Dormindo com minha amiga

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Pov
Ana

Mariana me olhou confusa, nossos rostos ficaram próximos.

- Não tem necessidade, posso dormir lá na cama da babá como ja fiz várias vezes... - ela desviou o olhar sem graça.

- Se precisamos convencer às pessoas de um possível relacionamento, não vai ser com você dormindo em outro quarto. - fui enfática.

- Achei que fossemos desmentir.

- Não falei isso, o que disse era que iria pensar em um plano.

- Você vai querer sustentar a mentira então?! - Mariana indagou.

- Preciso pensar Mariana.

- Você está confusa Ana! Mas tudo bem... - Mariana comentou conformada.

- Ótimo, não vai ser a primeira vez que durmo com uma amiga, não tem nada demais. - pensei em voz alta, estava nervosa dm dividir a cama com a Mariana depois do que aconteceu.

- O que quis dizer com isso? - Mariana indagou confusa.

- Nada, é que você é minha amiga e vamos dormir na mesma cama e...

- Ana, você está confusa E estranha... Vou ali no banheiro me trocar para deitar. - Mariana falou com um sorriso nervoso, pegou a bolsa e foi na suíte trocar de roupa.

Eu estava claramente nervosa, travando um conflito interno. Havia feito uma descoberta naquele dia; Beijar a Mariana tinha sido bom.

Toquei em meus lábios, fechei os olhos e relembrei o momento, senti frio na barriga e me peguei sorrindo.

Recuperei a postura e fui no armário buscar roupa de cama para Mariana, não iríamos dividir a mesma coberta.

Logo em seguida, Mariana saiu do banheiro e quando olhei para ela, parecia que o mundo estava em câmera lenta, ela vestia um baby doll de seda super sensual, seu corpo era tão torneado, acho que estava me sentindo atraída por ela... Talvez eu tenha me entregue de novo com a boca aberta e o olhar perdido em seu corpo. Sei disso, pois Mariana curvou o corpo e corou. Notei e então falei sem graça:

- Peguei essas cobertas para você, a noite vai esfriar... - falei preocupada e tímida ao mesmo tempo.

- Obrigada. - ela agradeceu com um sorriso malicioso, sera que eu estava dando tanta bandeira assim, precisava vigiar minhas reações.

- Pode ficar a vontade... Se quiser ler ou mexer no celular é só acender o abajur do seu lado. Não ligo... - fui até o interruptor do quarto e apaguei as luzes principais.

Ficaram acesas apenas as luzes dos respectivos abajures. Em seguida me dirigi até a cama e deitei. Mariana deitou também ao meu lado.

Era evidente que estavamos constrangidas, um pouco sem jeito, estar assim depois de um beijo era íntimo, mesmo que não tivéssemos nada, nossa amizade nunca havia chegado neste patamar de dormirmos juntas na mesma cama. 

Notei que ela ficou um tempo olhando para cima, coberta, parecia estar com os pensamentos longe. Para descontrair um pouco a tensão daquele momento, peguei meu celular e fiquei mexendo, acabei me distraindo lendo um artigo sobre o mercado financeiro.

Quando me dei conta, olhei para o lado e Mariana havia dormido, ela devia estar bem cansada, tanto que dormiu de barriga para cima mesmo, nem  mesmo tocou no celular.

Juan costumava fazer a mesma coisa, dormia muito rápido, e eu sempre fiquei acordada até muito tarde ora lendo, ora trabalhando.

Bom, pelo menos ela estava a vontade. Provavelmente eu era a única a sentir algo com o beijo, ela parecia agir tão natural...

Virei de lado e fiquei de frente para ela, estava tão serena, tão bonita, seu colo estava a mostra, aquilo me deixava inquieta, senti meu corpo esquentar e para esfriar um pouco as emoções, resolvi virar para o lado oposto.

Precisava desvendar o que se passava comigo, será que era carência? Ou estava me apaixonando pela minha sócia, minha melhor amiga? Eu era bissexual? Ou era só com a Mariana? Queria entender, queria me auto descobrir...

Acabei adormecendo, acordei cedo com a Mariana me chamando. Estavam batendo na porta. Eram as crianças. Escutei a voz da Cecília ressoando através da porta:

- Mãe, você não vai descer?! - olhei para Mariana que estava confusa e com os olhos arregalados. Eu estava sem ação, não sabia se queria que vissem Mariana ali no quarto.

- Já estou indo!!! - respondi com um grito tão alto que Mariana tapou os ouvidos.

- Rodrigo tem prova agora de manhã, não demora! - Ceci devolveu o grito.

- Ok, ja estou descendo! - outro grito, queria afastar eles da porta do quarto e achei que estava conseguindo, até que a Ceci falou:

- Mariana está aí com você??? - Ceci gritou eu arregalei os olhos, como eles teriam descoberto...

- Porquê??? - gritei.

- A Regina está aqui!!! - Ceci gritou.

- O que eu falo? - falei quase que em um sussurro e olhei para Mariana nervosa.

- Estou Ceci, estou aqui com sua mãe, já estamos descendo!!! - Mariana resolveu responder em forma de grito.

- Ta bom! Vamos Rô, elas já vão descer... - Cecília falou em voz alta. Eu e Mariana nos olhamos e caímos na gargalhada.

- Ana, o que você esperava? - Mariana falou rindo.

- Pois é! Como eles não suspeitariam???

- São espertos. Por isso mencionei sobre dormir no quarto das meninas...

- Agora é tarde... Mas tomei uma decisão essa noite.

- Qual?!

- Vamos manter isso...Começamos, vamos até o final. - afirmei decidida.

- Certo, sabe que estou com você. - Mariana sorriu e tocou na minha mão. Eu tremi por dentro, sorri nervosa e falei:

- Eu sei... Cheguei a conclusão que vai ser difícil de todo jeito, mas pelo menos desse ficamos juntas e ainda podemos lutar para ficarmos mais tempo com as meninas.

- Essa era a idéia inicial, certo?

- Como você vai fazer com o Ferrán?

- Vou terminar com ele. - Mariana comentou cabisbaixa.

- É mesmo necessário? A gente vai manter a mentira por um tempo apenas... Você poderia ir levando com ele de algum jeito pelo menos até a audiência. - falei isso por fora, mas la dentro eu estava corroendo de ciúmes, não gostava de ver o Ferrán com a Mariana, ele monopolizava o tempo dela.

- Enquanto estivermos sustentando essa história, vou terminar sim. Não sou assim Ana. Além do mais, ele mesmo está decepcionado comigo, nem me deixou explicar nada, se sente enganado, traído.

- Sinto muito por isso, sei que gosta dele... - claro que por um momento, lá dentro senti uma estranha felicidade. Mas quando notei que ela realmente havia ficado triste, tive empatia e acariciei a mão da Mariana.

Nos encaramos, foi uma encarada intensa, tão intenso que criou uma espécie de clima e ela fez menção de me beijar, aproximou tanto seu rosto do meu que senti sua respiração. Entrei em pânico, não sabia o que fazer, então levantei da cama tropeçando nos lençóis, Mariana caiu quase que de queixo no colchão. Ficamos ambas desconcertadas.

- E-eu preciso me trocar, Rodrigo tem prova hoje... - Falei correndo para o banheiro, Mariana ficou na cama. Me senti a pior das pessoas, eu entrei de fato em pânico e não soube como agir...

Me troquei e desci para tomar café com as crianças, Mariana ainda ficou um tempo no quarto e logo depois encontrou a gente na cozinha.

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