece que voltamos a estaca zero. Quer dizer, estavamos consolidando uma amizade, minha vida estava indo bem, daí depois que ela veio com a história da farsa, tudo virou de cabeça para baixo. Principalmente depois daquele beijo, no momento em que nos olhamos após o beijo, eu senti uma conexão especial com ela. Como ela poderia estar atuando? E-e-eu jamais conseguiria atuar tão bem assim. Nesse mesmo beijo, assim que ela tocou meus lábios notei que ela havia esquecido da atuação, ela se entregou ao momento e quando pediu de forma ligeira a passagem com a língua, tinha quase a certeza de que ela estava sim gostando. Meus sentimentos amorosos pela Ana nunca haviam acabado, eu apenas os deixei decantados no fundo do meu coração e bastou um beijo, um carinho para que tudo viesse a tona. Agora quando eu a vejo sinto aquele frio na barriga estranho, meu corpo inteiro gela por dentro e fico desengonçada. Quase impossível de disfarçar.
Cheguei no escritório apressada, entrei na sala e coloquei a bolsa na cadeira. Não encontrei a Ana, então saí para procura-la, acabei a encontrando na sala de reunião, ela estava com a Marcela, estavam a vontade, conversavam e riam juntas. Bati no batente da divisória para chamar a atenção das duas, Ana que estava de costas para a porta, virou para mim, sorriu e falou:

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