Farsa em Camadas

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Pov
Ana

Entrei no táxi e dei o endereço de casa. No caminho fiquei pensando nas coisas que a Julieta falou e estava chegando a conclusão de que a partir de agora se eu quisesse me envolver com a Mariana, dependeria apenas de mim. Recostei a cabeça no banco do táxi, estava perdida em meus pensamentos, não estava sóbria, tudo girava, acho que exagerei nas tequilas.

- Senhora, chegamos. - o taxista olhou para trás.

- Oi? - respondi distraída.

- Chegamos na sua casa.

- Mas aqui não é minha casa... - olhei para fora confusa.

- É esse endereço que a senhora me deu. - o taxista insistiu impaciente, verifiquei o valor da corrida e paguei. Olhei mais uma vez para fora do carro e era o prédio que a Mariana estava morando. Só havia ido ali uma vez, mas o endereço parece ter ficado gravado no meu subconsciente.

- A senhora não vai sair?! - o taxista estava muito impaciente. Eu deveria passar o endereço da minha casa, mas meu subconsciente me levou até ali e eu pressenti que deveria respeitar esse impulso, então abri a porta e saí do táxi. O motorista estava mal humorado e "arrancou" com o carro.

Agora não me restava saída, caminhei até o interfone e com dificuldade pela bebedeira consegui digitar o número do apartamento, sinceramente também não sei como acertei o número, devia estar no subconsciente. Ninguém atendia, cheguei a desconfiar que tinha errado, depois de algumas tentativas insistentes já estava prestes a desistir quando finalmente atenderam:

- Oi, pois não? - uma voz desconfiada ressoou pelo interfone, não era a Mariana então imaginei que fosse a Elena.

- Posso falar com a Mariana?

- Ana?! É você?

- Sim, sim. Você pode abrir a porta? Preciso falar com a Mariana...

- Você viu que horas são? Ela está dormindo.

- Perdão! Perdão... Não tinha pensado nisso. Volto outra hora... - a rua estava deserta, não devia ter dispensado o táxi, peguei o celular para tentar chamar um táxi ou Uber, mas a bateria tinha descarregado por completo.

- Você quer subir? - Elena perguntou.

- Vocês não teriam um carregador? - a porta abriu e eu respirei aliviada. Subi as escadas trocando as pernas, quase caí entre os degraus. Cheguei até o apartamento e Mariana estava na porta franzindo a testa e de braços cruzados.

- Mariana! Que bom te encontrar... - andei até ela e praticamente me joguei aliviada.

- O que esta... Ei! Calma... Você bebeu??? - Mariana falou enquanto eu caía em cima dela e ela tentava equilibrar meu corpo.

- Eu me enganei com endereço, acredita??? Não sei dar meu próprio endereço para o motorista.

- Você comeu algo??? Bebeu de estômago vazio? - Mariana ficava muito fofa preocupada comigo.

- Não lembro de ter comido...

- Vem, vamos sentar. Elena, pega alguma coisa para ela na cozinha. - Mariana me levou até o sofá e sentei praticamente esparramada.

- Obrigada! Mariana, eu acho que preciso te falar uma coisa... Mas não queria que ela ficasse aqui olhando para a gente. - encarei a Elena que trazia um copo de leite e alguns biscoitos para me entregar.

Mariana e Elena se olharam confusas, certamente estreguei a noite das duas, pensei com satisfação.

- Ok, vou deitar, qualquer coisa me chama. - Elena retribuiu minha encarada, eu revirei os olhos e bufei.

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