O Improvável

Julieta

Ana
Pov

Estava devastada por dentro, não poderia imaginar que Mariana estivesse gostando de outra pessoa. De novo isso, primeiro o Ferrán, agora a Elena. Mas não, com ela eu não poderia "competir", as duas já tiveram uma história juntas, elas se amam. Meu coração estava inquieto e em mil pedaços, me sentia derrotada. Pensei em desmarcar com a Marcela, não fazia mais sentido ir a esse bar, na verdade nunca fez.

Em contrapartida se eu fosse para casa agora, teria que enfrentar meus filhos cheios de perguntas e talvez até o Juan que andava "acampando" por lá.

Eu não tinha o costume de beber, mas acho que hoje eu precisava disso...
Cheguei no bar, estacionei o carro e entrei a procura da Marcela, lá dentro estava bem animado. Já não me lembro mais como é "agitar" em um lugar assim.

Logo que passei pela porta fui recebida pela Marcela que estava acompanhada pela tal prima, uma moça um tanto quanto icônica, cabeça raspada nas laterais com um topete colorido na cor pink, alta, magra, vestia um top preto deixando seu abdômen bem definido à mostra e calças largas com correntes, apesar de estilosa, exageradamente estereotipada. Fumava um cigarro desses  especiais.

- Querida! Que bom que veio, achei que fosse desistir... - Marcela me abordou com um abraço.

- Você me conhece, não sou de desistir.

- Essa é a Gloria. - Marcela me apresentou à sua prima.

- Prazer Glória! - apertei a mão da moça.

- O prazer é meu gata! - a prima da Marcela respondeu ao cumprimento e me secou de cima a baixo, fiquei tímida mas mantive a postura.

- Vamos beber, hoje é a noite das garotas!!! - Marcela gritou animadíssima.

Observei o local, muitas mulheres todas lindas, divertidas e até que me animei. Eu e Marcela fomos até o bar, Glória se "perdeu" pelo caminho com alguma paquera, ela era atirada, bem mais jovem também. Pedimos duas tequilas para começar.

- É amiga... Cá estamos nós num bar gay, A nós!!! - Marcela falou brindando e viramos a tequila de uma só vez.

- Se me falasse disso há dois anos atrás, eu ia te chamar de louca. - falei brincando.

- Ha dois anos atrás você estava grávida e também não conhecia a Mariana. - Marcela comentou.

- Pois é... - respondi pensativa e pedi mais um shot: - Outra garçom!

- Hoje fiquei curiosa la nos escritório, vocês duas estavam muito conflituosas, a energia não estava legal. - Marcela comentou confusa.

- Mariana não está agindo como antes. Mas isso é tudo minha culpa, eu estou confusa e com um comportamento completamente imaturo. - respondi desanimada.

- O tal beijo mudou tudo não? - Marcela indagou.

- Eu achava que sim, mas adivinha?!

- O que???

- Ela esta apaixonada por outra pessoa! Que sorte a minha... - comentei com tom de ironia e virei outro shot de tequila. Nesse momento senti tudo girar, não estou acostumada beber assim já tinham ido três e o garçom continuava a me servir.

- Vai com calma querida. - Marcela piscou para que o garçom desse uma pausa.

- Talvez eu precise deixar o carro por aqui... - comentei levemente bêbada.

- Sem dúvidas que vai, vem, vamos mexer o esqueleto. - Marcela me puxou pelo braço e fomos para a pista de dança.

Eu comecei a dançar de olhos fechados, me entreguei àquele momento, queria extravasar minha energia e me conectar com o espaço. Senti alguém pegando pela minha cintura, abri o olho assustada, era uma mulher, procurei Marcela, não sabia como reagir, avistei ela um pouco afastada, nos olhamos e ela fez um sinal de positivo, então tomei coragem e resolvi virar e olhar para a mulher que praticamente me abraçava por trás.