Capítulo 30: Safado? Eu?

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(Emily)

07h:42min – Domingo

Quando o Tony sugeriu que fôssemos para Búzios, eu jamais pensei que ele me acordaria as 4h:30min da manhã pra isso.

Se eu fosse o tipo de pessoa que fica mal humorada por acordar cedo ou por dormir mal, esse nosso bate e volta seria um porre só.

Graças a Deus o meu astral estava em dia. Eu estava elétrica, apesar de ter dormido pouco.

Não foi nem por conta da ansiedade de sair com ele para um lugar diferente, acho que foi por ficar mentalizando que o dia fosse excelente.

Que o clima colaborasse com a gente, que um céu azulado e ensolarado fizesse do nosso dia maravilhoso.

Além de passarmos a maior parte do tempo conversando, cantando, passamos alguns comendo algumas coisinhas que eu trouxe.

Como o Tony não queria tirar o foco da estrada, eu ia dando tudo o que ele queria na boca dele. Até brinquei que, ele deveria ter o apelido de bebê depois dessa e não eu, como a Mel insiste em me chamar há anos.

Embora ele estivesse concentrado na via, embora ele segurasse firmemente o volante... As vezes, quando eu me distraia com a paisagem, com algum carro diferente que passava por nós, o Tony descansava a mão na minha perna.

Ele intercalava entre o meu joelho e a minha coxa, visto que, eu estava de shorts.

O toque, mesmo que sutil, fazia meu estômago dar cambalhotas. Fazia o meu coração pulsar e, quando o Tony deslizava despreocupadamente as pontas dos dedos pela minha perna descoberta, principalmente pela parte interna da minha coxa; fazia um lugarzinho específico latejar.

— Sabe, meu anjinho... — voltei o meu olhar para ele e sorri ao ver o sorriso fofo aparecer em seu rosto. — Possivelmente essa será a primeira viagem tranquila que eu faço em anos. Sem preocupações, sem cobranças, sem ter os olhos dos curiosos inteiramente em mim por... Você sabe. — Tony diz baixinho.

Namorar a minha irmã não deve ter sido fácil por inúmeros motivos, um deles é não ter o anonimato. Apesar dos O'Connell serem conhecidos, serem visados; com a relação do Tony com uma modelo em ascensão, tudo se intensificou...

— Eu nunca gostei disso. Dessa atenção toda. Sempre prezei pela minha privacidade, principalmente em relações. As vezes eu me sentia sufocado e pressionado, faz sentido? — ele murmurou baixinho, parecendo inseguro.

— Pra quem não tem esse costume, pra quem não gosta, de fato é desconfortável. Então sim, eu te entendo completamente. — ri baixinho e ele olhou rapidamente pra mim. — Minha mãe é a rainha dos holofotes, esqueceu? — arqueei a sobrancelha e ele abriu um sorrisinho cumplice. — Todos sabem que quando ela aparece, é com o intuito de causar. E, nem sempre é com boa intenção e por uma boa razão.

— É pra alimentar o próprio ego. — Tony completou ao virar o rosto para o volante. — Como você nasceu dela? Eu juro que eu não entendo... Você não tem nada dela, no quesito personalidade.

— Eu adoraria ter uma resposta pra isso, mas não tenho. Já pensei inúmeras vezes a respeito disso, só que não cheguei em conclusão nenhuma. Talvez eu só tenha puxado tudo do meu pai, o que é um alivio tremendo, admito. — digo aliviada.

— Me lembre de agradecer o Otto por ter contribuído para que você se tornasse esse mulherão da porra, foda pra caralho.

— Então quer dizer que eu sou foda pra caralho? — digo bem humorada.

— Olha, isso é apenas uma das coisas que eu acho a seu respeito, se eu listar todas as outras, ficaríamos tendo essa conversa pela eternidade.

— Que exagerado! — dou uma risadinha.

A irmã erradaOnde histórias criam vida. Descubra agora