Capítulo 7: Foi adotado

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(Emily)

18h:00min – Sexta

Hoje o dia está cansativo e um tanto interessante.

Ao que parece o vídeo que eu havia feito com o Bento, um fox terrier, que estamos tratando há 6 meses por conta de uma paralisia de coluna, tinha viralizado no instagram da clínica.

O fato do cachorrinho ter chego para nós por causa de um pós cirúrgico de hérnia de disco em região final de coluna, sem sequer andar, com o prognóstico do ortopedista completamente negativo, nos desanimou bastante na época.

O ortopedista deu toda a certeza do mundo que não importava o que pudéssemos fazer ao tentar reabilitá-lo. O animal não voltaria a sentir dor profunda e nem a superficial, portanto, não conseguiríamos fazer ele andar, mesmo que através do andar medular.

Tanto eu quanto a Sueli investimos pesado no tratamento do Bento e os tutores foram essenciais em todo o processo de tratamento. Eles animavam o cachorrinho, eram positivos e esperançosos.

Acreditavam realmente nas chances, por menores que fossem. Os tutores seguiam à risca tudo o que passávamos para casa.

Seja exercícios para estimulação, seja a mudança de decúbito para evitar escaras, seja mudar o piso, seja mudar a altura dos potes de comida, qualquer coisa que sugeríamos para aprimorar o tratamento, eles faziam com gosto e com muito amor.

Eles disponibilizavam o tempo deles para poder dar qualidade de vida pro cãozinho e o melhor de tudo, até a cadeira de rodas eles compraram de uma empresa do Rio Grande do Sul.

Foi a melhor aquisição que poderiam ter feito. Ajudou demais no tratamento e no progresso com o Bento.

O vídeo que postei da evolução dele foi um sucesso porque conseguimos o que o ortopedista dizia ser impossível.

Conseguimos fazer o Bento dar os seus primeiros passos sem a ajuda da cadeira de rodas e sem a nossa assistência. E, isso motivou outras pessoas a trazerem seus animais para nós.

Estamos com novos pacientes na clínica por conta disso e estamos com novos estagiários também, o movimento da clínica nunca esteve tão grande como agora.

Mas, não estou reclamando, porque apesar de exaustivo, é ótimo!

Estava agachada observando o Merlin caminhar na hidroesteira quando notei alguém se agachar ao meu lado. Reconheci o cheiro do perfume na mesma hora, não precisei nem olhar para o lado para saber que se tratava do Victor.

— Estou impressionado com ele, nem parece que a primeira vez do São Bernardo nessa esteira te resultou em um belo banho. — Victor comentou com diversão.

— Aquele dia foi trágico mesmo. Parecia um tsunami vindo pra cima de mim. — ri baixinho, arrancando uma gargalhada também da tutora que estava sentada na frente da esteira, dando alguns petisco para o Merlin.

— Ele progrediu bastante, né? — Victor analisou o porte físico do animal a nossa frente e virou-se totalmente pra mim. — Lembro que ele chegou com uma perda de massa muscular acentuada no coxal.

— Os exercícios na grama, na prancha e aqui... — aponto para a hidro. — Tem fortalecido bastante, daqui um tempinho, se ele mantiver essa evolução podemos até pensar em espaçar as sessões.

— Pra ele que odeia entrar na água, vai ser maravilhoso! — assenti para o Victor com um pequeno sorriso. Volto meu olhar para o tempo, já está quase chegando aos 15 minutos, seu tempo máximo. — Ele é o último do dia?

Mentalmente conto todos os pacientes que tive no dia, tendo a certeza de que não esqueci de nenhum quando contabilizei os treze.

— Pra fechar com chave de ouro! — pisquei pro meu amigo e me aproximei do temporizador, diminuindo a velocidade do aparelho até parar por completo. — Aliás, que milagre te trouxe até aqui? — questionei enquanto colocava a toalha que a tutora me passou sobre o meu ombro.

A irmã erradaOnde histórias criam vida. Descubra agora